Se você usa seu PC para jogar ou fazer edições de música, vídeo e imagem (que tradicionalmente necessitam de um grande uso do processador) já deve ter enfrentado problemas com o aquecimento dos componentes da máquina. Ou pelo menos sabe que, quanto maior o processamento exigido do computador, mais ela esquenta.
Jogar por horas a fio pode causar aquecimento sem um cooler adequado (Fonte da imagem: ThinkStock)
A forma mais comum para esfriar um computador é através de um cooler. Ele serve para eliminar o calor gerado pelo trabalho dos componentes do computador ao deixá-los na temperatura ideal para que rendam o esperado. Existem dois tipos mais comuns: o Air-Cooler, que usa o ar para refrigeração, e o Water Cooler (resfriamento líquido), que funciona com um sistema à água.
Existe uma técnica bastante incomum para manter seu computador numa fria: colocá-lo dentro de um recipiente cheio de óleo mineral dentro. Você não leu errado: é seu PC submerso, com quase tudo dentro. Esse método, afirmam pessoas que já testaram, é garantia certa de um PC mais refrigerado. Será mesmo?
Esfriando a óleo
A primeira dúvida que precisa ser esclarecida quanto ao sistema: óleo não é água. O senso comum nos leva a acreditar que componentes eletrônicos submersos em qualquer líquido serão torrados. Não é verdade. Fato é que água e eletricidade não se misturam. O líquido transparente – vital para nosso corpo – é um veneno para tudo o que é movido a energia, porque conduz eletricidade e porque pode causar curto-circuito, oxidação e enferrujamento.
Por isso há um grande receio por parte daqueles que usam o Water Cooler. Mesmo que a água passe por dentro de tubos, qualquer vazamento pode danificar as peças do computador de maneira irreversível. Com o óleo mineral é diferente, já que ele não conduz eletricidade e é usado até como isolante.
Water Cooler: resfriamento a líquido (Fonte da imagem: Divulgação)
Mas encontrar óleo mineral não é uma tarefa fácil, apesar de o produto ter diversos usos, como em problemas intestinais, hidratação e lubrificação. Mesmo assim já foram feitos alguns testes com resultados satisfatórios, mostrando na prática que submergir um computador inteiro não é loucura.
Uma das empresas pioneiras no assunto chama-se Puget Systems. Eles estão testando esse método de refrigeração há mais de dois anos e vendem um kit “faça você mesmo”, que já está em sua terceira versão. Apesar de vender computadores personalizados, a empresa diz que apenas está realizando um “projeto divertido” e não tem planos de comercializar máquinas completas com este sistema.
Os testes
A ideia de usar óleo para refrigerar um PC não é exatamente nova. Quem faz overclock sempre está à procura de métodos para resfriar o computador e obter o poder máximo dos seus componentes. Alguns projetos já foram feitos anteriormente com óleo vegetal (de cozinha), mas o problema é que depois de um tempo ele produz um cheiro desagradável. Já o óleo mineral não tem esse problema, porque é limpo.
Antes dos testes, as maiores dúvidas com relação ao óleo mineral que precisavam ser respondidas eram quanto ao desempenho e efeitos a longo prazo. A Puget System então resolveu tirar a prova e montou seu sistema de refrigeração dentro de um aquário.
Não houve muito segredo na hora de testar o produto: bastava afundar todo o hardware dentro do aquário cheio de óleo mineral (entre 19 a 23 litros). Foram feitas apenas algumas adaptações nele para que recebesse o gabinete; nenhuma peça foi deixada para fora, exceto o drive e o disco rígido. O computador foi mantido por mais de dois anos dentro do recipiente com diversos testes sendo feitos, para averiguar a eficácia do método. As conclusões são reveladoras.
O resultado
A grande vantagem apresentada no uso de óleo mineral para manter o computador refrigerado foi sua capacidade de calor específico. Ou seja, ele conseguiu absorver muito calor sem a necessidade de ventilá-lo (a caixa ficava vedada nos testes). A variação térmica do óleo não sofreu grandes alterações ao receber o calor do trabalho dos componentes.
