Eu comprei um Galaxy S8 na Vivo como parte de um “plano família” e isso deixou o valor do aparelho bastante atraente. Ele se tornou então o meu segundo smartphone Samsung, sendo que o primeiro foi um Galaxy Pro que usei na minha época de faculdade, entre 2010 e 2013. Se você conheceu esse aparelho, não preciso lhe contar que a minha experiência com ele foi horrível. O desempenho era ruim, e a maioria dos apps não se adaptava ao formato da tela. Larguei o Pro por um Sony Xperia algum tempo depois.
Agora em 2017, com o trauma praticamente superado, resolvi dar mais uma chance para a Samsung. As experiências que tive testando os modelos da linha Galaxy A 2017 ajudaram a me motivar, e o fato de o Galaxy S8 ser fantástico no papel e também em mãos colaborou bastante (obviamente). Mas o novo top de linha da fabricante não é perfeito e tem alguns probleminhas que me irritam profundamente. Por isso, resolvi contar a minha história de amor e ódio com esse belo aparelho.
Talvez você ache os pontos negativos fúteis demais, mas continue lendo, pois isso pode ajudá-lo a decidir se vale a pena comprar o celular (fora de um plano de operadora não vale a pena de forma alguma). Mas, se os probleminhas forem tão incômodos para você quanto são para mim, existe a possibilidade de você acabar deixando o GS8 na loja. Sem mais conversa, vamos ao que interessa:
O que eu não gosto
Estou usando o Galaxy S8 há cerca de três meses e não consigo engolir o fato de que esse smartphone (vendido por valores entre R$ 3 mil e R$ 4 mil) apresenta pequenas engasgadinhas na interface como se fosse um intermediário qualquer. Mas não me entenda mal: não estou dizendo que o S8 trava de fato e fica com alguma coisa congelada na tela — isso nunca aconteceu. O problema é que eu tinha um Nexus 6P que rodava perfeitamente liso, e o S8 não consegue ter a mesma fluidez ao alternar entre apps, esconder o teclado ou desbloquear a tela.
O S8 não consegue ter a mesma fluidez ao alternar entre apps, esconder o teclado ou desbloquear a tela
Eu sei que essa questão é mundana, e eu jamais reclamaria disso em uma análise mais objetiva em que é necessário argumentar os porquês de tais defeitos serem relevantes. Eu admito que eles não são, porém vêm me incomodado com o passar do tempo.
No geral, o Galaxy S8 tem desempenho mais do que suficiente para executar qualquer tarefa do dia a dia e também para atividades bem mais exigentes, como jogar games com gráficos pesados e brincar com realidade virtual. Eu ainda não usei o S8 com o Gear VR, mas a minha experiência com o Google Cardboard foi a melhor até agora.
A segunda coisa que me irrita é o desempenho ridículo do Google Chrome nesse celular. Ele carrega páginas com rapidez, tanto no WiFi quanto no 4G da minha operadora, mas a rolagem é problemática. Ela dá umas engasgadinhas estranhas e tem sempre aquele aspecto “meio saltado” — como se a página fosse pulando alguns pedaços — que o browser apresentava no Windows antigamente.
Eu nunca presenciei isso no meu Nexus 6P, mas sei que é comum em intermediários e aparelhos de entrada. Mais uma vez: é uma coisa mundana, mas que não deveria acontecer com tanta frequência em um smartphone tão caro. Eu resolvi então começar a usar o Samsung Internet, que agora inclusive está disponível na Google Play, e nunca mais enfrentei esse lag estranho. Ainda assim, sinto falta do Chrome.
Senti falta de algumas possibilidades do S8
A última reclamação relacionada ao software: eu achei que não iria gostar, mas eu estou, no geral, satisfeito com a interface da Samsung no Galaxy S8. Há tantos recursos e possibilidades de personalização que o Android puro me parece agora algo meio básico demais. Recentemente, consegui consertar o Nexus 6P e o utilizei por alguns dias. Inesperadamente, senti falta de algumas possibilidades do S8.
