Nesta semana, a Samsung anunciou dois novos celulares intermediários no Brasil, o Galaxy M23 e Galaxy M53. A novidade marca o aumento do portfólio de modelos com suporte ao 5G, a sequência da estratégia da sul-coreana de manter uma linha de produtos com venda exclusiva pela internet e levanta novamente a polêmica dos carregadores.
Em entrevista ao TecMundo, Renato Citrini, gerente sênior de produto da divisão de dispositivos móveis da Samsung, falou mais sobre os novos produtos, consumidores brasileiros, questões mercadológicas e mais.
Carregador na caixa? Só no Brasil
Contrariando polêmicas recentes, os Galaxy M23 e M53 chegaram por aqui com carregador na caixa, diferentemente da versão global. Há alguns meses, o Galaxy A53 também divergiu da estratégia internacional da Samsung e desembarcou no mercado brasileiro acompanhado do acessório.
Citrini explicou que essa flexibilidade na composição da caixa se dá ao fato de a empresa ter fábricas próprias no Brasil. Caso os produtos fossem embalados na fábrica da Samsung na Coreia ou no Vietnã, por exemplo, dificilmente teríamos essa diferenciação.
(Fonte: Shutterstock/Reprodução)
No Brasil, a retirada dos carregadores começou nas linhas S e Z com o argumento de redução no impacto ambiental, mas em outros países os intermediários da marca já chegam sem o adaptador de tomada.
No entanto, na última semana a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) orientou os mais de 900 Procon do país a abrirem processos administrativos contra a Samsung e a Apple em respostas à falta de carregadores nas caixas dos smartphones vendidos pelas marcas.
Vale destacar que o acessório que acompanha os novos Galaxy M é de 15W, então quem quiser ter a vantagem do carregamento rápido de 25W suportado pelos aparelhos precisa comprar outro adaptador de tomada separadamente.
Apesar da inclusão do carregador de menor potência levantar dúvidas sobre a possibilidade de o ato ser uma estratégia para driblar possíveis multas do Procon, Citrini relembra que a fabricante sempre colocou o acessório de 15W na embalagem de intermediários, exceto por modelos acima do Galaxy A70.
Especificações para atrair compras online
Enquanto a linha Galaxy A foi criada para substituir os queridinhos (e extintos) Galaxy J, a família Galaxy M surgiu em 2019 com a proposta de ser vendida exclusivamente no varejo online. A estratégia de venda somente pela internet permanece até hoje e pareceu até uma espécie de presságio da Samsung em relação à pandemia que se instaurou um ano após o lançamento da nova aposta.
"A mudança percebida em outras categorias também aconteceu no mundo dos smartphones. O mundo online passou a ter uma relevância maior não só na busca, mas também na efetivação da compra", explica Citrini.
Como o usuário não pode ir até uma loja para mexer no produto e efetuar sua compra depois de alguns testes, a linha Galaxy M foca consumidores com perfil comparativo e decidido, uma vez que ele é seu próprio vendedor e guia sua própria compra.
Galaxy M23 e Galaxy M53. (Fonte: Samsung/Reprodução)
Como a Samsung escolhe qual processador usar?
Para atingir esse público, que tende a valorizar as especificações dos aparelhos, a Samsung aposta em performance nos novos Galaxy M23 e M53. Para os novos modelos, a fabricante optou por usar chips da MediaTek e da Qualcomm.
O processador adotado no Galaxy M53 é um MediaTek Dimensity 900 de 6 nanômetros que trabalha em conjunto com 8 GB de RAM (mais 8 GB de RAM Plus) e 128 GB de armazenamento interno com possibilidade de expansão até 1 TB via microSD. Já o Galaxy M23 vem com um Snapdragon 750G embarcado e 6 GB de RAM com opções de RAM Plus para memória virtual.
De acordo com Citrini, a escolha dos processadores é ditada pela matriz da Samsung. Para isso, são levados em consideração fatores como o nível de performance exigido pelo produto e mercado de distribuição — a linha M não existe no mundo inteiro, por exemplo.
A partir daí, a empresa equilibra as demandas e as ofertas dos seus fornecedores para ver qual atende melhor cada caso. Atualmente, a sul-coreana trabalha com processadores próprios (Exynos) e com terceiros, como Qualcomm, MediaTek e UNISOC.
Além do desempenho, também é importante lembrar que a escolha do processador permite melhorias no design e na disponibilização de novos recursos de software. No caso dos Galaxy M53, por exemplo, o processador de 6 nanômetros oferece maior eficiência energética e, consequentemente, permite um aparelho mais fino graças aos componentes menores.
Em relação ao software, processadores mais modernos permitem que recursos que estavam presentes apenas em modelos top de linha, como o apagador de objetos, cheguem a intermediários como os Galaxy M.
Apagador de objetos em aparelhos Galaxy (Fonte: Samsung/Reprodução)
Fato é que a Samsung segue firme e forte na sua estratégia de ter um portfólio de smartphones amplo o suficiente para atingir todos os tipos de usuários, sejam eles mais focados em performance, design, selfies ou bateria. E você, se encaixa em qual perfil de consumidor de celular: arrojado, conservador ou moderado?
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