O novo Galaxy Z Fold 3, da Samsung, chega com a proposta de refinar e despertar ainda mais o interesse do público por aparelhos com o conceito de “smartphone que vira tablet”. Mas será que a evolução foi suficiente para convencer os mais céticos em relação a esse tipo de aparelho?
Eu passei alguns poucos dias usando o Z Fold 3 como meu celular principal e reuni aqui tudo o que foi possível testar e que você precisa saber sobre ele. Agora, vamos conhecer melhor esse novo dobrável da Samsung.
Design e construção
O Galaxy Z Fold 3 é uma versão mais bem construída do Z Fold 2. Quando a gente bate o olho, eles são muito parecidos, mas o modelo mais recente é mais leve e fino, o que melhora a pegada com ele fechado.
Mas não se iluda, porque ele ainda é um telefone pesado, e a proporção da tela externa ainda tem aquele formato “controle remoto”, bem comprido, que dificulta na hora de tocar ícones que estão lá no topo do display — mas dá para fazer pequenas tarefas e acompanhar o feed do Twitter.
As câmeras traseiras continuam saltadas e dificultam a utilização do aparelho se essa parte fica apoiada na mesa sem capinha, já que ele fica bambo. Apesar de fechar muito bem nas bordas, o vão que fica no meio do aparelho fechado ainda permite entrar bastante coisa para agredir a tela.
Na lateral direita, temos os botões de volume e power, que é onde fica o leitor de digital; já na esquerda, há apenas a "gavetinha" para o chip. A saída de som estéreo se divide entre as partes superior e inferior; a conexão é USB-C.
Um dos grandes destaques do Z Fold 3 é que ele é mais resistente. A dobradiça parece mais firme e ainda tem aquela engenharia incrível para deixar o aparelho aberto em diferentes ângulos. A parte externa é protegida por uma liga de alumínio porreta (Armor Aluminium) e pelo Gorilla Glass Victus na parte de vidro.
A tela interna ainda usa o chamado Ultra Thin Glass da Samsung, coberto com camadas de plástico, sendo que a última é a película protetora feita de PET. Agora ela também está mais resistente e prometendo 80% mais durabilidade ao dobrável. O vinco ainda está aqui e tem aquela depressão no meio da tela, mas eu vou confessar que isso já não é um incômodo depois que você está usando o aparelho há algum tempo.
Essa maior resistência também permitiu a interação com a S Pen. Eu não recebi uma S Pen para testar aqui com o Fold, mas durante o hands-on com a Samsung, pude testar a novidade – feita especialmente para o Fold – e ver que ela tem uma ponteira que afunda para dentro da caneta e é macia, para evitar riscos na tela. A caneta é vendida separadamente e não tem nenhum lugar para acoplá-la ao corpo do aparelho, como acontece com a linha Note.
Mas o que interessa mesmo é que essa é a 1ª vez que um dobrável recebe certificação de resistência à água: a IPX8. Isso significa que dá para mergulhar o celular em até 1,5 metro de água doce por até 30 minutos. Para conseguir isso, a Samsung vedou as partes internas em cada banda do aparelho, mas é muito importante destacar que ele não tem resistência à poeira, tá? Então nada de levar ele para praia e deixar em contato com a areia, porque vai dar ruim. Isso porque partes sólidas podem entrar no mecanismo da dobradiça, por exemplo, e estragar tudo.
Telas
A tela de fora é uma AMOLED de 6,2 polegadas e teve uma melhoria na taxa de atualização, que apresenta mais fluidez com seus 120 Hz — mas ainda é difícil de digitar nela. Já a telona interna, também uma AMOLED, manteve a mesma taxa (7,6 polegadas), com HDR10+ e pico de brilho de 1,2 mil nits. O vinco ainda fica bem visível dependendo do ângulo de visão, mas, quando a gente olha para tela de frente, não dá para notar.
Tela externa:
- 6.2 polegadas.
- Proporção: 25:9.
- AMOLED dinâmico 2X.
- Taxa de atualização: 120 Hz.
Tela interna:
- 7.6 polegadas.
- AMOLED dinâmico 2X HDR10+.
- Taxa de atualização: 120 Hz.
- Brilho máximo: 1,2 mil nits.
- Densidade: 374 ppi.
Nem precisamos discutir a qualidade da imagem na tela, mas a grande estrela é mesmo a câmera que fica escondida embaixo do display, deixando mais espaço sem interrupção na hora de assistir a algum conteúdo, por exemplo. Eu gostei dessa alternativa, que é bem melhor do que o notch e o “buraquinho” preto que, apesar de ser menor, também desvia nossa atenção.
A nova câmera é quase invisível, principalmente quando usamos em tela cheia para ver fotos e vídeos. Quando o display está escuro, ela fica mais evidente e, quando tem algo muito brilhante na tela, dá para ver o quadriculadinho. Isso não atrapalhou a minha experiência, mas confesso que dá uma certa estranheza no começo.
A questão é que essa câmera tem só 4 megapixels, então não faz nenhum milagre, mas ajuda na hora de fazer uma videochamada ao dobrá-lo em 90 graus e apoiá-lo na mesa, por exemplo. Em outras palavras, eu acabei usando-o mais como uma webcam, já que o aparelho tem outras 4 câmeras melhores para tirar selfies.
Câmeras
Fora essa câmera embaixo da tela, que tira fotos com ruído e nitidez que deixa muito a desejar, não tem muita novidade nesse quesito. As 3 câmeras traseiras do Z Fold 3 têm 12 megapixels cada, sendo 1 telefoto, 1 wide com abertura f/1.8 e 1 ultra-wide com abertura f/2.2.
