Uma instituição financeira jovem, transparente, totalmente online e que não obriga você a passar horas em uma fila quilométrica para resolver algum problema. Parece bom demais para ser verdade? Pois saiba que é esse o objetivo de uma pequena companhia paulista batizada como Controly, responsável pela plataforma bancária homônima inaugurada alguns meses atrás.
Fundada em 2014 e dirigida pelo empresário Pedro Conrade, a startup nasceu com o objetivo de ser um “banco do bem” e facilitar a gestão econômica de jovens de todo o país. Atualmente, o Controly resume-se em uma conta-corrente 100% digital que é atrelada a um cartão de crédito pré-pago internacional – você pode depositar seu dinheiro lá e gastá-lo através desse bilhete, sem precisar andar com notas pra lá e pra cá.
O diferencial é que tudo é gerenciado através de um aplicativo gratuito para dispositivos Android e iOS – o Controly não possui sequer um painel para desktops. É através do programa para smartphones e tablets que você abre sua conta, emite seu cartão (gratuitamente), recarrega seu saldo através de boletos bancários, visualiza seu histórico de gastos e faz cálculos de quanto será preciso economizar para atingir um objetivo.
Um novo jeito de lidar com dinheiro
Em entrevista ao TecMundo, Conrade afirma que os jovens são o principal público-alvo do Controly, já que o conceito de relacionamento 100% online atrai os adolescentes com maior facilidade. “Não há uma central telefônica de atendimento, não há uma agência, não há uma papelada para assinar. É tudo pela internet”, reafirma o executivo, que conversou com nossa equipe por telefone.
Não há uma central telefônica, não há uma agência, não há uma papelada para assinar. É tudo pela internet.
A equipe por trás da plataforma é pequena – apenas oito pessoas trabalham em tempo integral no desenvolvimento do serviço –, mas as conquistas já são enormes. Em cerca de dois meses de vida, sem investir um centavo sequer em marketing, a startup já angariou cerca de 1,5 mil usuários. É um número expressivo, especialmente se levarmos em conta que os trabalhos de divulgação da companhia ainda não estão ativos.
Quando questionado se o conceito de banco digital não espantaria possíveis clientes mais velhos, Conrade é realista e concorda que algumas pessoas sentem faltam de um atendimento presencial ou telefônico, mas afirma que a empresa já angariou pessoas na faixa dos 40 anos de idade. Além disso, o empreendedor ressalta que está focando primeiramente no público mais jovem, que “é mais fácil de conquistar” e aprecia o relacionamento online.
Testando o serviço
Como já comentamos, o grande destaque do Controly é o fato de que sua conta é gerenciada exclusivamente por um aplicativo para celulares. O TecMundo experimentou e aprovou o serviço. Para se cadastrar na plataforma, é necessário informar alguns dados cadastrais básicos e em até 15 dias o cartão pré-pago chega na casa do cliente. Basta ativá-lo, alterar a senha de quatro dígitos (caso queira) e começar a usar, adicionando fundos na sua conta.
Existem apenas três taxas para usar o serviço: o correntista paga R$ 2,50 a cada recarga efetuada, R$ 5,90 para sacar qualquer quantia em um caixa eletrônico da rede HSBC e R$ 5 de mensalidade (que são debitados automaticamente caso haja dinheiro na conta). Além disso, há um tributo de 5% (além do IOF) para compras internacionais. Vale observar que o cartão emitido é da bandeira MasterCard.
Por ter como objetivo ser um “banco para todos”, o Controly não realiza análise de crédito antes de aceitar um novo correntista. Seu app é um tanto intuitivo, separando as informações em três seções: “Saldo” (onde é exibido o saldo restante de sua conta e os últimos lançamentos do cartão), “Desempenho” (que mostra a sua média de gastos em esquema diário, semanal e mensal) e “Objetivos” (que ajuda você a poupar certa quantia de dinheiro).
Tudo é categorizado e explicado em gráficos simples, de forma que você consiga saber exatamente em que áreas você mais gasta e o que deve fazer para economizar cada vez mais. Naturalmente, o software também possui um chat embutido – o único canal que você tem disponível para tirar dúvidas com a equipe de atendimento do Controly, que, por sinal, conversa com o cliente usando uma linguagem informal, descontraída e bastante moderna.
Recursos futuros
E se o Controly atual não lhe apetece, Conrade promete que uma atualização prevista para o mês que vem tornará a plataforma ainda mais útil para quem procura uma forma high-tech de gerenciar suas finanças. “O recurso de transferência já está pronto, só estamos fazendo alguns testes de segurança e lançaremos até setembro. Você vai poder enviar dinheiro para os contatos da agenda e seus amigos do Facebook”, explica.
Pagamento de contas, depósitos e todas as outras funcionalidades de um banco convencional também estão nos planos mais urgentes da companhia; obviamente, tudo moldado para um formato digital e mais moderno. Além disso, o Controly promete abolir todas as taxas e ser completamente gratuito para o usuário. Uma versão do aplicativo para Windows Phone, muito requisitada pelos próprios fãs do Controly, deve chegar apenas na metade de 2016. “Nossa equipe é muito pequena, então não conseguimos focar nisso no momento”, informou o executivo.
A transformação do mercado financeiro
Não é difícil enxergar uma tendência interessante no mercado financeiro internacional – as instituições bancárias estão cada vez mais migrando para a internet e encontrando formas alternativas de se relacionar com a clientela, com foco especial nas redes sociais e plataformas móveis. Impossível não olhar para o Controly e fazer um paralelo com a Nubank, outra companhia brasileira que se esforça para ser um “banco 2.0”.
Embora as empresas tenham públicos e objetivos finais bastante diferentes, ambas adotam a mentalidade mobile first, deixando de lado aquela papelada que todos nós odiamos e centralizando tudo no smartphone. Para Conrade, está cada vez mais fácil inovar dentro do segmento de finanças e oferecer soluções inovadoras para o consumidor, ainda que haja alguns entraves burocráticos e legislativos tornando esse processo mais lento.
“É necessário passar por inúmeras certificações e testes de segurança para mexer com dinheiro no Brasil. Mas isso tem um lado bom, garantindo que o patrimônio do cliente está em boas mãos, guardado em um lugar confiável”, comenta. Ainda assim, fica claro que o nosso país está se mostrando um ambiente promissor para inovações nesse ramo, e os cidadãos brasileiros só têm a ganhar.
O que você acha de um banco 100% online, sem agências ou central de atendimento por telefone? Comente no Fórum do TecMundo