LHC, a resposta para a origem do universo

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Enquanto a mitologia maia diz que o fim do mundo está próximo, cientistas estão a um passo de desvendar a origem do universo. O experimento que promete recriar o Big Bang é ansiado por mais de 7 mil cientistas de mais de 50 países. No entanto, manutenções constantes adiam o esperado dia em que o maior acelerador de partículas do mundo terá provado sua finalidade. Em 20 de novembro de 2009, o LHC volta as suas atividades, trazendo novamente à tona intermináveis perguntas e polêmicas.

Enquanto a ciência está muito esperançosa com os resultados dos estudos, entidades se opõem ao seu funcionamento alegando que uma reação em cadeia poderia ser iniciado com o processo e consumir todo o universo. Ao que se refere este experimento tão grandioso? Quais motivos levariam um grupo tão grande de cientistas a se unir em um projeto tão caro quanto este? Quais verdades poderá o LHC revelar à humanidade e quais seus riscos?

Evento simulado em acelerador de partículas

Conheça a máquina

Com aproximadamente 27 quilômetros de extensão, o LHC (Large Hadron Collider – grande colisor de hádrons em tradução livre) é o maior acelerador de partículas do mundo, na verdade, trata-se da maior construção já criada pelo homem. Localizado na fronteira da França com a Suíça, foi construído pela CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear) e levou quase 20 anos para ficar pronto.

As imensas dimensões são requisitos para se atingir velocidades extremamente próximas à da luz, requisito principal para criar as condições do experimento. Partículas de hadrón (partes menores que os prótons) são aceleradas em quatro estágios diferentes, partindo para aceleradores cada vez maiores. Somente no último é que as partículas adquirem sentidos opostos e embarcam no raio de 27 km até que adquirem a energia de 7 trilhões de elétrons-volt (eV é a carga de um elétron). Com a ajuda de imensos eletroímãs, hádrons finalmente são postos em rota de colisão totalizando 14 TeV na colisão.

Qual o propósito de tudo isto?

O choque entre as partículas é tão intenso que divide as partículas em partes menores e energia, extremamente instáveis, estas decaem rapidamente e voltam a se unir a outros átomos à sua volta. Compreender o comportamento do material nos poucos instantes em que ocorre a transição do estado de matéria para se transformar em energia é o alvo da ciência.

Sabe-se que a matéria tem esta propriedade e que ela se comporta de maneira completamente diferente neste ponto, mas o que ninguém sabe é como isto ocorre exatamente.  A ciência atribui ao Big Bang a energia necessária para a transmutação da matéria em energia e, assim, para a criação de toda a variedade presente no universo. Compreender o momento da colisão significa retirar o misterioso véu que cobre a origem de tudo.

As informações coletadas no experimento são de suma importância, por este motivo os resultados do experimento deve contar com a ajuda de uma rede de mais de 60 mil computadores pelo mundo. Parte das informações já foram declaradas como sigilosas pela equipe que coordena o projeto e não deve ser revelada ao público em primeiro momento.

Grandes investimentos

Eletroímãs supercondutores de 35 toneladasO motivo para o investimento de mais de quase 20 bilhões de reais é as condições em que seus componentes estão submetidos. Para orientar o curso do das partículas, foram instalados 1232 eletroímãs bipolares supercondutores, cada um com 35 toneladas e quinze metros de comprimento. Já a porção responsável pelo controle do experimento e monitoramento de resultados têm a altura de um prédio de 5 andares.

Além das grandes despesas em sua construção, a manutenção do equipamento também é de um custo bastante elevado. O equipamento trabalha a -271 graus Celsius, sendo necessário aquecê-lo antes da manutenção e quase dois meses de resfriamento para que ele atinja a temperatura necessária para seu funcionamento correto.

Um fato curioso ocorreu no início de novembro deste ano, quando a temperatura do LHC aumentou cerca de seis graus ocasionando na queima de equipamentos. O CERN declarou que a causa do problema foi um pedaço de pão que provavelmente foi derrubado por uma ave. O estrago só não foi maior porque o acelerador estava em período de testes e não funcionava com sua capacidade máxima.

O que mais se forma lá dentro?

Após a grande colisão, a maior parte dos hádrons se desintegra e libera energia, o restante acaba se unindo e formando novos prótons e nêutrons. Assim como no Big Ban, uma variedade de partículas é criada dando origem à variedade de materiais. Assim como no evento primordial do universo, isto explicaria a variedade de átomos encontrada atualmente.

