Quando o assunto é fantasia, a Disney é campeã de boas ideias. Nós já vimos isso nos parques, nos desenhos, nos filmes e em outros tantos produtos da companhia, mas a retratação de um futuro palpável repleto de tecnologias é algo um tanto inédito.
Tudo bem, até podemos dizer que o conceito já existe na Disneyland, mas os brinquedos e espaços que lá representam a ideia de um amanhã brilhante nem se comparam ao que vimos no trailer de “Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível”.
Parênteses: só pra constar, o filme não tem nenhuma relação com o famoso evento de música eletrônica, então não espere ver seus DJs favoritos na telona.
Neste longa-metragem, acompanhamos a história de Casey Newton (Britt Robertson, de “Uma Longa Jornada” e “Under the Dome”), uma adolescente otimista, que com a ajuda de Frank Walker (George Clooney), um cientista desiludido, embarca em uma missão repleta de perigos para desvendar os segredos de um local enigmático em algum lugar no tempo e no espaço.
A sinopse não diz muita coisa, porém basta espiar o vídeo acima para você ter uma ideia da proposta. Pois é, com um simples toque em um broche, a jovem Casey é levada a conhecer este local inusitado. Acontece que ao vislumbrar tantas novidades, a protagonista dessa história resolve ir atrás de mais informações, mas parece que nem todos são bem-vindos.
Para quem ainda não viu o filme e não pretende dar de cara com spoilers, podemos resumir que “Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível” acerta bem na pegada tecnológica e futurista, mas se perde um bocado nas explicações e na contextualização. A obra se atrapalha no desenrolar da trama, perdendo um bom tempo no mundo real. Vamos falar um pouco mais sobre os prós e contras.
Alerta spoiler
Antes de dar continuidade à crítica, vale uma pausa para deixar bem claro que vamos abordar diversos detalhes da trama no desenvolvimento deste texto. É recomendável efetuar a leitura após ter conferido o filme, pois algumas informações aqui presentes podem prejudicar sua experiência no cinema. Nós avisamos.
Um mundo com tecnologias fantásticas...
É impossível assistir à Tomorrowland e não relacionar esse mundo visionário com toda a genialidade de Walt Disney. Um mundo em que todos são felizes, onde a tecnologia trabalha a favor da humanidade e no qual o progresso é a sempre a meta principal.
Obviamente, este é um mundo utópico, por isto ele só existe em um filme da Disney. Entretanto, é bom ver que a companhia valorizou algumas das ideias de seu fundador, que tanto falava em naves espaciais e o futuro brilhante da humanidade.
Nesse sentido, a obra dirigida por Brad Bird, que esteve por trás de filmes como “Ratatouille” e “Missão: Impossível - Protocolo Fantasma”, segue muito bem a cartilha de criatividade, apresentando construções mirabolantes (como aquele castelo gigante que vemos no trailer), veículos cobiçados (que tal um jet pack irado?) e obras que são impossíveis em nosso mundo.
O filme na verdade parece uma grande feira de eletrônicos, em que somos levados a ficar embasbacados com cada novidade que é apresentada na telona. Armas capazes de dissolver qualquer coisa, equipamentos de monitoramento avançados, naves capazes de atravessar dimensões e robôs com características — tanto visuais quanto de comportamento — humanas são algumas das ideias deste filme.
Há algumas sacadas muito boas para fazer a ligação entre o nosso mundo e este local mágico, sendo que são nessas situações em que podemos ver como nosso mundo já está tomado pelas tecnologias inovadoras. A coisa fica ainda melhor quando somos levados ao passado para conferir de onde surgiu a ideia de uma Tomorrowland. A cena na torre Eiffel em Paris é simplesmente genial!
Que se perde em sua grandeza
O longa-metragem adota a narrativa inversa, como se tudo fosse um grande flashback, dando inspiração ao público e permitindo que todos sonhem com a Tomorrowland. A tática é válida se considerarmos apenas a questão do desenrolar da trama, mas estraga um pouco das surpresas, já que temos a certeza de que no fim tudo acaba bem.
Os probleminhas de roteiro, contudo, ficam por conta do excesso de contexto sobre o mundo real e os poucos momentos que passamos no futuro. Basicamente, temos um trailer que faz uma propaganda absurda sobre um fantástico mundo alternativo, porém só podemos experimentar alguns minutinhos deste local convidativo. Dá até uma tristeza!
Não bastasse isso, há muita incoerência entre os perigos que são relatados sobre a Tomorrowland e a realidade que é mostrada quando os protagonistas visitam os cenários futuristas. Sinceramente, o mundo real é muito mais perigoso e protegido do que o universo comandado por David Nix (Hugh Laurie).
Tudo acontece de forma tão premeditada e dá tão certo que temos a impressão de que rolou uma preguiça de desenvolver a história — ou, talvez, faltou coragem, já que isso levaria a um filme muito maior que possivelmente não prenderia a atenção do público.
Quanto às atuações, só podemos dizer que, apesar de os protagonistas se saírem muito bem, a cena sempre é roubada por Athena (Raffey Cassidy), a simpática personagem que reside em Tomorrowland e ajuda os personagens principais a chegarem a seus objetivos. Sério, é surpreendente a forma como esta atriz abraça seu papel e deixa a história atraente.
De fato, o filme deixa a desejar por não entregar tudo que promete, mas, felizmente, as pequenas falhas na trama não ofuscam a genialidade do filme, que vale ser apreciado em IMAX. Esperamos que a Disney lance mais filmes assim, principalmente para nós, amantes de tecnologia, que queremos ver mais títulos semelhantes nos cinemas.
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