O Moto G8 Power é um dos membros mais recentes da família de intermediários mais popular da Motorola e chega prometendo uma bateria feita para durar até dois dias longe da tomada. A estratégia da fabricante de lançar os Moto G8 Play e Plus meses antes, deixando o G8 e o Power para depois, soa esquisita ao olhar as listas de especificações dos melhores modelos lado a lado. Agora, depois de duas semanas testando o modelo focado em vida-útil de bateria, podemos falar o que achamos do aparelho para que você decida se é o que você precisa.
Visual atualizado
O design do G8 Power está bem de acordo com o resto da família, mas um pouco mais modernizado que o do Plus. A tela é de vidro e o resto do corpo é de um plástico liso e rígido, com algumas opções bonitas de cores. A frente tem bordas visíveis em todos os lados, mas elas são finas o suficiente para não incomodar – exceto pela inferior, que é um pouco maior. A câmera frontal fica em um furo pequeno no canto esquerdo e causa uma obstrução menor que o notch de gota-d’água do Plus.
Na traseira, as câmeras ficam alinhadas verticalmente na esquerda, como nos outros aparelhos recentes da Motorola, e o flash fica deslocado mais para a direita. O leitor de digitais continua localizado no logo da empresa, em uma posição fácil de alcançar quando o celular está na sua mão, mas incômoda quando ele está apoiado em uma mesa. Os botões de energia e volume continuam na direita. Uma das saídas de som fica na frente acima da tela e a outra fica virada para baixo, ao lado do conector USB-C. Há ainda uma entrada P2 para fones de ouvido na parte de cima do aparelho.
Em geral, podemos dizer que o G8 Power é um dispositivo grande e peso, então pode não ser a melhor opção para quem tem mãos pequenas ou prefere celulares compactos. Ainda assim, ele não é desconfortável de usar e nem é um dos maiores smartphones que saíram em 2020. Por fim, vale avisa que o celular não tem certificação de resistência a água.
Tela boa o suficiente
No display, nenhuma novidade além do furo menor para a câmera frontal. O painel é um IPS LCD de 6,4 polegadas com resolução Full HD+, o que dá um bom nível de detalhes para assistir a vídeos e curtir games no celular. Os tons de preto não são tão bons quanto os de um display OLED ou AMOLED, mas ainda são precisos o suficiente para não incomodar.
Além disso, as cores da tela são vivas, e você ainda pode escolher nas configurações do aparelho se prefere que elas sejam mais naturais, fiquem um pouco ressaltadas ou sejam realmente saturadas. Em geral, isso proporciona uma experiência de uso que é boa para um aparelho nessa faixa de preço.
Moto G8 Power (Imagem: Derek Keller / TecMundo)
Android da Motorola com novidades
O Moto G8 Power tem uma interface limpa e de utilização fluída. Ele vem rodando o Android 10 de fábrica, o que significa que o sistema de navegação por gestos já vem funcionando quando você liga o aparelho pela primeira vez. Justamente por isso, a Motorola incluiu um tutorial rápido no processo de configuração inicial do aparelho para ensinar a usar os novos gestos, que são:
- Deslize da barra de baixo até o meio da tela para abrir o gerenciador de aplicativos, ou então continue até o topo para voltar para a home;
- Para abrir a gaveta de apps, você pode deslizar para cima do meio da home ou então deslizar primeiro da barra até o meio para abrir o gerenciador, e depois repetir o gesto para ir para a gaveta.
- Deslizando para os lados sobre a barra, você alterna rapidamente entre os apps mais recentes.
- Para voltar, basta só deslizar de qualquer uma das laterais da tela para o meio.
Particularmente, eu preferia o sistema de gestos próprio da Motorola, mas isso não é mais uma opção nos aparelhos com a versão mais recente do sistema operacional da Google. Pelo menos quem quiser pode voltar para os três botões clássicos de navegação.
O Modo Escuro do Android está disponível nas configurações para quem preferir, assim como os recursos de Bem-Estar Digital da Google. No app Moto, todas as funções comuns da Motorola continuam presentes, incluindo os movimentos para abrir a câmera e acender ou apagar a lanterna – que, de tão práticos, nunca entenderei como não foram imitados por outras fabricantes.
Duas novidades aqui: seção Moto Dicas, que serve para ensinar as pessoas a usar recursos um pouco menos óbvios que o aparelho oferece, e o Moto Gametime, uma ferramenta que se sobrepõe à tela sempre que um jogo for aberto e que traz várias funções. Dá para restringir notificações durante a jogatina, manter o brilho sempre consistente, melhorar o áudio e adicionar atalhos para até dois apps. Você pode escolher se prefere acessar essa função nos jogos deslizando de uma das laterais ou por meio de um botão flutuante móvel, ou então pode ainda desativar se não quiser nada a mais na sua tela.
Moto Ações no G8 Power (Imagem: Derek Keller / TecMundo)
Desempenho bom, mas não surpreendente
Por dentro, o Moto G8 Power traz o mesmo hardware que vimos no Plus. O processador é o Snapdragon 665, acompanhado por 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento. O aparelho aceita cartão micro SD, mas a bandeja tem um slot híbrido, então quem quiser o espaço extra não poderá usar dois cartões SIM ao mesmo tempo.
Com esse conjunto, o aparelho oferece um desempenho muito bom para tarefas do cotidiano e para utilização de apps comuns, além de conseguir rodar a maioria dos jogos sem problemas. Em games mais pesados, como Call of Duty, por exemplo, a taxa de quadros por segundo pode cair ocasionalmente, mas basta reduzir um pouco a qualidade do jogo para curtir o game sem grandes prejuízos.
