Samsung Galaxy Z Flip: um dobrável funcional, mas não para todos [Review]

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No Galaxy Z Flip, a ideia da Samsung era fazer um dobrável com uma tela grande, mas que coubesse no bolso. O modelo surpreende por ser realmente muito bem construído, com uma pegada firme e sem parecer que vai desmontar na sua mão.

Prós
  • Boas câmeras
  • Dobrável (e divertido)
  • Compacto, mas não frágil
  • Desempenho top de linha
Contras
  • Duração média da bateria
  • Carregamento lento
  • Tela da tampa externa pequena

Lançado internacionalmente em fevereiro de 2020 e aqui no Brasil no mês seguinte, o Galaxy Z Flip é o melhor dobrável disponível atualmente no mercado, mas a categoria como um todo ainda precisa amadurecer.

Design

O design do Z Flip e do Motorola Razr é um grande atrativo por parecer os antigos celulares de flip que fizeram sucesso lá atrás. Além disso, essa forma de abrir e fechar é mais prática e deixa o telefone com a metade do tamanho quando está fechado.

A dobradiça é muito bem construída e não faz barulho durante o movimento. Com um uso mais cuidadoso, a Samsung diz que o Z Flip consegue fazer cerca de 200 mil dobras ou durar cerca de 5 anos na vida real. Durante meus testes, a ferramenta de bem-estar mostrou que eu desbloqueei (ou seja, desdobrava) o telefone umas 70 ou 80 vezes por dia.

Mas tem uma coisa: apesar da boa construção, eu não teria a menor coragem de sacar um celular dobrável na praia, mesmo que a Samsung explique que o aparelho tem uma espécie de "escovinha" interna para ajudar a "varrer" a poeira quando você abre o telefone. Além disso, é importante lembrar que o Z Flip não está classificado para resistência contra água ou poeira. Sim, é mais um celular de mais de R$ 8 mil sem IP68.

Abrir o aparelho com uma mão é muito anos 1990/2000, mas não é tão fácil assim, ainda mais porque o celular é caro e não quero que ele saia voando da minha mão. Depois que você pega o jeitinho do movimento no punho (e certa forcinha), até que a coisa funciona, porém ainda acho mais seguro abrir com as duas mãos. E, é claro, desligar o telefone fechando o flip é meio irrelevante em 2020, ainda que bem prazeroso.

Samsung Galaxy Z Flip

A capa que vem com o Z Flip para proteger a traseira de vidro é dividida em duas partes e é bem frágil, mas faz seu papel, apesar de sair muito fácil do aparelho para o meu gosto.

Ele não tem conector de 3,5 mm para fones de ouvido. Do lado direito do aparelho temos as teclas de volume e o leitor de impressão digital, que fica no botão liga/desliga; do lado esquerdo está o slot para o chip; e na parte traseira (ou frontal quando ele está fechado), a câmera dupla divide espaço com uma telinha de 1 polegada que traz algumas notificações, mas não é 100% sucesso.

Dá para ver alguma informação importante que está esperando dentro do aparelho, controlar reprodução de mídia, mas para ler texto não funciona bem, pois precisaria ser um pouco maior, como no Motorola Razr. A tela externa também funciona como um visor para selfies, mas você não consegue ver a imagem completa, então é meio esquisito. A vantagem é que você pode tirar selfies com a câmera traseira, que é melhor que a frontal. A telinha também não é always on.

Vidro flexível?

Outro grande diferencial prometido com o Z Flip era um dobrável com tela de vidro, já que as outras soluções são de plástico. No entanto, a Samsung explicou que a tela AMOLED de 6,7 polegadas é feita de camadas de plástico e tem um vidro ultrafino com 0,03 mm de espessura — uma folha de sulfite tem o dobro disso.

Esse vidrinho não é tão resistente a arranhões, mas como fica protegido quando o celular está fechado dá para manter longe dos riscos do bolso ou da bolsa. Além disso, a sensação de toque nele é bem ok e lembra um vidro de smartphone "normal", sem ter aquela textura plástica.

Também não notei nenhuma ondulação esquisita na tela ou alguma marca de "machucado", já que essa unidade de teste passou por outras mãos ao longo dos últimos meses antes de vir parar aqui com a gente.

Samsung Galaxy Z Flip

Mas é claro que tem uma coisa que não dá para ignorar em um dobrável: o vinco na tela. Aqui ele não chama tanta atenção quanto no Galaxy Fold graças ao eixo horizontal, que faz ele ocupar uma área bem menor no display. Dá para sentir a marca quando você desliza o dedo na tela, dá para ver que ela está ali dependendo do ângulo, e quando a tela está com muito espaço em branco, por exemplo, fica uma sensação de que a dobradiça não está completamente aberta, mas está sim. E preciso confessar que o vinco é igual ao notch: você não gosta, ele incomoda no meio da tela, mas com o tempo você se acostuma.

Se você quer comprar um Z Flip e já está pensando em colocar uma película para proteger a tela do aparelho, fique sabendo que a Samsung avisou que usar proteção de terceiros pode anular a garantia do celular.

Falando sobre a qualidade de imagem do display, as cores são vibrantes e o ângulo de visão agrada bastante. Além disso, o brilho é suficiente para enxergar debaixo do Sol sem grandes dificuldades, afinal ainda estamos falando de uma tela da Samsung. Mas essa proporção de quase 22:9 é um pouco esquisita, e alguns aplicativos se redimensionam para caber direitinho. Os stories do Instagram, por exemplo, ficam com barras pretas em cima e embaixo.

