O novo Galaxy Watch 5 foi lançado no Brasil agora, em agosto de 2022, por preços que vão de R$ 2.199 a R$ 3.999, dependendo do tamanho e da conectividade. O relógio chega mais caro do que a geração anterior e cheio de promessas de melhorias, mas será que ele é mesmo o melhor que temos no mar de smartwatches para usuários de Android?

O Galaxy Watch 5 chegou acompanhado do irmão debutante, o Galaxy Watch 5 Pro. A versão que estamos analisando não é a mais parruda da família, mas promete ser uma ótima escolha para quem quer um relógio inteligente mais completo para usar com dispositivos Android.

Design e tela

De cara é difícil encontrar grandes diferenças entre o visual do Galaxy Watch 4 e do 5. Assim como seu antecessor, ele chega em versões com 40 e 44 mm, com os mesmos botões, mas com novas opções de cores.

A parte superior da caixa é plana, ou seja, não tem uma elevação na moldura para oferecer uma proteção física a mais para a tela AMOLED, que agora é de cristal de safira em vez de usar a proteção do Gorilla Glass. A safira só perde para o diamante na resistência, então esse upgrade é um ponto bem positivo, pois deixa a tela 60% mais resistente que o Watch 4.

A coroa virtual sensível ao toque não é uma forma de navegação que me agrada muito, porque às vezes acabo passando batido de onde quero parar ou então rola alguns toques fantasmas, demandando mais precisão no gesto, o que fica ainda mais difícil durante uma atividade física, mas tem quem goste.

Visual do Galaxy Watch 5 mantém características do modelo anterior.

O corpo é de alumínio — e não de titânio como no Pro — com um acabamento premium, mas a parte traseira está mais curvada, permitindo maior contato com a pele e maior precisão nas medições do sensor BioActive, que também está fisicamente maior. Ele é 3 em 1, ou seja, controla três sensores de saúde: Análise de Bioimpedância, eletrocardiograma e Sensor Óptico de Frequência Cardíaca.

Isso faz com que ele fique um pouco mais volumoso no pulso, mas não a ponto de deixar o uso desconfortável. O aumento da espessura também está relacionado a um aumento de bateria, que demanda mais espaço.

Vou dizer também que não sou a maior fã de pulseira de silicone, porque tem uma carinha meio infantil — ainda mais no meu pulso que já parece de criança.

Hardware

O hardware interno do Galaxy Watch 5 é um Samsung Exynos W920, de 5 nanômetros, e não o esperado Snapdragon W5, da Qualcomm. Apesar do processador ser o mesmo do Galaxy Watch 4, isso não é um problema para o desempenho, já que o carregamento dos apps roda liso sem engasgos.

Ele chega acompanhado de 16 GB de armazenamento interno e 1.5 GB de RAM e, apesar de o sistema operacional ocupar cerca de 8 GB, a metade que sobra ainda é suficiente para seus apps e músicas baixadas.

Além do “kit saúde”, o conjunto de sensores inclui um acelerômetro, barômetro e giroscópio. Uma novidade aqui é a adição de um sensor de temperatura infravermelho na parte inferior junto com o sensor de frequência cardíaca, mas a Samsung não deixou o recurso ativo no lançamento, então precisaremos esperar a sua liberação para ver o funcionamento na prática para ajudar no monitoramento do sono e ciclos menstruais.

O Watch 5 chega em opções com ou sem conexão LTE, que permite usar seu plano de internet móvel para acessar a internet independentemente do celular. A proteção contra água e poeira é a IP68, resistente a até 5 ATM.

Software

O sistema operacional é o Wear OS 3.5, do Google, com a interface One UI Watch 4.5, da Samsung. O sistema é o que tem de melhor em relógios inteligentes para Android, mas aqui no Brasil, outra opção para quem quiser usar o software do Google sem nenhuma intervenção da Samsung é comprar o Montblanc Summit 3 por “apenas” R$ 10 mil.

As opções de visores do relógio são variadas e podem trazer muita informação para a tela inicial do gagdet ou ser mais decorativa mesmo. Deslizando para a direita temos um bloco de apps que podem ser escolhidos pelo celular, já fazendo o movimento para a esquerda temos as notificações. Deslizar o dedo para baixo na tela leva a um painel rápido e para cima abre a gaveta de apps do smartwatch. O teclado é fácil de digitar, mesmo na telinha do modelo de 40mm que estou usando.

Interface do Galaxy Watch 5 é baseada em uma interface proprietária da Samsung, utilizando o sistema operacional do Google.

A experiência no Galaxy Watch 5 é muito intuitiva e cheia de aplicativos compatíveis, com uma carinha já familiar para quem usa celulares da marca. Dá para baixar músicas do Spotify no relógio para ouvir durante uma corridinha sem precisar do celular por perto, usar o Google Maps, Carteira do Google, YouTube, Google Assistente e muitos outros.