O problema mesmo é que a Samsung ainda não conseguiu organizar direito as coisas como a Google consegue. É muito fácil achar configurações no Android puro, mas não é tão simples assim na interface do S8. É preciso fuçar em diversos menus obscuros e, na maioria das vezes, eu acabo pesquisando as funções que quero por nome, na barra de busca da tela de ajustes. Quem não sabe o nome dessas coisas de cabeça pode sofrer bastante.
Por outro lado, a área de notificações da coreana é muito mais completa que a da Google e permite que eu faça ajustes mais complexos com apenas um toque. O maior pecado da Samsung, entretanto, é embarcar um zilhão de apps inúteis no celular. Assim que liguei o S8 pela primeira vez, passei meia hora limpando o aparelho. Sem brincadeira: eram dezenas de aplicações dispensáveis da Vivo e da Samsung que, felizmente, puderam ser desinstaladas. Parece até que o celular é propriedade dessas duas empresas e não minha. Depois disso, compreendo muito bem o que Andy Rubin quer alcançar com o Essential Phone e o fato de ele não ter apps extras nem marcas na carcaça.
Em relação ao hardware, só tenho elogios à Samsung. Esse é o smartphone mais bonito que já vi até hoje e também o mais agradável de segurar nas mãos. Ele passa uma sensação de qualidade que nenhum iPhone, Pixel ou Moto Z consegue. Mas, infelizmente, não pude me acostumar com o leitor de digitais posicionado ao lado da câmera. Ele é ruim de alcançar em qualquer situação de uso, mesmo no S8 comum, que é consideravelmente menor que o S8+.
Eu tenho que levar meu dedo ao sensor com muito cuidado para não sujar a câmera e ainda erro a mira pelo menos 30% das vezes
Eu tenho que levar meu dedo ao sensor com muito cuidado para não sujar a câmera e ainda erro a mira pelo menos 30% das vezes. No Nexus 6P e no Google Pixel, o leitor traseiro é centralizado e fica mais abaixo na carcaça, o que é muito mais confortável.
Claro que eu posso usar o leitor de íris — que funciona muito bem por sinal —, mas ele não é tão rápido, especialmente quando estou ao ar livre em dias de sol (não que faça sol em Curitiba com frequência, mas…). Para utilizar esse método biométrico, eu tenho que pegar o celular, apertar o botão power ou home e arrastar o dedo na tela de baixo para cima e, só então, esperar a leitura dos olhos. Existe uma opção nas configurações para faciltiar isso, mas a Samsung deixa desativada por padrão. O leitor de digitais é algo absolutamente mais cômodo.
No meu mundo ideal, todos os celulares teriam leitores de digitais embutidos no botão power e posicionados na lateral, bem ao estilo Sony. Infelizmente, até onde eu me lembro, só a Sony faz isso.
O que eu amo
Como já expliquei, o design do Galaxy S8, em minha opinião, é fora de série. Ele tem um aspecto elegante, sóbrio e moderno ao mesmo tempo, e eu preciso dar o crédito à fabricante por ter conseguido tal feito. Fazia muito tempo que eu não me importava tanto com a aparência de um celular.
Uma ou duas semanas depois de adquirir o S8, eu comprei uma capinha oficial da Samsung — que é bonita e protege bem o smartphone, na medida do possível. Entretanto, ela esconde toda a beleza do aparelho. Por isso, de vez em quando, eu tiro o acessório e fico usando o celular da forma como ele veio ao mundo, apesar de saber que ele pode virar cacos de vidro na primeira queda.
Outra coisa que me agrada demais nesse dispositivo é a sua tela. Visualmente, ela tem a qualidade que eu esperava do Super AMOLED da Samsung, e o fato de cobrir praticamente toda a face frontal do smartphone é um bônus incrível. Para mim, entretanto, as bordas curvadas e os cantos arredondados são apenas elementos estéticos e não acrescentam nada útil de verdade. Contudo, foi estranho usar meu Nexus 6P recentemente, que tem um display enorme e “quadradão”.
O melhor da tela do S8 é o fato do seu aspecto ser diferenciado
O melhor da tela do S8 é o fato do seu aspecto ser diferenciado. Em vez do padrão 16:9 que temos visto por anos nos nossos aparelhos mobile, ele vem com o ousado 18,5:9. O que é praticamente 2:1, assim como no LG G6. Isso faz com que o celular seja mais fácil de segurar, porque ele se torna mais estreito e também garante que você sempre veja mais conteúdo na vertical.