Túnel subterrâneo com mais de 100 metros de profundidadeTambém ocorrem os chamados strange quarks, ou quarks estranhos como ficaram conhecidos durante sua descoberta nos anos 60. Estas partículas foram denominadas estranhas por apresentar comportamento diferente dos quarks comuns. Assim como esta, outras partículas de natureza estranha deverão ser criadas, mas sua instabilidade faz com que durem uma fração de tempo muito pequena.

A antimatéria é um corpo com a propriedade contrária a da matéria. Assim como a soma de um numeral com seu oposto sempre resulta em zero, a antimatéria em contato com a matéria se anulam e resultam apenas em energia. Durante uma colisão de partículas, forma-se antimatéria na mesma proporção em que se forma matéria, como ambas se anulam, em pouco tempo elas não existirão mais.

Imensas controversas

Por toda a história da humanidade, a chave para o entendimento primordial foi buscada das mais diversas formas, mas jamais foi alcançada. Os audaciosos objetivos da ciência com o LHC têm sido vistos com maus olhos por algumas linhas de estudos e credos.

Os cientistas Walter Wagner e Luiz Sancho defendem que tal experimento pode resultar em um buraco negro que acabaria desencadeando uma catástrofe de dimensões cósmicas. Extremamente denso a ponto de sugar toda massa e até mesmo a luz para dentro de si, este buraco acabaria por engolir a terra e tudo que estiver próximo a ela. Fica um consolo no ar, caso isto ocorresse, seria tão rápido e indolor que nem seria possível saber ao certo o que está acontecendo.

O CERN também é acusado de não realizar todos os estudos de impacto ambiental. Outra hipótese é a dos Strange Quartz resultarem em uma reação em cadeia que acabaria transformando todo o planeta em uma espécie de “matéria estranha”. O mais aterrorizante é que tais eventos poderiam permanecer ocultos dias, meses ou até anos antes do início do súbito desastre.

Teoricamente seguro

Apesar das alegações catastróficas, físicos renomados como Stephen Hawking e Lisa Randall afirmam que o experimento é completamente inofensivo. Mesmo que um buraco negro fosse criado, este seria milhões de vezes menor que um grão de areia e viveria muito menos que um milionésimo de segundo.

Tudo deve funcionar bem

Caso ele permanecesse estável, criado a velocidades próximas a da luz, ele continuaria se deslocando a esta velocidade, em menos de um segundo já estaria se afastando do planeta rumo ao espaço. E supondo que, apesar de tudo sua velocidade fosse reduzida, sua massa seria tão pequena que seria necessário mais tempo do que a idade atual do universo para que ele atingisse um único miligrama.O investimento vale a pena?
Quase 10 milhões de dólares em um experimento tão abstrato quanto distante da população é realmente é vantajoso? Imagine o mundo sem eletricidade, um dia ela também foi estudada e experimentada antes de proporcionar todo o conforto que vemos atualmente. Da mesma forma que os automóveis, computadores, internet e qualquer outra criação do homem, todos atravessaram um período de testes e experimentação antes de deixar o papel.

Um projeto promissor, quais serão os resultados?A grande diferença neste caso são os custos do projeto, a ciência tem caminhado a largos passos nas últimas décadas, suas fronteiras também se encontram cada vez mais distantes e requerem um investimento maior. Chega a ser difícil prever quais melhorias os experimentos do LHC trarão para a humanidade, mas sem dúvida este episódio tem lugar reservado entre os mais importantes passos dado pela ciência em toda a história.

Capaz de reescrever toda a base da física quântica, em alguns anos começaríamos a desfrutar das novas tecnologias desenvolvidas a partir de seus estudos. Muito mais eficientes e econômicos, os componentes criados com tamanho embasamento subatômico superariam qualquer desenvolvimento atual. E a mais intrigante de todas as dúvidas do homem finalmente poderia ser sanada: “qual é a origem de tudo?”

10 milhões para responder a mais antiga pergunta do homem, estaríamos pagando um preço justo por novos conceitos ou esta quantia seria mais bem aproveitada de outra maneira? Teriam os estudos do LHC uma finalidade parecida com a tecnologia nuclear aplicada às bombas que encerraram a Segunda Guerra Mundial? Seria este o gatilho capaz de acionar o apocalipse com resultados catastróficos? Se o computador quântico é fruto de estudos anteriores a este, quais tecnologias esperar deste projeto promissor?

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