O Tecmundo já abordou, antes, algumas curiosidades sobre eventos ou objetos do cotidiano, como o funcionamento de um forno de micro-ondas e a razão pela qual a pimenta causa espirros no ser humano. Mas o tema é praticamente inesgotável. Todo dia presenciamos fenômenos curiosos que possuem uma explicação científica por trás.
Muitas vezes, estamos tão absortos em nossas atividades que nem percebemos a ciência por trás delas. Quantos já pensaram, por exemplo, no que é mantém água e óleo unidos em uma maionese? Ou, então, por que cargas d’água aquela vela de aniversário não para de reacender após ser assoprada?
Mas agora chegou a hora de acabar com essas dúvidas e, de quebra, absorver um pouco mais de conhecimento geral.
O segredo de uma boa maionese
Apesar de homogênea, maionese é feita com água e óleo (Fonte da imagem: Vijverln/Wikipedia)
Todo mundo sabe que água e óleo não se misturam. Por isso é comum, em algumas cidades, chamarem uma pessoa muito reservada ou isolada de “azeitão”. Porém, existe um molho espesso e cremoso capaz de manter essas duas substâncias unidas: a maionese.
A receita é popular e pode ser encontrada facilmente no Tudo Gostoso. Basta uma rápida olhada nos ingredientes para estranhar o fato de que o vinagre (ou suco de limão) não se separa do óleo. Além disso, existe uma porcentagem muito alta de água no ovo e, se ele também faz parte da receita, como pode formar uma mistura homogênea junto com o óleo?
Como explicado em uma série especial publicada pela revista Scientific American, o segredo da maionese está na gema do ovo e se chama lecitina, que serve como emulsificante da mistura. A molécula da lecitina possui duas extremidades: uma hidrofóbica, que repele a água, e outra hidrofílica, que a atrai. Dessa forma, a lecitina serve como uma espécie de ponte entre as minúsculas gotículas de água e de óleo, mantendo-as unidas e formando, assim, uma mistura homogênea.
A misteriosa vela mágica
Vela reacende sozinha por causa de metal presente no pavio (Fonte da imagem: Wikipedia)
Ela costuma roubar a cena na hora de cantar o “Parabéns”: depois de assoprada pelo aniversariante, a vela mágica volta a acender sozinha, exigindo que seja apagada novamente. A ação se repete por diversas vezes até que alguém resolva, de uma vez por todas, dar um fim para a brincadeira.
O funcionamento dessas velas pode servir como um ótimo pretexto para uma aula de química. Como publicado na edição 175 da revista “Ciência Hoje das Crianças”, são necessários três componentes para que um objeto queime: oxigênio, combustível e energia. No caso de uma queimada, por exemplo, o combustível é a árvore ou o mato que pega fogo, o oxigênio está presente no ar e a energia é o que causa a queimada em si, como a chama de um cigarro jogado por alguém na beira de uma rodovia.
O mesmo modelo pode ser aplicado à vela comum. Ao pegar fogo, o pavio de algodão faz com que a cera da vela derreta, gerando o vapor que é usado nesse sistema como combustível. Ou seja, o que mantém a vela acesa não é a cera em estado sólido ou líquido, mas gasoso. Assim, o pavio absorve o vapor da cera e não deixa a vela se apagar até que o combustível acabe ou alguém assopre a chama.
No caso da vela mágica, o pavio também contém magnésio, um metal que entra em combustão a temperaturas muito baixas. Portanto, mesmo depois de ter assoprado a vela, o pavio ainda está um pouco quente, guardando energia suficiente para que o magnésio se inflame. Com isso, o vapor de cera que restou no pavio volta a se acender, proporcionando risadas e testando o fôlego do aniversariante.
Por que o queijo suíço tem buracos?
Na vida real, alguns queijos também são esburacados (Fonte da imagem: Reprodução/Hanna-Barbera)
Quem costumava assistir a “Tom & Jerry” quando criança pode ter ficado com a impressão de que o camundongo era o responsável pelos inúmeros furos das fatias de queijo que eventualmente apareciam no desenho. Entretanto, esses furos são causados durante o processo de fabricação desse alimento.
De acordo com o Huffington Post, os buracos são causados por bactérias usadas no processo de envelhecimento do queijo suíço, mais formalmente conhecido como Emmentaler. Para produzir esse tipo de queijo, são misturadas culturas de S. thermophilus, Lactobacillus e P. Shermani ao leite da vaca. Essas bactérias produzem a coalhada, que é prensada e embebida em salmoura dentro das formas de queijo. Depois, esses queijos são armazenados a uma temperatura de 22 a 26 ºC, dando início à fase do envelhecimento. É durante essa etapa que a mágica acontece.
Foto da bactéria P. shermani em um queijo suíço (Fonte da imagem: Genoscope)
Quando a bactéria P. shermani consome ácido lático, ela libera dióxido de carbono. O gás acaba se acumulando em forma de bolhas, gerando pequenos bolsões de ar dentro da peça, que resultam mais tarde nos famosos buracos do queijo suíço. Os fabricantes chamam esses buracos de “olhos” e, por incrível que pareça, são capazes de controlar o tamanho das “bolhas” ao alterar a acidez, temperatura ou tempo de envelhecimento do queijo.
Esse controle é muito importante. De acordo com o site Mental Floss, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA definiu que, dentro dos EUA, o queijo suíço deve ter buracos que vão de 9,5 a 20,6 mm. A razão? As máquinas fatiadoras de queijo mais atuais estavam tendo problemas para cortar peças com buracos maiores do que isso.
Como são produzidas as listras vermelhas do creme dental?
Como as listras coloridas são colocadas na pasta de dente? (Fonte da imagem: ShutterStock)
Pela manhã, no banheiro, a pessoa sonolenta pressiona o tubo de pasta de dente sobre as cerdas da escova e, quase que instantaneamente, o creme branco com pequenas listras vermelhas começa a sair ao mesmo tempo que um bocejo se form... Espere! Como essas listras vermelhas foram colocadas tão perfeitamente dentro do tubo?
Por incrível que pareça, o creme dental com listras é uma ideia patenteada nos Estados Unidos. O autor do “invento” é Leonard Lawrence Marraffino, que registrou a inovação estética em 1955 e, logo depois, vendeu-a para a Unilever.
Detalhes interno do tubo da pasta de dente listrada (Fonte da imagem: Joost van Treeck/Wikipedia)
O funcionamento é muito simples. A parte principal da pasta de dente, que normalmente é branca, está posicionada na parte final do tubo e ocupa a maior parte dele. Porém, próximo ao bico está localizado o material vermelho, responsável pelas listras. O que cria aquele efeito visual bacana é o fato de que os dois componentes do creme dental saem por cavidades diferentes: o branco é expelido por um canal central, enquanto que o vermelho sai por quatro cavidades menores, posicionadas na lateral desse canal.
Assim, cada vez que alguém aperta o tubo de pasta de dente, a pressão dos dedos empurra a porção branca que, por sua vez, empurra a parte vermelha. Algumas variações desse modelo também foram patenteadas, permitindo, por exemplo, que o creme saia do tubo com listras de duas cores. Engenhoso, não?
Fontes: Scientific American, Ciência Hoje, Huffington Post, Mental Floss, Leonard Marraffino
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