Os celulares demoraram para aparecer e se popularizar, mas depois disso eles evoluíram muito e em pouco tempo. Foi uma questão de anos até que os "tijolões" dessem espaço aos modelos menores, em forma de flip ou concha, e para que eles fossem esquecidos para o início dos smartphones.
E quem não pegou essa época de celulares "normais" pode não perceber, mas várias das funções mais básicas de um desses dispositivos móveis um dia foram tratadas como novidades revolucionárias.
A seguir, o TecMundo faz um apanhado histórico para mostrar algumas delas, e quem foram os primeiros que apresentaram cada recurso.
1) Câmera
Hoje em dia, muita gente já abandonou câmeras compactas e até semiprofissionais para tirar fotos somente com o smartphone — e não é exagero, já que as fabricantes evoluíram muito em termos de resolução, lentes e tecnologias como autofoco ou estabilizador de imagem.
Só que nem sempre foi assim: ter uma câmera com pouquíssimos megapixels era luxo há alguns anos. E existe uma controvérsia sobre qual foi o primeiro.
Em 97, Philippe Kahn modificou um Motorola StarTAC para tirar e mandar uma foto, mas isso foi totalmente caseiro. Já o pioneiro comercializado com câmera seria o Kyocera VP-210 Visual Phone, que saiu em 1999. Ele tinha a câmera frontal e era destinado também pra videochamadas.
O peculiar modelo da Kyocera.
O sensor traseiro possivelmente foi inaugurado pelo Samsung SCH-V200, lançado na Coreia do Sul em 2000. A câmera dele tinha 0,3 MP.
O Khan, daquela gambiarra do StarTAC, fez uma parceria com a Sharp no fim deste mesmo ano e lançou outro pioneiro, o J-SH04.
2) Toques polifônicos
Muito antes do MP3, era mágico quando alguém chegava com um celular polifônico, capaz de reproduzir toques de chamada com várias notas ao mesmo tempo. E pode não parecer, mas já faz tempo que essa tecnologia existe.
O modelo da Sony.
Alguns dos primeiros aparelhos com o recurso foram o Sony GMD-J5, de 2000. Dois anos depois, foi apresentado o modelo que popularizou de vez a tecnologia: o Nokia 3510, com aquele clássico ringtone em sua versão aprimorada.
3) Internet
O Nokia 9000 Communicator.
Você consegue imaginar o seu smartphone sem acesso à internet, seja WiFi ou pacote de dados 3G/4G? O primeiro celular que contou com isso veio em agosto de 1996 e, assim como vários outros itens dessa lista, é da Nokia. O modelo Nokia 9000 Communicator se conectava via WAP (Wireless Application Protocol) e tinha cara de tijolão, mas era um flip com teclado completo na horizontal. Os planos eram bastante caros e limitados, e foram necessários cerca de três anos para que o acesso móvel fosse expandido e tornado mais acessível.
4) Games
Jogos mobile atuais têm gráficos de cair o queixo, fazem parte de franquias de sucesso, geram muita verba para as desenvolvedoras com microtransações e são viciantes. Nos primórdios dos games para celular, só esta última característica era identificada.
O IBM Simon, de 1993, é considerado não só o primeiro celular a ter um jogo instalado, mas também o primeiro smartphone —antes do termino existir. Com várias funções de assistente pessoal digital (PDA), o modelo não foi um sucesso comercial, mas trouxe várias inovações. Uma delas é o jogo Scramble, em que você move blocos até formar uma imagem ou sequência numérica.
Pouco tempo depois, em 94, o dinamarquês Hagenuk MT-2000 trouxe uma versão de Tetris embutida na tela. Só que o estouro dos games mobile veio apenas três anos depois.
O clássico Nokia 6610 veio com uma novidade que ganhou o mundo: Snake, o "jogo da cobrinha". Foi também a marca que apresentou o primeiro celular com foco em jogatina: o N-Gage, em 2003.
5) Capinhas intercambiáveis
A Motorola/Lenovo é a empresa mais reconhecida em termos de personalização de hardware com capas traseiras que podem ser trocadas, especialmente depois do Moto X. Além disso, hoje encontramos as “capinhas” vendidas por preços irrisórios em qualquer esquina para proteger o aparelho contra quedas e riscos, além de garantir um estilo diferenciado.