Mas é importante lembrar que ainda é preciso baixar o Galaxy Wearable e o Samsung Health para fazer o acompanhamento no seu celular, algo chatinho, mas que não me incomoda tanto.

Sono, saúde e fitness

Aliás, aproveitando o assunto, alguns recursos de saúde só funcionam no ecossistema Galaxy, como o ECG, por exemplo. Ou seja, se você não tem um celular da Samsung vai deixar de aproveitar ótimas funcionalidades, o que é um ponto negativo.

O gráfico de sono é bem completinho e mostra quanto tempo você ficou em cada fase do sono (leve, profundo, REM, tempo acordado na cama etc).

O monitoramento de sono está mais preciso e agora ele lê os parâmetros do usuário e traz uma resposta mais lúdica para ajudar a melhorar a qualidade na hora de dormir, indicando seu “espírito animal da naninha”. Mas para ter essa análise mais aprofundada é preciso sete dias de rastreamento de qualidade.

Vou dizer que gostei bastante. É um jeito divertido de prestar mais atenção nos nossos hábitos e tentar melhorar nosso sono. Por sinal, pra quem ficou curioso, eu sou um pinguim nervoso.

Depois de detectar o comportamento noturno do usuário, o app Samsung Health traz um treinamento de sono, com missões e exercícios para melhorar a noite, como respirações, meditação, exercícios e hábitos melhores durante o dia. Também dá para ativar o detector de ronco se você dormir com o celular do lado da cama, mas aí a bateria vai que vai.

Mas o que me chamou atenção foi o relógio indicar que boa parte das noites minha oxigenação no sangue fica abaixo dos 80%! Para você ter uma ideia, o saudável é acima de 90%, abaixo disso deveria chamar o SAMU. Mas o próprio Watch 5 avisa que se o ambiente estiver frio ou se o relógio ficar mexendo no pulso durante a noite a medição não será precisa. De qualquer forma, vale o alerta pra ver se não tá rolando umas apneias, né. Ah, e esse é o sensor que dá uma bela sugada na energia da bateria.

Por falar em rastreamento, o Watch 5 detecta automaticamente quando você começa uma caminhada ou corrida de maneira bem eficiente. O relógio pode rastrear até 90 tipos de exercícios diferentes, e o GPS integrado funciona muito bem.

Agora, o relógio também continua monitorando o usuário mesmo depois dos treinos para saber seu tempo de recuperação e sugerir a quantidade de água que você deve ingerir para manter a hidratação, por exemplo. A visualização dos dados no app Samsung Health é bem completinha e fácil de acompanhar.

Galaxy Watch 5.

A bioimpedância ainda é um grande diferencial da Samsung. Para realizar a medição, você só precisa colocar dois dedos nos botões físicos para ver sua composição corporal. Na minha última medição ela indicou que eu estava com um nível perigoso de gordura corporal, mas ainda notei certa oscilação nos resultados, e quando a medição é feita conforme indica a fabricante, de manhã em jejum, os dados parecem mais consistentes, mas não tenho outro aparelho aqui, como uma balança inteligente, para comparar.

• Bioimpedância: o que é a nova função do Galaxy Watch 4?
• Como funciona o exame de bioimpedância?

Bateria

Agora chegamos num ponto sempre delicado: a bateria. O Galaxy Watch 5 chegou com uma bateria maior do que seu antecessor e carregamento mais rápido. A promessa da Samsung é de até 40 horas com uma única carga, mas não consegui atingir esse número durante meus testes nem mesmo com as configurações todas simplificadas para evitar consumo excessivo.

A duração real da bateria vai depender muito do seu tipo de uso. No modelo de 40mm que estou usando, senti uma melhora interessante na bateria de 284 mAh (no Watch 4 era de 247 mAh). Ela durava cerca de 24 horas com a tela desligada, rastreamento de sono, notificações básicas e GPS ativo durante uma horinha diária de exercício.

Quando optamos pelo display aways-on, a autonomia cai, obviamente, então é preciso dar uma carguinha antes de dormir para garantir o monitoramento do sono em dias de uso mais intenso.

Com o carregamento rápido, é possível carregar cerca de 40% em meia hora, mas você precisa de um carregador USB-C de 25 W para aproveitar essa velocidade de carregamento mais rápida e, não, ele não vem na caixa.

Conclusão

O Galaxy Watch 5 é a melhor opção de smartwatch Android disponível atualmente, mas se você está buscando configurações mais parrudas e resistência para rastreamento de atividades físicas mais intensas, vale a pena olhar com carinho para a versão Pro da Samsung.

Aqui temos estilo, com cores bonitas, conforto e sensores melhorados. O rastreamento de sono é muito bom e a bioimpedância segue como um diferencial. Além disso, a falta de competição com o Wear OS faz o Galaxy Watch correr bem como uma das melhores e mais completas opções de smartwatch para dispositivos Android.

É extremamente difícil fazer qualquer comparação com o Apple Watch, já que os modelos funcionam em ecossistemas totalmente diferentes.