O conjunto de câmera é muito bom, mas não é o que existe de melhor no mercado. As imagens obtidas são nítidas e coloridas na maior parte do tempo, mas o aparelho não tem o zoom poderoso do Galaxy S21 Ultra nem a fidelidade de tons do iPhone 2 Pro, por exemplo. Em ambientes com baixa luminosidade, já sofre um pouco, mas tem o modo Noturno para dar uma ajudinha.
A câmera frontal de 10 megapixels apresenta bons níveis de detalhamento e ainda tem opções como modo Retrato, Noturno e Single Take. Mas quem não quiser usar essa lente para tirar selfie, pode usar as câmeras traseiras e, com o aparelho desdobrado, visualizar o enquadramento na tela externa. Para habilitar, é só clicar no ícone de pré-visualização que fica no canto superior direito.
A parte ruim é que não dá para acionar o obturador na telinha externa, mas o recurso ainda é ótimo para quem quer fazer fotos ou vídeos sozinho com mais qualidade. Dá para usar o gesto de levantar a palma da mão para capturar imagens, comando de voz, posicionar o botão de disparo flutuante ou usar o botão de volume mesmo.
Outra vantagem da telona interna é que o sistema permite dividir a tela para ver as fotos e os vídeos que você está fazendo do lado esquerdo, enquanto faz outras capturas na visualização do lado direito.
Software
O software do Galaxy Z Fold 3 também recebeu uma atenção especial da Samsung, e a experiência multitarefa foi aprimorada. Dá para executar até 3 apps ao mesmo tempo e fixar uma espécie de barra de tarefas na lateral, o que facilita o processo de arrastar e soltar os apps selecionados. Essa barra é personalizável e ajuda na hora de ver quantas mensagens não lidas há em mensageiros ou até mesmo acessar rapidinho os apps preferidos.
Mas uma adição bem legal é o Labs, que fica lá nos recursos avançados de configuração. Ele reúne uma série de recursos experimentais, como a esperada opção de personalizar proporções dos aplicativos. Na prática, isso significa que dá para colocar o Instagram em tela cheia, já que sua versão original não é otimizada para a tela do Fold e fica com uma exibição estranha, tipo uma faixa no meio da tela com sobra nas laterais.
Também dá para permitir que todos os aplicativos sejam abertos na tela dividida, mesmo que eles não tenham sido originalmente projetados para esse layout. Outro recurso muito legal do Labs é aplicar o modo Flex em vários apps que ainda não têm uma aparência personalizada para isso. Quando ativamos a opção, o conteúdo fica na parte superior, e um painel com alguns controles extras aparece na parte inferior da tela quando o aparelho está dobrado.
Além dessa opção “gato” do Labs, a Samsung já tem parceria com alguns desenvolvedores para que os apps tenham suporte nativo ao Fold. No caso do Spotify, por exemplo, há um melhor aproveitamento da tela, mostrando no canto inferior esquerdo o que está tocando enquanto o lado direito fica livre para explorar o conteúdo do app.
Desempenho e bateria
Para dar conta de todo esse processamento, a Samsung adotou o Snapdragon 888, da Qualcomm, acompanhado de 12 GB de RAM. Essa configuração dá mais do que conta de renderizar bem imagens de jogos mais pesados, usar 3 aplicativos ao mesmo tempo e tudo sem travar.
Quando você está usando algum aplicativo na tela externa e decide que quer continuar na interna, essa transição é bem fluida e natural; portanto, durante meu período de uso, não notei engasgos — mas vale lembrar que não fiquei tantos dias assim com ele.
A bateria teve uma pequena queda em relação ao Fold 2, que era de 4,5 mil mAh e foi para 4,4 mil mAh no Z Fold 3. Apesar de o processador adotado ter ótima eficiência energética, ele ainda sofre para chegar ao fim do dia com carga.
Lembrando que agora a tela externa tem uma taxa de atualização maior do que o antecessor, o que ajuda a drenar mais energia. Além disso, o celular acabou sendo usado ainda mais, porque foram realizadas algumas tarefas que antes precisaria passá-las para um tablet ou computador (como responder e-mails), então, consequentemente, foi esperado que a bateria aguentasse o baque.
O Galaxy Z Fold 3 não vem com carregador na caixa, mas durante os testes usei um carregador da própria Samsung de 25 W, e o resultado foi 30 minutos de tomada para chegar a quase 50% de carga. O aparelho também suporta carregamento sem fio de até 10 W.
Veredito
O Galaxy Z Fold ainda é um aparelho nichado. No Brasil, o modelo anterior chegou custando R$ 13 mil, um valor proibitivo que limita demais a quantidade de usuários. Até o fechamento deste texto, a fabricante ainda não tinha divulgado o valor do Z Fold 3 no Brasil, mas a expectativa de uma possível redução não é alta.
Porém, não dá para negar que esse ainda é o melhor dobrável disponível no mercado atualmente. As melhorias de software, o suporte à S Pen e a proteção contra água são upgrades que muitos esperavam e indicam uma real evolução dos dobráveis, mas ainda estamos longe de falar sobre popularização do formato.
Um ponto que acho importante destacar é que, na minha opinião, a chegada da S Pen ao Fold não justifica a morte da linha Note. Não tem como acoplar a caneta no dobrável e ele ainda é muito desengonçado para segurar em um uso de rotina. Além disso, se a qualidade da câmera é uma prioridade para você, esse não é o aparelho que você está procurando.
O resumo da ópera é que a experiência de usar um dobrável é incrível para quem curte tecnologia, mas ainda não chegamos ao ponto em que ele traz o melhor pacote do mercado.
Prós:
- Resistente à água.
- Suporte à S Pen.
- Multitarefa aprimorado.
- Snapdragon 888.
Contras:
- Câmera de 4 MP.
- Não é resistente à poeira.
- Downgrade de bateria.
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