Os roubos de celulares têm se tornado muito frequentes, especialmente nas grandes cidades. Isso tem feito com que muita gente separe um aparelho para ser o "celular do ladrão" – que será entregue em casos de assalto ou para ser usado em espaço público
Muitas vezes, o dispositivo é mais antigo e a pessoa passa a usar quando sai e não quer colocar seu smartphone novinho em risco. Há também uma estratégia diferente, que envolve comprar um celular novo para utilizar para fins convencionais (como acessar redes sociais, jogos, fotos, etc.), enquanto se coloca lá uma conta de banco digital com pouco dinheiro.
Enquanto isso, a pessoa deixa em casa um smartphone mais antigo que guarda os seus aplicativos de banco oficiais, com a sua reserva financeira mais robusta. Mas será que essas duas estratégias valem a pena?
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Vale a pena usar dois celulares?
Em 2023, de acordo com a ANATEL, havia mais celulares do que pessoas no Brasil. (Fonte: GettyImages / Reprodução)Fonte: GettyImages / Reprodução
A prática de usar dois celulares com funcionalidades diferentes não é exatamente nova. De acordo com a ANATEL, em abril de 2023, o Brasil tinha cerca de 251,1 milhões de celulares em atividade.
Mas, de acordo com o IBGE, a população brasileira neste mesmo ano era de aproximadamente 203 milhões de pessoas. Isso significa que havia 48,1 milhões de aparelhos a mais do que o total da população do país.
Infere-se então que muitos possuem dois celulares ao mesmo tempo, o que pode trazer facilidades e dificuldades para o usuário. O desafio também se coloca às instituições financeiras, que precisam adaptar suas interfaces para que elas sejam compatíveis e funcionais para os sistemas Android e iOS dos mais diversos modelos de smartphones.
Nesse cenário da divisão entre dois aparelhos aparece ainda a necessidade de seguir usando dispositivos mais antigos. Dados publicados pelo Google na Android Platform em outubro de 2023 mostram que 40,2% das pessoas ainda utilizam o Android na versão 10 – que foi lançada em novembro de 2019, ou mesmo versões inferiores. Ou seja, muitos usuários ainda seguem fazendo uso de celulares com mais de cinco anos.
O desafio dos aplicativos de bancos virtuais em smartphones antigos
Os bancos digitais precisam enfrentar hoje o desafio do Old First. (Fonte: GettyImages / Reprodução)Fonte: GettyImages / Reprodução
Essa prática tem se tornado tão corriqueira que gerou até um termo, chamado Old First (em oposição à premissa do Mobile First), que significa priorizar a adaptação de aplicativos para funcionarem bem tanto nos celulares mais novos quanto nos antigos – que costumam ser utilizados tanto por quem tem dois aparelhos quanto por pessoas de baixa renda.
O constatado é que mais pessoas têm mantido os seus celulares antigos, os quais não suportam sistemas avançados e robustos. Isso provoca os desenvolvedores a pensar em soluções de programação para contemplar estes aparelhos em suas aplicações.
Com o avanço do mercado financeiro e o aumento da competitividade entre fintechs, as empresas do setor estão se dedicando a programar apps ágeis, capazes de realizar transações, mesmo em dispositivos que não sejam de ponta.
Dessa forma, os apps vão conseguir contemplar clientes que tenham aparelhos com 4 ou 5 anos de vida útil, os quais não recebem mais atualizações, mas ainda assim tendem a serem utilizados – seja por opção pessoal ou apenas para que sejam o "celular do ladrão".
Essa questão já tem sido observada por grandes players do mercado digital, como Facebook, TikTok, Spotify e Instagram, que usam a estratégia de ter uma versão Lite (mais leve) dos seus aplicativos.
Já os bancos estão tendo que pensar em soluções mais avançadas, uma vez que lidam com dados altamente sensíveis caso sejam vazados (uma versão Lite, por exemplo, não deve significar menos segurança ao usuário).
Qual a solução para que os apps de banco sejam seguros em versões antigas dos celulares?
As fintechs estão precisando conhecer melhor seus clientes para atender as suas necessidades. (Fonte: GettyImages / Reprodução)Fonte: GettyImages / Reprodução
A partir dessa discussão, conclui-se que as fintechs precisam considerar em seu trabalho o desafio trazido pelo Old First. Isso tem envolvido, por exemplo, a realização de avaliações constantes que busquem agregar automatização, uso de inteligência artificial e até o emprego de outros aplicativos, como o WhatsApp, para dar apoio a transações financeiras.
A verdade é que, até o momento, as instituições financeiras ainda estão discutindo o que devem fazer para lidar com todas essas questões. Mas o ponto inicial é reconhecer que essa realidade existe.
Um caminho para isso é fazer levantamentos demográficos com esse público para entender quais são os sistemas operacionais mais utilizados, em quantos smartphones os clientes acessam suas contas, em qual região predomina o uso de determinado aparelho e etc.
Assim, é possível começar a desenvolver estratégias para trabalhar com a existência do segundo aparelho, ajudando a manter o cliente satisfeito e pouco propenso a procurar instituições concorrentes.
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Empresas especializadas em qualidade de softwares podem auxiliar nesse âmbito. A Sofist é um exemplo, visto que entrega projetos com segurança sob demanda para seus clientes.
Dicas para quem usa um segundo celular
(Fonte: GettyImages / Reprodução)Fonte: GettyImages / Reprodução
Caso você seja um cliente de um banco digital e utilize um aparelho antigo para fazer transações financeiras, é importante sempre ficar atento a alguns detalhes, que listamos a seguir:
- Procure usar seu aparelho "do ladrão" para pagamentos menores e movimentações do dia a dia. Você pode, por exemplo, reduzir a quantia máxima de transações via PIX por dia;
- Para valores maiores, prefira o celular mais atualizado;
- Se for possível, utilize o recurso de ocultar os aplicativos financeiros no smartphone, que passam a ser visualizados apenas após a digitação de um código;
- É preferível ter dois celulares diferentes do que ter um celular com dois chips. O motivo é que, caso o seu celular seja roubado, não é possível garantir que os criminosos não vão conseguir acessar os conteúdos nos dois chips do aparelho.
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