Você já parou para pensar como foram desenvolvidas as interfaces de sites e sistemas operacionais que você utiliza diariamente? Independentemente de sua preferência – Windows, Mac OS X ou Linux –, tudo aquilo que você vê na tela de seu computador só é eficiente e intuitivo graças a um complexo modelo matemático.
Estamos falando da Lei de Fitts, criada pelo psicólogo norte-americano Paul Fitts em 1952. Até os dias de hoje, ela é amplamente utilizada como modelo para o ato de apontar para algo, tanto no mundo real (com a mão ou um dedo) quanto no digital (com o ponteiro do mouse). Resumindo o máximo possível, ela utiliza cálculos para predizer qual será o tempo necessário para que o ponteiro se mova rapidamente desde sua posição inicial até seu destino clicável.
O estudo de Paul ganhou força após a popularização dos computadores pessoais, já que ele foi imprescindível para a criação de interfaces gráficas dos sistemas operacionais. No vídeo que abre esta matéria, a Dr. Sarah Wiseman, do canal Computerphile, explica maiores detalhes sobre a lei e como ela é importante para a informática. O clipe está em inglês, mas o TecMundo preparou uma explicação sobre o que Sarah aborda durante a produção.
Afinal, qual é a utilidade da Lei de Fitts na informática?
Ao desenhar uma interface de usuário para qualquer programa de computador, é essencial garantir que seu utilizador tenha uma experiência agradável com a própria. Para isso, é importante que você tenha facilidade para concluir operações que utilizam o mouse – clicar, arrastar e assim por diante.
Uma interface ideal permite que o internauta realize todas essas operações rapidamente e com o mínimo possível de movimentos do mouse. Através da Lei de Fitts, os profissionais responsáveis por desenvolver essas interfaces conseguem predizer quanto tempo você levará para mover o mouse de um ponto da tela até outro. Isso é feito através de uma fórmula matemática razoavelmente simples: T=a+b.log2(A/W+1).
Uma das fórmulas mais aceitas para a Lei de Fitts.
Ficou confuso? Vamos explicar. Na equação acima, “T” refere-se ao tempo. Já “a” e “b” são variáveis adaptáveis a cada situação, representando, respectivamente, o tempo de início/término da ação e a velocidade do ponteiro (mouse ou mão). Os valores mais importantes aqui são A (amplitude ou distância), que se refere a quão longe o alvo está do local atual do ponteiro, e W (width ou largura), que descreve o tamanho do alvo em questão.
O que vem a seguir é um conceito natural: quanto menor a distância entre o alvo e o ponteiro e quanto maior for a largura do alvo, mais fácil ele poderá ser clicado pelo usuário. Isso explica, por exemplo, porque é mais agradável para nós clicar com o botão direito em cima de um arquivo e apagá-lo através do menu de contexto, em vez de arrastá-lo até o distante ícone da Lixeira.
Um dos maiores exemplos da eficácia da Lei de Fitts
Exemplos práticos do conceito
Por mais que o modelo da Lei de Fitts pareça absurdamente óbvio quando você o entende, é interessante saber que existe uma equação matemática – exaustivamente testada ao longo dos anos – que você precisa utilizar para ter a certeza científica de que sua interface está confortável para o usuário. Além disso, a partir do momento que você conhece a lei, algumas características dos sistemas operacionais que usamos no dia a dia passam a fazer sentido.
Além do exemplo acima (menu de contexto versus arrastar o arquivo até o ícone da Lixeira), outra prova de que a Lei de Fitts teve um impacto enorme na computação são os botões Iniciar e Minimizar/Maximizar/Fechar do Windows, assim como o dock de programas do Mac OS X. Eles estão todos localizados nas extremidades da tela, de forma que, independentemente do tamanho do alvo (ou seja, os botões), você simplesmente não conseguirá errá-los.
Esse último conceito (chamado de amplitude infinita) não é válido para dispositivos móveis, como smartphones ou tablets, já que seu dedo pode “escorregar” para fora do display, diferente do que acontece em desktops. Ainda assim, todo o resto da Lei de Fitts continua sendo importantíssimo até hoje e ajuda web designers do mundo inteiro a criar interfaces confortáveis para nós utilizarmos.
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