Novo conjunto de câmeras, novo chipset e Dynamic Island são alguns dos destaques, mas o que isso muda na vida real? Durante dois meses, a editora-chefe do TecMundo, Joyce Macedo, testou o iPhone 14 Pro emprestado pela assessoria da Apple como seu celular principal. Confira a opinião neste review.
Design resistente e... mais do mesmo
Quando o assunto é Apple já estamos acostumados a não esperar grandes mudanças no visual dos aparelhos, e com o iPhone 14 Pro não é diferente. Para olhos mais desatentos, o novo modelo é facilmente confundido com um iPhone 13 Pro, mas o detalhe é que o módulo traseiro das câmeras está maior. O que não muda é o fato das lentes serem saltadas, desniveladas do restante do corpo. Na prática, o aparelho ainda fica bambo quando apoiado em uma mesa, por exemplo.
O iPhone 14 Pro está um pouco mais alto, espesso e pesado. No iPhone 13 Pro, temos 14,67 cm de altura contra 14,75 cm do novo modelo. Já o peso passou de 203 para 206 gramas. Devo dizer que adoro o tamanho do iPhone 14 Pro, mas ainda acho um pouco pesado.
Imagem: Derek Keller/TecMundo
- Veja também: iPhone 14: é melhor comprar o iPhone 13 [Review]
A moldura do aparelho é feita com o resistente aço inoxidável e a traseira de vidro tem um acabamento fosco. O modelo vendido nos Estados Unidos também tem uma diferença na estrutura: ele não tem uma gaveta de chip, uma vez que são compatíveis apenas com o eSIM. Mas fique tranquilo, pois aqui no Brasil ele segue sendo comercializado com a bandeja na lateral, apesar de também ser compatível com a tecnologia de chip virtual.
A pegada do iPhone 14 Pro é boa, mas eu ainda tenho a sensação de que ele vai deslizar da minha mão a qualquer momento, então não dispenso o uso de uma capinha. A resistência à água e poeira continua sendo IP68 e o display é protegido pelo já conhecido Ceramic Shield, uma tecnologia que incorpora cristais de nanocerâmica na composição do vidro para dar mais resistência. Aliás, ele tem se mostrado duro na queda mesmo, pois infelizmente já tive mini ataques cardíacos ao vê-lo cair no chão sem película e sobreviver incólume.
Quando olhamos para a parte frontal do smartphone, aí vem a novidade visual: a evolução do notch. A Dynamic Island chega para mudar o jogo e tornar o entalhe um espaço útil, levando-o a ser muito mais do que a “simples” casa da câmera frontal e do sensor de reconhecimento facial.
Eu nunca fui a maior fã do notch, mas não posso negar que depois de um tempo de uso você se acostuma com aquele traço preto na tela. Com a chegada da Dynamic Island, ele ganha o formato de pílula, animações bonitas e acesso rápido a recursos importantes.
Dynamic Island expandida (Imagem: TecMundo)
Tela que impressiona
A tela do iPhone 14 Pro teve algumas melhorias em relação ao antecessor, mas ainda é uma OLED de 6,1 polegadas com taxa de atualização de até 120 Hz e redução de clock para até 1 Hz, o que ajuda na economia de energia e é essencial para o novo recurso de tela sempre ativa. O que vemos é um pequeno aumento de resolução (de 2532 x 1170 pixels para 2556 x 1179 pixels a 460 ppp).
O pico máximo de brilho é de 2.000 nits em ambientes externos, uma evolução em relação aos 1.200 nits da versão 13 Pro. Na prática, isso significa mais facilidade de visualização em ambientes super iluminados e até mesmo sob sol forte.
O resultado é uma tela extremamente agradável, de altíssima qualidade e que traz uma experiência de fidelidade de cores impressionante na hora de assistir algum conteúdo ou jogar. O iPhone 14 Pro conta também com suporte ao Dolby Vision, algo que o atual concorrente Galaxy S22 Ultra, da Samsung, ainda fica devendo – o aparelho da sul-coreana oferece suporte ao HDR10+.
