Enquanto aqui no Brasil temos sugestões de estoque vento e petições para o fim do comércio eletrônico, nos EUA a brincadeira não fica muito atrás. Depois de um dos candidatos à presidência norte-americana ter dito que queria falar com Bill Gates para fechar a web, a potência internacional parece ter ganhado um episódio digno das nossas tradicionais “piadas de português”: uma cidade interiorana de pouco mais de 800 habitantes decidiu negar a instalação de painéis solares por medo que o equipamento “sugue” a energia do Sol.
Mesmo que a Carolina do Norte seja o quarto estado do país em termos de produção dessa energia limpa, o povoado de Woodland não vê com bons olhos a presença desse tipo de tecnologia por lá. Como o local possui uma faixa de terra de tamanho considerável e propícia para receber os equipamentos de captação, a Strata Solar – companhia especializada na instalação de painéis e manutenção de fazendas solares – resolveu propor que a cidade abrigasse mais uma de suas centrais na região.
Ainda que o local já abrigue um empreendimento desse tipo – com outros dois já tendo sua implementação autorizada para o futuro –, desta vez a “bruxaria tecnológica” parece ter incomodado o povo, que não recebeu muito bem a notícia e pressionou a câmara municipal a tomar medidas duras contra a proposta. Segundo o jornal Roanoke-Chowan News-Herald, a responsável por encabeçar a trupe de cidadãos contrários ao negócio foi Jane Mann, que, surpreendentemente, é uma professora de ciências aposentada.
A ex-educadora afirmou estar preocupada com o fato de os painéis solares poderem impedir as plantas da área de crescerem por tomarem para si a luz do Sol – teoricamente impedindo as pobrezinhas de realizarem a sua fotossíntese. Acredite, a “excêntrica” norte-americana não ficou apenas nisso e levantou outras acusações nada pertinentes. Ela teria dito aos integrantes da assembleia que o equipamento poderia afetar a saúde das pessoas, uma vez que ninguém poderia garantir que “os painéis solares não poderiam causar câncer”.
Não foi desta vez (nem da próxima)
Interessado em resolver possíveis problemas ou dúvidas dos locais a respeito da reserva das terras próximas à Highway 258 para a criação de uma fazenda solar, Brent Niemann, representante da Strata Solar, tentou explicar a situação. “Os painéis não puxam nenhuma luz do Sol adicional”, garantiu, dizendo ainda que a única luz usada era a que fosse incidida diretamente nos sensores dos dispositivos. Ele ainda afirmou que não haveria resíduos tóxicos e que a “tecnologia é verdadeira e testada ostensivamente”.
O discurso de Niemann, porém, não parece ter amaciado a população ou os políticos de Woodland, já que a sessão presidida pelo prefeito Kenneth Manual decidiu pelo veto do pedido por 3 votos contra 1, impedindo a desapropriação do terreno. Como se isso não fosse o bastante, o conselho também decidiu não permitir que outros projetos semelhantes sejam implementados no local no futuro – acabando com a esperança da companhia de energia em aproveitar os recursos naturais que podem ser captados, sem prejuízo, no local.
Se esse medo de gastar o Sol se espalhar pelos EUA, é melhor a Google repensar seu Project Sunroof, já que a iniciativa visa gerar energia limpa com a instalação de telhas fotovoltaicas nas regiões mais banhadas a luz solar. A decisão tomada pela comunidade da cidadezinha na Carolina do Norte vai também contra a tendência mundial das grandes nações em reduzir o gasto de soluções energéticas mais tradicionais – como o combustível fóssil – e investir em alternativas sustentáveis e viáveis para a substituição. E você, já chegou a gastar o Sol?
Acredita que em pleno 2015 há pessoas que acreditam que painéis solares gastam a luz do Sol? Comente no Fórum do TecMundo!
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