A Realme está pisando fundo no acelerador para ganhar espaço no mercado internacional de smartphones, e o Brasil faz parte importante dessa estratégia global da empresa — pelo menos é o que afirma Francis Wong, chefe de Marketing de Produto da Realme Global em entrevista exclusiva para o TecMundo. O executivo falou sobre planos de trazer os aparelhos top de linha da marca para cá, dar início a fabricação nacional de celulares e muito mais.
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Depois de vários lançamentos de modelos de smartphones intermediários e de entrada por aqui, agora a marca tem planos de trazer sua próxima linha de aparelhos de ponta, a Realme GT 6, para o nosso mercado junto ao resto do mundo. O plano é atrair com especificações avançadas e um preço competitivo, agindo como um “matador de flagships” contra rivais como a família Galaxy S24 da Samsung, os iPhones 15 da Apple e o Motorola Edge 50 Ultra, entre outros.
O que a marca promete com o Realme GT 6?
As especificações do lançamento são, de fato, promissoras: o processador é o Snapdragon 8s Gen 3, versão do atual chip mais poderoso da Qualcomm que é um pouco mais modesta em desempenho bruto, mas mantém características de arquitetura e recursos tecnológicos. As memórias vão combinar RAM LPPDR5X e armazenamento UFS 4.0 para alta velocidade de leitura e gravação.
O Realme GT 6 será anunciado oficialmente em 20 de junho. (Foto: Leonardo Rocha/TecMundo)
As câmeras incluem um sensor principal Sony LYT-808 de 50 MP com abertura de f/1,69 e estabilização óptica, além de um teleobjetivo, também de 50 MP, com zoom ótico de 2x e uma terceira câmera traseira não especificada. O dispositivo promete usar seu HyperTone Image Engine para processar imagens capturadas em RAW usando inteligência artificial (IA), o que resulta em fotografias com cores mais realistas e naturais.
Para alimentar o conjunto, o Realme GT 6 vem com uma bateria de 5.500 mAh, maior do que a da maioria dos rivais top de linha. O carregador SuperVOOC incluso na caixa também impressiona, com 120W de potência para recarga completa em questão de minutos.
Aposta diferente em IA
A inteligência artificial, aliás, é outra aposta da marca. “Se formos pensar em competir com os recursos avançados de outras marcas principais, a Realme não vai estar na melhor posição. Nós somos bons em trazer tecnologias avançadas de IA para um preço acessível. E além disso, em termos de IA, estamos tentado explorar áreas que mais ninguém explorou”, destaca Wong.
Um exemplo é o AI Night Vision, focado em usar a IA para permitir gravação de vídeos em ambientes extremamente escuros. “Nenhuma marca tentou esse recurso, então a Realme inteligentemente escolheu algo que está faltando no mercado”, pontua.
A remoção de pessoas e objetos indesejados de imagens, e a predição das próximas ações do usuário para facilitar acesso a apps desejados, são mais recursos que fazem uso de tecnologias inteligentes e estarão no novo smartphone de ponta. A empresa cita que desenvolve essas tecnologias de IA internamente e com foco em processar dados no dispositivo para mais segurança. O GT 6, aliás, conta com um chip dedicado para processamento e armazenamento privativo de dados pessoais.
Um segundo passo para garantir a privacidade dos dados dos usuários é que, independentemente de qual o tipo de informações a empresa está recebendo do celular, a companhia garante que isso será recebido por um servidor dentro do próprio país onde o aparelho está — ou seja, usuários brasileiros terão suas informações processadas em servidores localizados no Brasil e, portanto, sujeitos às leis nacionais de segurança de dados. “Se isso não for possível para algum recurso, esse recurso não será lançado”, explica o executivo.
Quantas atualizações do Android?
