(Fonte da imagem: Reprodução/Mail Online)
Cerca de 500 russos vivem em condições extremas no vilarejo de Oymyakon, onde as temperaturas no inverno ficam em torno de 50 °C negativos. O local está a 750 metros acima do nível do mar, no nordeste da região de Sakha (Yakutia) na Rússia. Por se encontrar tão ao norte do hemisfério, Oymyakon tem dias com apenas 3 horas de sol durante o inverno e até 21 horas de luz solar no verão.
O fato de ser considerado o local mais frio habitado no planeta foi oficializado com um marco na província, erguido no regime comunista, que informa o recorde de 71,2 °C negativos registrados em janeiro de 1926 e que denomina Oymyakon como o “polo do frio”.
AmpliarMarco “polo do frio” registra o recorde de 71,2 °C negativos em Oymyakon (Fonte da imagem: Reprodução/Mail Online)
Ironicamente, apesar desse frio todo, a palavra Oymyakon significa “água que não congela”, referindo-se às fontes subterrâneas de água quente que impedem o congelamento do rio da região e permitem a sobrevivência no local. Mesmo assim, a terra está sempre congelada e não é possível cultivar frutas e vegetais para alimentação. A população consome basicamente carnes de rena e de cavalo, além de leite dos animais, rico em nutrientes, que é vendido – como você pode imaginar – congelado.
Peculiaridades abaixo de zero
Com um frio tão extremo, as rotinas e as atividades dos habitantes são bastante diferentes das que conhecemos. As principais ocupações servem à providência de alimentos, seja na criação de animais ou na pesca em buracos de gelo – os peixes, aliás, congelam em questão de segundos depois de fisgados e retirados da água.
A escola não funciona em dias muito frios, isto é, só quando o termômetro cai abaixo dos 52 °C negativos, caso contrário tem aula sim. Mas os alunos não utilizam canetas esferográficas, já que a tinta congela na região. Em compensação, a escola é um dos poucos lugares que tem um banheiro interno junto à instalação. Em geral, os habitantes utilizam uma casinha externa às residências como banheiro – haja disposição para sentar no sanitário.
Não há banheiro dentro de casa. Sanitários ficam na parte externa (Fonte da imagem: Reprodução/Mail Online)
O frio impede ainda que as pessoas utilizem óculos na rua, pois a armação gruda em contato com o rosto. O mesmo se dá com metais, que não podem ser manuseados diretamente sem proteção. Baterias têm vida curta e perdem energia rapidamente. Por essa razão, é prática comum dos habitantes nunca desligarem seus carros, com medo de que não consigam ligá-los novamente depois. Uma das técnicas para ligar o automóvel consiste em aquecer o reservatório de gasolina, colocando um material em chamas embaixo do tanque.
Vista do vilarejo de Oymyakon (Fonte da imagem: Reprodução/Sometimes Interesting)
Ainda mais peculiar é a maneira como os moradores cavam buracos para enterrar seus mortos. Com o chão congelado, a solução é fazer uma fogueira e espalhar as brasas pelos lados para, aos poucos, ir derretendo a camada de gelo e abrindo o espaço necessário para depositar o caixão. Este processo pode consumir até três dias de trabalho, já que o calor das brasas é efêmero para a quantidade de gelo.
Todo o vilarejo é alimentado por uma estação que queima carvão e madeira para obter energia e manter a água quente nas casas dos moradores. E não há possibilidade de interromper este abastecimento; se porventura a produção parar por falta de carvão ou de madeira, os tubos e encanamentos iriam se congelar e quebrar. Aí sim acabariam as mordomias de viver em Oymyakon.
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