Durante o lançamento do iPhone 14 Pro, a Apple chamou atenção para a chegada do recurso Aways On Display, que nada mais é do que a tela sempre ativa que já vimos em modelos Android há anos. O Samsung Galaxy S7 trouxe a novidade em 2016, por exemplo.
Apesar da falta de ineditismo, trata-se de algo funcional para ver informações essenciais na tela de bloqueio. No iPhone 14 Pro, o recurso vem ativado por padrão, mas pode ser desativado nos ajustes. Quando o modo Aways On está ativado, a taxa de atualização da tela cai para 1 Hz, o brilho é reduzido e o aparelho entra em um modo de baixo consumo de energia quando é bloqueado.
Com a tela sempre ativa, ainda é possível ver o papel de parede, o que me dá uma sensação angustiante de estar drenando a bateria mais do que deveria (e está mesmo). Durante o uso na rotina, devo confessar que desativei o recurso na maior parte do tempo.
A própria Apple lista momentos em que a tela fica realmente toda escura, sem mostrar a imagem de fundo:
O iPhone está virado para baixo;
O iPhone está no bolso ou na bolsa;
O "foco sono" está ativado;
O modo "pouca energia" está ativado;
O iPhone está conectado ao CarPlay;
Você está usando a câmera de continuidade;
Você não usa o iPhone há algum tempo (o iPhone aprende os padrões de atividade do usuário, então desliga e liga a tela de acordo com isso, inclusive se você configurar um alarme ou um horário de sono);
O iPhone detecta que o usuário se afastou dele com um Apple Watch emparelhado (a tela Sempre Ativa será ligada quando o Apple Watch estiver perto do iPhone novamente).
Dynamic Island brilha muito
Aqui é a Apple fazendo Steve Jobs feliz de novo e mostrando que sabe levar inovações interessantes ao usuário. O recurso surgiu como uma forma de dar vida ao notch, que agora é capaz de exibir notificações, abrigar atalhos de aplicativos, comandos e afins.
A Apple manteve sua tradição de se atentar aos detalhes e fez animações cuidadosas. Como quando um app é enviado para a ilha e não desaparece simplesmente da tela, mas é “sugada” para a pílula preta.
Na minha rotina, usei muito a Dynamic Island para controlar o player de música, áudios do WhatsApp e mapas. O recurso também mostra algumas notificações do sistema, o reconhecimento facial e quando o usuário vai emparelhar algum gadget, como os AirPods.
Um detalhe que eu mudaria é que, durante o uso do Spotify, por exemplo, quando damos um clique na ilha dinâmica ele abre completamente o aplicativo. Para visualizar apenas os comandos rápidos, é preciso pressionar e segurar um pouco. Achei o movimento pouco intuitivo.
Também é possível guardar mais de um aplicativo ao mesmo tempo na ilha. A multiatividade da Dynamic Island é apresentada na forma de dois elementos interativos representando cada um dos apps, mas quem escolhe qual deles fica no espaço maior é o próprio iOS, que entende qual seria a informação prioritária entre o Spotify e o Google Maps, por exemplo.
A Apple liberou uma API para que os desenvolvedores possam adaptar os aplicativos ao novo recurso, que deve marcar presença nos próximos modelos de iPhone. Uma dica para se divertir despretensiosamente com a Dynamic Island é baixar o joguinho Hit the Island.
Câmeras que não deixam a desejar
Finalmente a Apple abandonou a câmera de 12 MP e adotou um sensor de 48 MP no iPhone 14 Pro. Ele tem zoom óptico de 2x e é quad-pixel. Isso significa que a Apple usa software para agrupar quatro pixels e formar um único pixel virtual gigante. A captura de luz é aprimorada e, consequentemente, melhora a qualidade e os detalhes da imagem.