Apesar disso, o computador chegou à temperatura de 88°C em testes feitos por 12 horas consecutivas com o 3DMark06 (programa usado para testar a performance 3D das placas de vídeo) – um valor considerado alto. Mas essa marca levou um longo tempo para ser alcançada, além de o sistema não ter falhado nenhuma vez no período.
PC no aquário: não coloque peixes! (Fonte da imagem: Puget System)
O experimento não apresentou problemas mesmo em um teste realizado por dois dias seguidos de forma ininterrupta. Isso quer dizer que você vai poder jogar Battlefield 3 durante o final de semana todo sem torrar seu PC.
Outra questão importante é o barulho. Com a submersão dos componentes, o computador ficou absolutamente silencioso, sem aquele ruído da ventoinha “estourando a cabeça”.
Mas, diante dos outros coolers, será que esse é o melhor modelo para seu PC?
Comparando com os outros
O Air-Cooler é bem mais barato, mas também menos potente que o modelo à base de óleo mineral. Ele também é mais comum, uma vez que a maioria dos computadores não tem componentes que necessitem de maior refrigeração. Esse cooler também é bem mais barulhento e as máquinas mais potentes precisam mais de um, o que pode até ficar inviável frente ao modelo submerso. Se você usa seu PC para tarefas básicas (ler, navegar na internet, escutar música), pode ficar com sua ventoinha.
Air-Cooler tem desempenho razoável em máquinas mais poderosas (Fonte da imagem: Computers Unlimited)
Já o Water Cooler funciona de forma similar ao resfriamento de um carro, já que usa água (sim, a arquirrival dos componentes eletrônicos) e um radiador. Por isso, é o método mais perigoso para esfriar um computador, por envolver o risco de vazamentos. Ele funciona melhor que o Air-Cooler porque a água é mais eficiente na absorção de calor que o ar (para entender melhor, clique aqui). Porém, seu desempenho é inferior ao do sistema a óleo mineral e custa praticamente o mesmo preço.
Quero um!
Se você ficou interessado pelo modelo, comprar os itens necessários pode doer no bolso. A Puget System vende dois modelos diferentes que custam US$ 460,99 dólares (a segunda versão) e US$713,76 (a terceira). A diferença essencial entre as duas é que a terceira versão tem maior capacidade do tanque do aquário e potência máxima de watts, além de ser compatível com um modelo a mais de placa-mãe. Está incluso dentro do kit um radiador externo para resfriar o óleo e manter a temperatura ainda mais baixa.
Mas é claro que você pode fazer uma versão caseira de testes, caso queira construir o seu próprio sistema de resfriamento. O essencial é ter um aquário (ou equivalente), um computador (velho de preferência) com gabinete e óleo mineral.
Kit básico: gabinete, aquário e óleo mineral (Fonte da imagem: Puget System)
Caso mantenha o computador submerso por bastante tempo , saiba que não é necessário trocar o óleo – apenas certifique-se de limpar os componentes antes de submergi-los. Além disso, mantenha o recipiente bem vedado para evitar a evaporação do líquido. O óleo mineral não é inflamável, portanto o computador não vai explodir na sua cara.
Duas questões importantes: o óleo mineral é muito difícil (quase impossível) de ser removido depois que seus componentes forem submersos nele. E afundar seu hardware em óleo mineral irá anular a garantia, caso seu computador esteja dentro do período.
Monitorando a temperatura
E você? Tem ideia da temperatura dos componentes do seu computador? Se sua máquina está travando ou desligando automaticamente, é bom averiguar se ela não está com um problema de superaquecimento. Você pode descobrir se ela está fritando através de algum dos programas de monitoramento de temperatura, disponíveis para download no Baixaki: HWMonitor (gratuito), Everest (gratuito para testar), CoreTemp (gratuito), SpeedFan (gratuito), além de outros.
Mas não basta apenas saber qual é a temperatura que os componentes do seu PC estão trabalhando. Consulte o site dos fabricantes para saber também qual é a temperatura correta de trabalho. Este artigo ajuda você a manter a temperatura do PC sob controle.
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