Desempenho e software

O Galaxy Z Flip é equipado com um processador top de linha da Qualcomm, o Snapdragon 855+, diferente do Motorola Razr de 2019, que chegou com um processador Snapdragon 710, de 2018, exatamente pelo mesmo preço do Z Flip aqui no Brasil. Complementando as especificações, o Z Flip tem 8 GB de RAM e 256 GB de armazenamento interno que não são expansíveis.

Com o dobrável da Samsung não tive nenhuma dificuldade para navegar entre apps, fazer multitarefa e até jogar. Não vou me prender muito ao desempenho, porque ele traz o que você espera de um top de linha com Snapdragon 855+.

Na parte de software, ele roda o Android 10 com a One UI 2.1, que tem uma série de recursos da Samsung, mas o legal mesmo é o Flex Mode, com o qual dá para usar o próprio celular como se fosse um tripé para tirar foto, por exemplo. É só dobrar parcialmente o telefone para conseguir ver o que está na tela e deixar ele equilibrado em uma superfície. Você pode escolher entre diferentes ângulos de abertura e, enquanto vê o que está sendo capturado na parte superior da tela, a parte de baixo mostra o botão do obturador e os outros recursos do menu.

Samsung Galaxy Z Flip

Também dá para gravar vídeo com as mãos livres deixando o celular apoiado, fazer chamada de vídeo e tudo mais. Mas ainda não dá para tirar tanto proveito assim do Flex Mode, a não ser em aplicativos que já foram otimizados para ele, como o YouTube, porém o update com o recurso não apareceu aqui durante os testes. Quem funcionou bem legal com a otimização foi o Google Duo, que deixa você conversar bem livre sem segurar o aparelho.

Bateria

O Galaxy Z Flip vem com bateria de 3.300 mAh que promete até 13 horas navegando na internet. E aqui entramos em um ponto não tão legal do Z Flip. O Galaxy S20 Ultra, por exemplo, tem 5.000 mAh, mas o Razr tem só 2.510 mAh.

Dá para usar durante um dia inteiro, sem exagerar muito, afinal não estamos falando de um smartphone com foco em bateria de longa duração. O carregamento rápido também não foi tão rápido assim: meia hora de tomada com o aparelho zerado para chegar até pouco mais de 40% de carga.

O Galaxy Z Flip ainda traz o recurso de Wireless Powershare, que permite carregar outro aparelho compatível aproximando as baterias. Isso é show.

Câmera

Na traseira, são duas câmeras, ambas de 12 MP, sendo uma delas ultragrande-angular. O conjunto lembra o do Galaxy S10 e ainda herdou aquele recurso de Single Take do Galaxy S20, que tira várias fotos automaticamente para você escolher a que mais gosta depois. Também dá para gravar vídeos de time-lapse com pouca luz.

No fim das contas, o resultado são fotos boas, nada muito ambicioso, e com aquele toque meio exagerado da Samsung que foge um pouco dos tons reais que enxergamos fora da lente. Se você tentar usar o zoom, vai sentir aquela bagunçada nos detalhes da imagem.

Durante a noite ou em ambientes com pouca luz, a captura fica meio borrada, mas o modo noturno "joga" uma luz e dá um efeito mais artificial de exposição.

Samsung Galaxy Z Flip

A câmera frontal de 10 MP tem abertura f/2.4 e fica localizada no meio da tela. As fotos saem bem nítidas e trazem a opção de um modo mais amplo e outro com recorte para ficar mais próximo do rosto. Mas vale lembrar que também dá para usar a grande-angular da traseira e a telinha da tampa para tirar selfies com mais gente no quadro.

Conclusão: vale a pena?

Eu achei que ia usar menos o celular se tivesse que ficar abrindo toda hora, mas claramente isso não aconteceu. E a culpa é de quem? É minha. Mas eu, sinceramente, não acho que isso é um empecilho que ajude a reduzir o tempo de tela. E tem aquele ponto crucial e muito adulto da análise: é divertido para caramba ficar abrindo e fechando o aparelho.

Em tempos de distanciamento social, que aumentou muito o uso de recursos de chamada de vídeo, essa opção de deixar o celular apoiado sem precisar ficar segurando o tempo todo é ótima. Usar a criatividade para tirar fotos com o Z Flip apoiado e aberto em diferentes ângulos também é bem legal.

A economia de espaço na bolsa (que, preciso confessar, foi testada totalmente na escola Wolf Maia de imitação da realidade, já que eu não fiquei usando bolsa dentro de casa na pandemia) também é um ponto positivo.

Samsung Galaxy Z Flip

Mas a realidade é: nada disso vai mudar sua vida. O Galaxy Z Flip é, sim, a melhor opção disponível até agora no mundo dos dobráveis. Ele tem hardware de ponta, é rápido, fluido, bem construído, compacto — mas não é frágil — e tem câmeras legais.

Vale a pena desembolsar tantos mil reais se você realmente quiser ter uma tecnologia diferente no seu bolso, se gostar de chamar atenção da galera que está em volta na hora de mexer no celular e esse tipo de coisa.

Achei a experiência de uso muito legal, não me decepcionou, mas provavelmente não seria minha primeira opção de compra para um aparelho top de linha atualmente.

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