Foto em condições adversas de luminosidade com o iPhone 14 Pro (Imagem: TecMundo)
O trio de câmeras traseiro conta ainda com uma ultrawide de 12 MP, que ganhou uma abertura f/2.2 (versus f/1.8 do iPhone 13 Pro), enquanto a teleobjetiva de 12 MP segue com abertura f/2.8 e zoom de até 3x. Ao todo, são quatro opções de zoom: 0,5x com a lente ultrawide, 1x e 2x na principal e 3x na teleobjetiva.
Outra novidade é o Photonic Engine, sistema computacional que faz o processamento das imagens. Ele trabalha para melhorar as fotos em ambientes com pouca luz, ajudando a trazer mais detalhes por meio do aumento da faixa dinâmica (claro e escuro). O resultado da combinação de ações da Apple é uma imagem noturna com pouco ruído, mas muita nitidez – um agradecimento especial ao pós-processamento.
Foto noturna iPhone 14 Pro (Imagem: TecMundo)
Muita gente diz que não usa Android por preferir a câmera do iPhone. Apesar da preferência pessoal ter sempre o maior peso – ao lado do preço – na hora de escolher um celular para comprar, sabemos que existem muitos concorrentes da Apple que dão um verdadeiro show no quesito foto e vídeo. A questão é que a Apple tem o apelo “apontou, clicou, tá ótimo”.
Apesar de trazer recursos como o ProRAW no iPhone 14 Pro, o que grande parte dos usuários quer é tirar o celular do bolso, apontar para o alvo e tirar a melhor foto da sua roda de amigos – e a Apple segue entregando isso.
Em ambientes mais iluminados, o resultado da câmera do iPhone 14 Pro não deixa a desejar. O sensor maior melhora o desfoque de fundo e permite fazer um corte que imita um zoom óptico de 2x.
Foto tirada com iPhone 14 Pro (Imagem: TecMundo)
As cores são realistas, a saturação não é exagerada, a imagem é rica em detalhes e com pouco ruído. Já a ultrawide permite capturar mais elementos da paisagem no 0,5x e ainda faz as vezes de macro quando usada para cliques com pouca distância do objeto.
Em comparação com o Galaxy S22 Ultra, as cores costumam parecer mais frias em grande parte dos cenários registrados com o iPhone 14 Pro, mas também sabemos que a Samsung pode trazer um pouco mais de calor em suas câmeras do que a realidade oferece.
Detalhes da câmera do iPhone 14 Pro (Imagem: TecMundo)
Nas configurações é possível habilitar o modo ProRAW, que captura mais, mas também ocupa um baita espaço de armazenamento: uma foto pode chegar a até 100 MB. A vantagem de ter essa imagem crua de 48 MP é que você pode ter um recorte com muito mais detalhes.
A câmera frontal de 12 MP tem abertura de f/1.9, foco automático (amém) e um modo retrato que faz um contorno bem decente do rosto ao desfocar o fundo. O frizz do cabelo também aparece bem detalhado, por sinal. De maneira geral, ela não traz um grande salto em relação ao já muito bom iPhone 13 Pro neste quesito.
Câmera frontal do iPhone 14 Pro (Imagem: TecMundo)
Quando usado para vídeos, o conjunto traseiro de lentes é capaz de filmar em até 4K e 60 fps, além de oferecer um zoom mais suave durante a gravação. O modo cinema agora também tem resolução 4K, mas com 30 quadros por segundo, e faz aquele efeito bonito de desfoque de fundo. O resultado é muito agradável e dá uma sensação mais profissional às capturas – desde que sejam rostos, já que tem dificuldade em abordar outros temas no primeiro plano.
Já o modo ação traz uma superestabilização para cenas em movimento sem tremedeira. Para acionar, é só clicar no ícone que aparece quando entra no modo "vídeo". Ele faz um corte no canto da imagem original, ou seja, se está gravando em 4K ele faz o vídeo em 2,8K e até 60 FPS.
