O cinema constantemente nos apresenta obras de ficção que acabam se aproximando da realidade em alguns momentos. Filmes sobre hackers, desastres ambientais, crises políticas e problemas sanitários já lotaram salas de cinema e, em alguns momentos, quase pareceram proféticos. E as mais recentes obras que embarcam nesse grupo são aquelas que abordam pandemias virais.
Contágio, Os 12 Macacos, Guerra Mundial Z e tantos outros longas já trabalharam com a temática, mostrando diferentes tipos de vírus e suas possíveis consequências — que vão muito além de altas taxas de mortalidade. E entre eles, Epidemia foi uma das produções que voltaram a ganhar destaque, se tornando uma das mais assistidas na Netflix nos últimos meses. Mas, por que esse filme se tornou tão emblemático? E seria possível aprender alguma coisa com ele?
Epidemia é uma produção da Warner Bros., protagonizada por Dustin Hoffman, Rene Russo e Morgan Freeman, além das participações de Donald Sutherland e Cuba Gooding Jr.. O longa-metragem acompanha um médico do Exército que está pesquisando uma doença na África que mata rapidamente as pessoas infectadas. Alguns anos após a descoberta do vírus, este é levado por acidente para os Estados Unidos, onde atinge a população de uma pequena cidade que precisa ser colocada em isolamento para impedir que se espalhe pelo resto do país.
Rene Russo lembrando da importância de usar máscara na premiere de 'Epidemia'Fonte: IMDb/Reprodução
Apesar de ser menos preciso que filmes como Contágio, o longa tem uma abordagem interessante, como a transmissão que parte de um macaco para um humano. Esse salto entre hospedeiros é bastante comum, como é o caso do ebola, da raiva e, agora, do Sars-CoV-2. Essas doenças podem ficar anos sem afetar os humanos, até que o vírus sofre uma mutação e a consequência pode ser a que nós estamos enfrentando com a pandemia do novo coronavírus.
Além de um novo vírus, o filme possui várias sequências que mostram o impacto de uma doença viral no sistema de saúde de um país, com médicos precisando se proteger ao máximo para evitar o risco de contaminação, ao mesmo tempo que ficam sobrecarregados com novos casos. Existe ainda uma sequência impactante (e muito exagerada, como era comum nos filmes da década de 1990) de duas famílias tentando furar o isolamento da cidade, imposto pelo Exército.
Em 1995 o filme abordou os perigos sanitários de uma contaminação por um vírus letalFonte: IMDb/Reprodução
Contudo, talvez a principal aproximação entre ficção e realidade em Epidemia é a negação à ciência e relutância em aceitar os riscos da doença. No filme, o Exército sabe do perigo do vírus, mas não faz nada para contê-lo, pois pretende usá-lo como arma biológica. Além disso, as pessoas da cidade acreditam que é possível enfrentar o vírus sem mudar seus hábitos e chegam a menosprezar os riscos, pois é um inimigo invisível.
Há uma cena emblemática de Epidemia que se passa dentro de uma sala de cinema. Talvez o principal ponto de conexão com a nossa realidade, onde pessoas confinadas ignoram os riscos para se divertir. Uma ironia do filme, uma vez que o cinema é um ambiente de alto risco de contaminação.
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