A necessidade de se ligar dois pontos separados por um rio, mar ou depressão geográfica existe desde a antiguidade, dando origem às pontes. Tradicionalmente, estas estruturas são construídas com um pavimento suspenso suportado por vigas que vão até o fundo da água, mas existem situações em que profundidade é, simplesmente, grande demais.
A área superpovoada ao redor do Lago Washington se encaixa perfeitamente nessa situação, em que o método de sustentação usual precisa ser substituído por uma estrutura que desafia os limites da engenharia: pontes que flutuam. Nesta região estão localizadas as quatro maiores pontes flutuantes do mundo, entre elas está a colossal Evergreen Point, a mais extensa já construída.
O Tecmundo preparou essa matéria que vai apresentar a você a maior de todas as pontes flutuantes, como ela foi construída e os desafios de sua atual fase de expansão. Confira!
Lago Washington
O lago com o mesmo nome do primeiro presidente dos Estados Unidos fica situado entre os distritos de Redmond, Bellevue e Kirkland, regiões metropolitanas da capital estadual Seattle. A região é densamente povoada e a necessidade de pontes que cruzam a bacia é justificada pelo tráfego de mais de 115 mil veículos atravessando o lago diariamente.
Vista panorâmica Evergreen Point Bridge (Fonte da imagem: Divulgação Wikimedia Commons)
A maior delas, a Evergreen Point, liga a metrópole de Seattle à região de Redmond e Bellevue com quatro pistas que se estendem por 2,3 mil metros sobre a água. Ela foi inaugurada em 1963 e custou cerca US$ 153 milhões, considerando o reajuste da inflação.
O motivo que levou à escolha da estrutura flutuante em vez das vigas ligadas ao chão é a profundidade de 65 metros do fundo à superfície, somada a inconsistência do solo argiloso no leito do lago que deixaria os custos proibitivos. Apesar de ser mais barato, construir uma ponte com 230 mil toneladas de concreto capaz de flutuar provou-se um desafio ainda maior.
Uma maravilha da engenharia
Assim como a maior parte das pontes flutuantes ao redor do mundo, a Evergreen Point faz o uso de grandes boias posicionadas embaixo do pavimento para flutuar. Essas boias, chamadas de pontões, têm aproximadamente 10 metros de comprimento e são construídas com uma estrutura metálica revestida por um concreto especial.
Setor flutuante da Evergreen Point Bridge (Fonte da imagem: Divulgação Washington State DOT)
Cada uma dessas boias tem 8 metros de altura, sendo que apenas 1,5 metros fica acima da superfície. Como o peso do volume de água deslocada pelo espaço oco do pontão é maior do que o peso das pistas e dos carros, a ponte flutua.
Para segurar a ponte no lugar, cabos de aço presos a 57 âncoras no fundo do lago amarram cada uma das boias, evitando que toda a estrutura se mova junto com a água. Já a cabeceira da ponte fica amarrada à terra firme nas margens.
Driblando as adversidades
Além da necessidade de flutuar, os pontões também precisam ser revestidos de um material resistente aos efeitos destrutivos da água salgada, já que a maior parte das boias fica submersa. Os cabos que prendem os flutuadores ao leito são o suficiente para aguentar a força da corrente até certo nível, sendo que uma contramedida especial ainda serve como último recurso nos dias em que os ventos ficam muito fortes.
Comporta de vasão aberta durante tempestade (Fonte da imagem: Divulgação Washington State DOT)
Durante tempestades, ondas com mais de 1,5 metros de altura podem prejudicar o trânsito, forçando o fechamento temporário da ponte até que o tempo melhore. Em casos extremos, uma espécie de comporta localizada no centro da extensão se abre para permitir que a pressão das ondas seja dissipada com mais facilidade.
Ainda maior
Apesar de ter aguentado muito bem ao longo de todos esses anos, a vida útil da Evergreen Point está chegando ao fim. Vários reparos foram feitos para estender o tempo de serviço da ponte, o que resultou na adição de peso extra que faz a estrutura ficar 30 centímetros mais submersa do que ela era originalmente.
A idade avançada da estrutura somada a sua ineficiência em suprir a demanda de tráfego da atualidade fizeram com que o estado de Washington aprovasse o projeto de reconstruir a ponte até 2017. Mais uma vez, os métodos de construção foram revisados e aprimorados, o que poderá fazer da “Evergreen Point 2.0“ a ponte flutuante mais longa e avançada do mundo. De novo.
A sua extensão de 2,3 mil metros vai ficar 50 metros maior, enquanto que a estrada passará de quatro para seis pistas e uma via para pedestres, deixando-a com 35 metros de largura. Os novos pontões serão construídos com uma mistura especial chamado de “microsílica” para combater os efeitos corrosivos da água salgada.
Futuro deck principal (Fonte da imagem: Divulgação Washington State DOT)
Mas a principal mudança está na arquitetura geral da ponte. Em vez de ficar preso diretamente sobre os flutuadores, o deque com a camada de 26 centímetros de asfalto ficará elevado a três metros. Dessa forma, os ventos que fazem a água invadir a pista não serão mais um problema, permitindo que a ponte fique em operação quase que initerruptamente.
Arquitetura antiga comparada à nova (Fonte da imagem: Divulgação Washington State DOT)
Além disso, a altura avançada do deque também vai facilitar a instalação e manutenção de cabos e canos sobre a pista. O espaço criado entre o deque e os flutuadores também vai facilitar muito a averiguação dos próprios pontões.
O novo design também vai permitir que a ponte seja personalizável: caso o estado queira adicionar um deque adjacente com trilhos de trem, por exemplo, basta acrescentar os flutuadores extras para aguentar o peso.
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