Mas a primeira que lançou essa moda foi a Nokia, em 1998. Os modelos Nokia 5110 tinham as capas coloridas e intercambiáveis que eram chamadas de "Xpress-on". Elas já aumentavam a resistência do aparelho contra água e poeira e, segundo o comercial da fabricante, serve até para você dar aquela paquerada.
6) Tela sensível ao toque
Muita gente nem imagina como era usar o teclado físico para tudo em termos de navegação no celular. E por bastante tempo foi assim mesmo — até porque o primeiro modelo com touchscreen não fez sucesso e nem teve o padrão seguido pela indústria.
O IBM Simon.
É novamente o IBM Simon. A tela LCD monocromática de 11,4 x 3,6 cm respondia ao toque, mas o modelo foi tão mal de vendas que a tecnologia caiu no esquecimento em celulares, ficando apenas nos PDAs. Com o a aplicação de multitoques, do movimento de “pinçar” do primeiro iPhone e dos displays capacitivos, a tecnologia foi se espalhando.
7) Dual chip
O brasileiro abraçou os celulares com dois (ou até três!) chips para uso de números de operadoras diferentes — tanto que vários modelos de smartphone foram lançados com essa função por aqui. Afinal, era trabalhoso demais andar por aí com dois ou até três telefones para economizar com operadoras. Só que a função foi rara há algum tempo.
O Benefon Twin já sugere a tecnologia no nome.
O primeiro aparelho com essa característica parece ter sido o Benefon Twin, da Finlândia, que saiu em 2000. O Wind DUO 2000 e o iCool G700 saíram um pouco depois, mas eles trazem uma “trapaça”: são dois telefones no corpo de um, compartilhando inclusive a mesma bateria. O iCool é no formato de concha, enquanto o Wind é “dupla-face”.
Além disso, a fabricante chinesa CECT trabalhou em modelos de componentes para armazenar os dois chips, com a peça sendo usada em celulares futuros. Só depois de 2010, com modelos como o Galaxy S Duos e o Nokia C2, os aparelhos com essa tecnologia se popularizaram.
8) Lanterna
Muita gente já precisou achar alguma coisa no escuro do carro, na sala de cinema ou na própria casa — e tinha como única alternativa ligar o interruptor ou procurar uma lanterna. Com o tempo, isso foi mudando: celulares ganharam luzes tão intensas que se transformaram em ótimos substitutos desse acessório.
Você teve esse clássico?
É difícil precisar qual foi o primeiro modelo que percebeu que era uma boa ideia colocar uma pequena lanterna de LED para iluminação básica (e que não deveria ser usada por bastante tempo sem desligar). Porém, o modelo Nokia 1100, de 2003, é um dos pioneiros a ter o recurso propagandeado. Com o tempo, o uso do flash das câmeras como lanterna passou a ser comum, dando origem a apps do tipo "Flashlight" e, posteriormente, com a função embutida já nos sistemas operacionais móveis.
9) GPS
O Benefon Esc!
O GPS hoje é indispensável para você utilizar aplicativos de mapas ou até de transporte, além de jogos como Pokémon GO e para receber feeds de notícias e conteúdos personalizados. Porém, em 1999, isso nem era pensado. O Benefon Esc! foi o primeiro telefone vendido com tecnologia GPS de posicionamento via satélite, mas totalmente pensado para você manter a sua localização sinalizada onde estiver — cidade, montanhas ou até alto-mar.
10) Player de MP3
Foi-se o tempo em que você fazia ligações e ouvia músicas em aparelhos diferentes, seja um toca-fitas, ou MP3 player genérico. Mas e se o celular também pudesse reproduzir esses arquivos de áudio? São dois os aparelhos que competem pelo posto de pioneiro nessa inovação.
O pioneiro modelo da Samsung.
Apresentado em 1999 na Coreia do Sul e lançado só no fim do mesmo ano, o Samsung SPH-M100 (UpRoar) foi o primeiro telefone celular com MP3 embutido, incluindo uma memória interna de incríveis 16 MB para armazenar os arquivos — cerca de quatro canções. Já o Siemens SL45, de 2001, dobrou essa capacidade e ainda disponibilizava um espaço para um cartão de memória.
A Siemens também entrou na onda.
Com o tempo, os aparelhos foram ganhando mais espaço para guardar músicas, com a Sony Ericsson ganhando popularidade por conta de todo o gabarito na indústria de áudio. A Apple também tem a sua importância inegável: o primeiro iPhone, de 2007, misturou a biblioteca digital do iTunes, antes só de PCs e iPods, com um telefone.
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