Como grande fã da franquia 007, fui escalado para acompanhar em primeira mão o novo capítulo da lendária saga de James Bond. Após a série de filmes ter retomado o sucesso com a escalação de Daniel Craig como protagonista, a expectativa sobre o filme era grande e o diretor Sam Mendes, também responsável pelo título anterior, “007 – Operação Skyfall”, não decepcionou e manteve tudo em altíssimo nível.
“007 contra Spectre” finalmente recoloca o universo da franquia nos trilhos clássicos. Não que os filmes anteriores não fizessem jus à série – muito pelo contrário –, mas o clima de reboot da série, iniciado em “007 – Cassino Royale”, desaparece por completo no filme mais recente e Daniel Craig finalmente é James Bond pleno, assim como foi Sean Connery, Roger Moore, Pierce Brosnan e alguns outros.
ATENÇÃO: o texto a seguir pode conter um ou outro pequeno spoiler, nada que possa estragar a experiência do filme, mas se você não quer saber absolutamente nada sobre a trama, assista ao trailer a seguir e não leia mais nada depois dele.
Seguindo de onde parou
A história de “007 contra Spectre” começa logo após o filme anterior e traz todas as mudanças profundas que vimos no final de “007 Operação Skyfall”: o cargo de M agora volta a ser de um homem, papel que foi de Bernard Lee nos 11 primeiros filmes da franquia e que era de Judy Dench desde a era Pierce Brosnan. Moneypenny, a fiel secretária de M interpretada por Naomie Harris, e o mestre de armas Q, agora mais jovem na interpretação de Ben Whishaw, completam o time clássico de aliados do agente secreto, assim como na era clássica de Sean Connery e Roger Moore.
Nesse capítulo da saga, James Bond recebe uma misteriosa mensagem do passado e decide investigar as coisas – para variar – por conta própria, pisando no calo de muita gente grande. Isso desencadeia um processo que pode desestabilizar o Serviço Secreto britânico ao mesmo tempo que traz revelações bastante íntimas para o agente 007.
Introduzindo a Spectre
Também temos a tão aguardada volta da Spectre, a organização criminosa que dava dor de cabeça para Bond nos primeiros filmes da série e que tinha como membros o Dr. Julius No, Red Grant, Rosa Klebb, Emilio Largo e como líder o temível supervilão Ernst Stavro Blofeld, com sua careca, sua cicatriz e seu gato branco inconfundíveis. A versão contemporânea da Spectre é menos caricatural, mas não menos megalomaníaca, e aparenta realmente estar por toda parte, vendo e ouvindo tudo.
O enredo de “007 contra Spectre” é relativamente simples quando comparado aos filmes anteriores estrelados por Daniel Craig. Enquanto “007 – Cassino Royale” possui uma trama complexa, “007 – Quantum of Solace” chega a ser confuso com tantas reviravoltas e “007 Operação Skyfall” vai aos poucos revelando segredos arrepiantes, especialmente em sua última parte, o novo filme deixa bem claro quais são os objetivos e os perigos da trama praticamente desde o começo.
Apesar disso, o que vemos em “007 contra Spectre” é de encher os olhos, sendo com certeza um dos títulos mais visualmente belos da franquia até hoje. A sequência inicial, que se passa durante o festival do Dia dos Mortos no México é de uma beleza incomparável, como um carnaval de rua de elegância extrema, e a perseguição pelas ruas de Roma nos mostra o íntimo da cidade, com o charme de todas as ruas estreitas e milenares da Cidade Eterna e com direito a um Aston Martin terminando no fundo do rio Tibre. Clássico James Bond!
Homenagens à própria franquia
Para os fãs mais detalhistas, é possível notar uma série de elementos que remetem a cenas, personagens ou situações clássicas dos filmes mais antigos da franquia. As máscaras de caveira da cena inicial lembram muito o estilo do vilão Dr. Kananga, de “Com 007 Viva e Deixe Morrer”. A clínica onde Bond encontra Madeleine Swann, personagem de Léa Seydoux, tem uma semelhança incrível à estação de esqui do filme “007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade”. A cena de luta dentro de um trem entre o agente britânico e o vilão Mr. Hinx, interpretado pelo ex-wrestler Dave Bautista, é provavelmente a troca de porradas mais violenta da carreira de Bond e ainda remete sem dúvida à clássica briga entre o 007 de Sean Connery e Red Grant em pleno Expresso do Oriente, em “Moscou contra 007”.
Mais uma vez, como nos dois últimos filmes do agente, as bondgirls não têm muito destaque e Bond não é mais aquele mulherengo de coração gelado dos títulos mais antigos, demonstrando afeto sincero por Madeleine Swann. Vale destacar, porém, que a participação (infelizmente) curta de Monica Bellucci, como Lucia Sciarra, é digna de ser eternizada dentro da série, pois a atriz demonstra uma química inigualável com Daniel Craig em uma cena de tirar o fôlego.
O vilão dos vilões?
O talentosíssimo Christoph Waltz, que ganhou destaque após estrelar os dois últimos filmes do diretor Quentin Tarantino, encarnou o grande vilão de “007 contra Spectre” com a maestria esperada. Infelizmente, ele também teve pouco tempo de tela e o filme terminou deixando aquele gostinho de quero mais. Porém, o pouco tempo em que contracenou com Daniel Craig já deixou claro a ótima química entre os dois, inclusive gerando um diálogo digno de figurar entre os bordões clássicos da série.
No fim das contas, “007 contra Spectre” mantém o alto nível dos últimos filmes e ainda abre uma série de oportunidades para futuros títulos. Sem a confirmação de um novo episódio com Daniel Craig como James Bond, teremos aí mais alguns anos de dúvida sobre o próximo capítulo da franquia, mas certamente os grandes fãs da série vão estar torcendo para que o Bond de Craig ainda dure mais alguns anos.
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