Um ponto que desagrada consumidores quanto a lançamentos passados da Realme é o cronograma de atualizações do Android nos smartphones da marca — e eles estão cientes disso. Wong diz que os planos da fabricante são de ao menos se equiparar nesse sentido ao que é prometido por “outras marcas principais” do mercado de celulares.
Hoje, a Motorola promete 3 anos de updates de sistema e 4 anos de atualizações de segurança para seu flagship, o Edge 50 Ultra. A Samsung, por sua vez, garantiu que sua família S24 receberá nada menos do que 7 anos de novas versões do sistema.
Do seu lado, durante nossa entrevista o chefe de Marketing Global da Realme pareceu receoso de bater o martelo em um número específico e ressaltou que cada linha de smartphones da marca tem sua própria estratégia também quanto a atualizações. “Falando especificamente da série GT, eu acredito que 7 anos é um dever”, pontuou Wong. Isso quer dizer que o GT 6 inquestionavelmente receberá 7 updates do Android? Provavelmente não, mas só saberemos com certeza após o lançamento do produto.
Preço será um grande atrativo
Segundo o chefe de Marketing Global da Realme, a empresa sabe que ainda não é reconhecida como uma marca premium pelo público, e que por isso não pode repetir o erro passado de lançar múltiplos dispositivos sem dar chance para que os consumidores e a mídia especializada testem e ganhem confiança nos aparelhos. Por isso, o plano para os smartphones top de linha começa com a intenção de lançar um modelo de ponta por ano, focando também em preço competitivo.
Wong não revelou os valores que serão cobrados especificamente pelo Realme GT 6 aqui no Brasil, mas com a proximidade do evento de lançamento global em 20 de junho e o início nas vendas já em julho — o que inclui nosso país —, o executivo admite que a empresa já decidiu os valores.
A Realme afirma que pretende vender o GT 6 no Brasil por um preço acessível, mesmo que margem de lucro seja baixa. (Foto: Leonardo Rocha/TecMundo)
“Na série GT, não estamos mirando em ganhar uma grande margem, um bom lucro. Estamos tentando fazer com que ele entregue muito valor pelo dinheiro e o que queremos é a confiança do consumidor. Queremos que aconteça o ‘de boca em boca’ primeiro. E é por isso que iremos lançar [o GT 6] por um preço muito competitivo, ganhar alguns usuários no mercado e isso vai pavimentar nosso caminho para lançamentos futuros da série GT”, explicou.
Fabricação nacional a caminho e suporte sem discriminação
Outra questão importante para a redução de custos ao lançar smartphones no Brasil é a fabricação nacional dos dispositivos, algo que a marca ressalta desejar desde a sua chegada ao país em 2021, mas que não concretizou até agora. Até mesmo sua marca-irmã, a Oppo — que também pertence ao Grupo BBK — já estabeleceu uma parceria com a Multi (antiga Multilaser) para fabricar seus celulares por aqui.
Quanto a isso, Wong ressalta que a Realme está em negociação com possíveis parceiros e buscando as melhores condições para o estabelecimento da cadeia de fabricação e distribuição nacional. Segundo ele, a marca ficará responsável pela aquisição de todos os equipamentos necessários para a fabricação dos produtos e também pelo treinamento dos funcionários na fábrica. A previsão é que a operação esteja pronta para funcionar até o primeiro trimestre de 2025.
Por fim, a Realme também está trabalhando para expandir sua rede de assistências técnicas dentro do país, o que é essencial para a segurança dos consumidores. Neste ponto, Wong ressalta mais um diferencial da companhia: sua garantia e suporte são oferecidos no Brasil igualmente para aparelhos comprados pelas vias oficiais dentro do país e para os dispositivos adquiridos por meio do mercado cinza de importados.
“Desde que você seja um usuário Realme, nós fazemos questão que você seja atendido. Eu tenho grande confiança que atingiremos sucesso no Brasil e que neste ano nosso volume de vendas definitivamente será maior que 2 milhões de unidades”, conclui o executivo.
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