O feed do Facebook fica muito mais evidente, assim como o do Instagram. Mas a maior diferença na usabilidade eu percebi ao conversar com meus amigos no WhatsApp e no Google Allo. Mesmo com o teclado aberto e configurado com teclas grandes (miopia é foda!), ainda sobra muito espaço para ler mensagens da conversa acima, mesmo quando alguém manda uma foto ou GIF. Ah! Sabe aquela situação embaraçosa quando lhe enviam algum meme idiota (ou uma comparação de bundas de Game of Trones), e você fica mandando um monte de pontos ou letras aleatórias só para aquela foto sumir para cima? Pois é! No S8 é uma tarefa um pouco mais complicada.
Algo que também me agrada muito é a autonomia de bateria do Galaxy S8. Ele conta com um modo de economia moderado que não impacta tanto no desempenho do sistema, mas consegue espremer várias horas a mais de utilização. Com esse modo ativado, eu sempre consigo passar tranquilamente um dia e meio sem carregar o celular.
O meu padrão de uso não envolve jogatina tão frequente, mas eu assisto a muitos vídeos em horas vagas, como quando estou no ônibus indo para casa ou matando tempo depois do almoço. De resto, navego bastante em sites de notícias, confiro meu feed em diversas redes sociais e converso de maneira moderada com amigos e familiares em mensageiros.
Eu nem me lembro mais de recarregar a bateria do meu power bank, pois o risco de ficar sem carga no celular é praticamente zero
Mesmo quando saio para algum lugar para tirar fotos (muitas fotos) e fazer vídeos, o S8 sempre se sai muito bem. Eu nem me lembro mais de recarregar a bateria do meu power bank, pois o risco de ficar sem carga no celular para chamar o Cabify ou o Uber depois do happy hour é praticamente zero. Inicialmente, eu queria comprar o carregador sem fio da Samsung para deixar no trabalho, mas considerando que eu dificilmente preciso recarregar a bateria longe de casa, meio que desisti da ideia.
Também preciso falar da qualidade das câmeras. Elas conseguem fazer imagens realmente incríveis, inclusive em condições de iluminação bem ruins. Vez ou outra isso ainda me surpreende. No geral, entretanto, a qualidade das fotos do Google Pixel, que eu testei há vários meses, parece melhor, mas a diferença é pouca. Por outro lado, o software da câmera da Samsung é infinitamente superior ao da Google. A captura é mais rápida, a interface é mais amigável, e você tem um monte de possibilidades para brincar com sua foto sem precisar instalar nenhum app extra.
É possível, por exemplo, tirar cem fotos de uma só vez segurando o botão de captura e criar um GIF animado com isso ali mesmo, em segundos. Você pode inclusive definir a velocidade da animação, aplicar alguns adesivos e efeitos e por aí vai. Há também um modo profissional, que eu usei apenas uma ou duas vezes, mas que é bem versátil.
Quando consegui consertar o meu Nexus 6P, até considerei vender o Galaxy S8...
Essas são as coisinhas que mais me agradam nesse celular. Mas, mesmo assim, eu não consigo nem pensar em pagar os R$ 3,6 mil que a Samsung pede pelo S8 hoje, muito menos os R$ 3,9 mil da época do lançamento. Só que, como eu consegui um grande desconto na minha operadora, tendo pagado menos de 50% do valor total por conta de pontos e da contratação de um novo plano, eu acho que a compra valeu muito a pena.
Quando consegui consertar o meu Nexus 6P, que estava preso no bootloop da morte, até considerei vender o Galaxy S8 e voltar para baixo das asas da Google. Mas essa vontade durou só alguns dias. A não ser que o Pixel 2 seja mais interessante do que os rumores têm indicado — realmente trazendo uma tela na mesma proporção da que tenho no S8 para a versão menor e não apenas para a XL — a minha relação de amor e ódio com esse Samsung vai continuar por um bom tempo.
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