Antes que perguntem: o G8 Power não está na lista oficial de aparelhos compatíveis com Fortnite por enquanto, então você não vai encontrar o app para download na Play Store. Ainda assim, quem quiser pode baixar o jogo direto da Epic Games Store. O celular consegue rodar o game na qualidade mínima, mas de vez em quando pode dar umas engasgadas que atrapalham um pouco o gameplay.
Câmeras: apenas OK
Nas câmeras, o G8 Power traz sensores mais simples que os do Plus, mas compensa isso com mais variedade. Na traseira são quatro: um principal de 16 MP e abertura f/1.7, um ultrawide de 118º com 8 MP e abertura de f/2.2, um telephoto de 8 MP com abertura e f/2.2 e zoom ótico de duas vezes e um macro de 2 MP com abertura de f/2.2.
Durante o dia, a lente principal consegue tirar fotos boas, com cores legais e um nível decente de detalhamento. A ultrawide e a telephoto, acessadas ao clicar nos pontinhos ao lado do indicador de zoom, também produzem resultados de boa qualidade em lugares claros, mas o nível de detalhes já se mostra um pouco menor. A macro fica escondida dentro dos modos de foto e realmente permite fazer capturas de perto, mas a falta de detalhamento do sensor de 2 MP é visível mesmo na claridade.
No escuro, a lente principal ainda consegue imagens boas o suficiente para postar nas redes sociais e controla bem os ruídos, mas isso acaba custando um pouco de detalhamento. As cores também ficam um pouco lavadas e são bastante afetadas pela temperatura das lâmpadas mais próximas. Na ultrawide e na telephoto todos esses pontos são mais perceptíveis, e a macro se torna completamente inútil nessa situação.
O G8 Power conta com inteligência artificial para ajustar as cores das fotos dependendo do contexto, e isso funciona particularmente bem com comidas. Mesmo assim, a IA demora para entender a situação e aplicar seus ajustes, então na maioria das vezes você acaba nem tirando proveito disso. O modo retrato funciona bem, mas não chega a ser impressionante, e outras funções da Motorola, como a seleção de cores específicas, continuam presentes.
Você pode usar a lente ultrawide para fazer gravações em Full HD e a principal consegue gravar até em 4K com uma boa qualidade de imagem, mas a estabilização ótica acaba fazendo falta se você estiver andando. A estabilização digital dá uma boa ajuda com isso, mas ela só pode ser ativada se você estiver filmando em Full HD a 30 quadros por segundo. Essa também é a resolução máxima na câmera frontal, mas ali não existe a opção de estabilização digital e isso faz falta. A lente macro também pode ser usada para vídeos, mas o resultado é fraco mesmo em condições ideais de luz.
A câmera frontal tem 16 MP e abertura de f/2.0 e consegue tirar fotos boas durante o dia, ainda que o detalhamento não seja dos melhores. O modo retrato funciona bem por aqui também em lugares claros. De noite, o foco tem dificuldade e o aparelho sacrifica mais detalhes para evitar ruídos. Usar a tela como flash ajuda nisso, mas acaba deixando seu rosto com um tom azulado desagradável.
Não vai faltar bateria
A bateria é o ponto de destaque do Moto G8 Power, com suas reservas de 5.000 mAh. Mesmo com uso bastante intensivo, incluindo mais de 4 horas em jogos online que consomem bastante energia, eu frequentemente conseguia passar de 9 horas com a tela ligada antes de precisar ligar o aparelho na tomada.
Reduzindo um pouco a jogatina, mas ainda mantendo um padrão de uso intenso, é extremamente fácil fazer ele aguentar o dia inteiro sem precisar de recarga. Já com uma utilização um pouco mais moderada, só com um ou dois episódios de seriados por streaming, algumas fotos e 1 horinha de redes sociais, o aparelho conseguiu passar sem sofrimento 2 dias inteiros sem recarregar.
Por outro lado, esse tamanho todo de bateria vem com o custo de ter uma recarga demorada. Mesmo com o carregador TurboPower de 15W incluso na caixa, o Moto G8 Power precisa de quase duas horas e meia para ir de zero a 100%.
Extras
Já mencionamos mais acima que o Moto G8 Power tem dois alto-falantes: um na parte de baixo e outro voltado para a frente. Eles permitem som estéreo, evitando problemas mesmo se você cobrir a saída de baixo com as mãos ao segurar o aparelho. Dois speakers frontais seriam melhores, mas esses aqui já garantem uma qualidade de som legal e um bom volume. Um fone de ouvido intrauricular de boa qualidade também está incluso na caixa.
O leitor de digitais continua funcionando bem e desbloqueando a tela rapidamente, desde que seu dedo não esteja sujo ou molhado. Quem quiser também pode ir até as configurações para permitir que o gesto de deslizar o dedo para baixo sobre o leitor de digitais abra a aba de notificações.
Vale a pena?
O preço oficial do Moto G8 Power no site da Motorola é de R$ 1.599 a prazo e R$ 1.359,15 à vista, mas pesquisando em varejistas é fácil encontrar o aparelho por valores perto dos R$ 1.199. Em promoções, ele chegou a aparecer por R$ 1.100.
Considerando que o Moto G8 Plus está custando mais caro e que o hardware dos dois é muito parecido, a bateria superior do Power o torna uma excelente opção dentro dessa faixa de preço. Se você quiser um aparelho que dá conta do uso cotidiano com uma bateria excelente e não faz questão de ter as melhores câmeras possíveis em um aparelho de menos de R$ 1.500, então ele com certeza vai te fazer feliz.
Mas e você, o que você achou do Moto G8 Power? Está de olho em algum concorrente nessa faixa e gostaria que fizéssemos um review? Mande seus pedidos, opiniões e quaisquer dúvidas que tiverem sobrado nos comentários abaixo. Estamos sempre de olho e tentamos responder assim que possível.
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