Hoje (22 de janeiro), diversos cinemas do Brasil começaram a exibir o filme “Foxcatcher: Uma História Que Chocou O Mundo”, que é dirigido por Bennett Miller (de O Homem que Mudou o Jogo) e estrelado por Channing Tatum, Steve Carell e Mark Ruffalo.
Além do elenco que chama a atenção, o longa-metragem vem chamando a atenção de muita gente devido à presença nas listas do Globo de Ouro e do Oscar (são cinco indicações na maior premiação do cinema).
“Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo” conta a história do campeão olímpico de luta greco-romana, Mark Schultz (Channing Tatum), que é convidado pelo milionário John du Pont (Steve Carell) para formar uma equipe e se preparar em seu centro de treinamento de ponta para os Jogos Olímpicos de 1988 em Seul.
Paralelamente, o longa-metragem ainda trata da relação entre Mark e Dave Schultz (Mark Ruffalo) — que além de ser irmão do protagonista, era também lutador e treinador — e a forma como eles mudaram completamente após se envolver com du Pont.
Antecipamos que o resultado desta obra baseada em fatos verídicos ficou bom, mas que o filme pode ser realmente cansativo para quem pensa que vai conferir um filme repleto de lutas. Trata-se de um título bem dramático que deve agradar a quem busca uma história interessante, mas não espere ver um roteiro cheio de fatos curiosos.
Alerta spoiler
Antes de prosseguirmos, vale ressaltar que vamos abordar diversos detalhes da trama do filme no desenvolvimento deste texto. Recomendamos que você leia apenas depois de já ter assistido, pois muitas informações aqui presentes podem prejudicar sua experiência no cinema. Nós avisamos.
Bem construído, mas cansativo
Em primeiro lugar, é importante colocar aqui que a execução de “Foxcatcher: Uma História Que Chocou O Mundo” é impecável. Todos os aspectos foram minuciosamente trabalhados, o que resultou em um filme de qualidade — as indicações em premiações não são por acaso.
A direção é de qualidade, a montagem da história se dá de forma progressiva (aumentando o suspense), a fotografia foi cuidada nos mínimos detalhes (há um capricho especial na recriação das cenas dos Jogos Olímpicos) e o roteiro é muito interessante.
Dito tudo isso, talvez fique contraditório dizer que o filme é cansativo, mas nós podemos explicar. A verdade é que os personagens (que possivelmente foram baseados e imitam muito bem as pessoas da história verídica) são muito fechados e apresentam personalidades difíceis. O protagonista, em especial, é muito calado e parece que tem problemas em concluir diálogos.
O resultado é que o filme é domado por um silêncio sem fim, o que fica ainda mais angustiante pela ausência de trilha sonora em diversos pontos que poderiam deixar a história mais chamativa. Isso gera uma boa construção das cenas e deixa espaço para o público refletir muito, mas não tenho dúvidas que muita gente vai sair um bocado decepcionado da sala de cinema.
O trabalho de maquiagem é realmente excepcional. Steve Carell foi completamente transformado e quem não conhece o ator pode até pensar que se trata de uma pessoa realmente velha. Entretanto, questionamos aqui se não seria mais inteligente, e deixaria o resultado até mais convincente, usar um ator mais idoso?
É preciso salientar que o título aqui no Brasil foi totalmente desnecessário. Se pensarmos que o filme trata de eventos da década de 1980 e que foi um caso que teve repercussão nos Estados Unidos, podemos perceber o exagero na frase “Uma História que Chocou o Mundo”. E mais: ao ler isso, o espectador já sabe que alguma coisa muito ruim vai acontecer. Grande mancada!
Atuações magníficas
Apesar de alguns inconvenientes, o filme se salva graças ao elenco que se mostra extremamente capaz de incorporar os papéis e convencer o espectador. Channing Tatum surpreende, ainda mais por sair do gênero de comédia (e romance) e mergulhar completamente no papel dramático.
Contudo, os destaques mesmo ficam para Steve Carell e Mark Ruffalo. Ambos demonstram uma capacidade monstruosa de atuar, mostrando lados que até então pouco conhecíamos. Além de mudar a voz e as expressões faciais, Carell consegue uma boa desenvoltura na parte corporal, mostrando sua habilidade em interpretar um personagem idoso e misterioso.
Ruffalo também não deixa por menos, enganando o público perfeitamente com seus treinos de luta greco-romana. Não só isso, boa parte dos diálogos do filme é sustentada pelo ator, que é o que mais fala e deixa a trama equilibrada.
Enfim, “Foxcatcher: Uma História Que Chocou O Mundo” é um longa-metragem que pode perfeitamente ganhar alguns prêmios, até por focar bastante na questão do patriotismo, mas não necessariamente é um filme que vai agradar muita gente. Recomendado para quem é fã de cinema e quer conferir uma história “chocante”.
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