Por conta desse corte, ele automaticamente já entra no ícone de 0,5x, mas é possível alternar para a lente que quiser. Para alterar a resolução e os frames por segundo, é só clicar no ícone no canto superior direito. Agora, se o usuário estiver dentro de casa ou em um ambiente com pouca iluminação, vai aparecer um aviso na tela que “requer mais luz”. Até dá para gravar, porém a imagem vai ficar bem mais granulada, já que o ideal é usar o recurso em ambientes mais iluminados.
Modo ação com pouca luz (Imagem: TecMundo)
Mas tem um truque que ajuda a melhorar um pouco: vá até o menu Ajustes > Câmera e ative o Modo de ação: luz baixa. Assim, o modo ação vai reduzir a estabilização para otimizar as cenas com menos luz. Em uma comparação com a GoPro HERO 11, o iPhone não deixa muito a desejar.
Desempenho: o iPhone 14 Pro voa
Falar do desempenho de um iPhone é chover no molhado. Sempre esperamos o melhor (até pelo preço cobrado), mas aqui temos uma evolução no chipset, que é o novo A16 Bionic, de 4 nanômetros, da própria Apple. Somado a isso, temos 6 GB de RAM, de acordo com o Geekbench5, e opções de armazenamento de 128 GB, 256 GB, 512 GB e 1 TB.
No papel, o chip tem um novo mecanismo para rodar o recurso de tela sempre ativa, um novo processador de sinal de imagem e mais eficiência de energia. Na prática, o A16 Bionic consegue lidar com tarefas complexas sem travar, como edição de vídeo em tempo real, inclusive nas gravações em 4K ProRes.
Bateria é o ponto fraco
A bateria do iPhone 14 Pro não é seu ponto alto. De acordo com o GSMArena, o iPhone 14 Pro traz uma pequena atualização na capacidade da bateria em relação à geração anterior: de 3.095mAh para 3.200 mAh. Vale lembrar que a Apple não divulga oficialmente esse número.
Nas especificações, a mudança que a Apple aponta é de um salto de uma hora na reprodução de vídeos em relação ao iPhone 13 Pro (23 horas contra 22 horas). Na vida real, a bateria chega a durar um dia de uso moderado, sem demandar muito do celular. Como uso muito o aparelho para trabalhar, não me sinto segura em sair para algum compromisso sem uma powebank.
Com o Aways On Display ativado, a queda no rendimento é notável e chega a consumir cerca de 10% mais bateria. Com um carregador de 20W – que não vem na caixa – a bateria demora mais de 1h30 para chegar em 100%.
No final das contas, se você quer ficar mais tempo longe do carregador, provavelmente vai ter que apostar na versão Max.
Vale a pena comprar o iPhone 14 Pro?
Impossível dizer que o iPhone 14 Pro não é um baita smartphone. Mas estamos falando de um modelo que custa, pelo menos, R$ 9.499 (128 GB) no Brasil, então devemos colocar alguns pontos na balança.
O conjunto de câmeras não deixa a desejar para amadores e nem mesmo para quem faz uso profissional do dispositivo móvel, principalmente graças ao ProRAW em 48 MP. A Dynamic Island é um recurso muito legal, mas que ainda não vai ser o grande diferencial na sua rotina – e com certeza estará presente nos próximos iPhones. A bateria poderia ser melhor, mas o modo cinema em 4K permite fazer vídeos incríveis e o desempenho do aparelho é impecável.
No final das contas, a atualização pode ser mais valiosa para quem tem um iPhone 12 ou anterior, uma vez que o salto em relação ao iPhone 13 Pro ainda não vale o investimento. Pensando na concorrência, em fevereiro a Samsung deve anunciar os novos Galaxy S23, mas enquanto isso o Galaxy S22 se sai muito bem com seu conjunto excelente conjunto de câmeras versátil, por exemplo.
Categorias