O ano de 2015 começa detonando com um mês recheado de boas estreias. Entre tantas obras aguardadas, teremos a oportunidade de conferir o novo filme dirigido e produzido por Angelina Jolie — esta é a segunda vez que a atriz encara a tarefa de comandar um título para as telonas.
O longa-metragem intitulado “Invencível” é a cinebiografia de Louis “Louie” Zamperini, famoso atleta olímpico que impressionou o mundo por sua incrível velocidade na prova de 5 mil metros nas Olimpíadas de Berlim (quando quebrou um recorde) e que sobreviveu à fúria do mar, à guerra e a um carrasco japonês.
A obra estrelada por Jack O'Connell (de “300: A Ascensão do Império”) mostra desde as primeiras corridas de Zamperini durante a adolescência até sua incrível força de vontade e garra no decorrer da guerra, em que sofreu um acidente e passou por duras provas ao longo de 47 dias no meio do oceano.
Trata-se de um drama de dar nó na garganta com direito a cenas perfeitamente projetadas para evidenciar o sofrimento e a ação frenética dos mais variados tipos cenários de guerra. O filme é um prato cheio para quem gosta da temática e quer se emocionar com uma história improvável. Vamos comentar um pouco mais sobre os motivos que fazem este ser um bom candidato a alguns prêmios.
Alerta spoiler
Antes de dar continuidade à crítica, vale uma pausa para deixar bem claro que vamos abordar diversos detalhes da trama no desenvolvimento deste texto. É recomendável efetuar a leitura após ter conferido o filme, pois algumas informações aqui presentes podem prejudicar sua experiência no cinema. Nós avisamos.
Emoção, adrenalina e angústia
Conforme descrito acima, o filme “Invencível” tenta mostrar diversos momentos da vida de Zamperini, nos levando até mesmo a conhecer um pouco de sua infância e como surgiu a ideia de investir pesado na corrida. É por conta de tantas situações diferentes que o filme acaba ganhando sustentação e tem sua duração prolongada.
Entretanto, o longa comandado por Jolie não fica cansativo em momento algum. A forma como a película abraça tantos ocorridos na vida do atleta é algo bem pensando, com flashbacks encaixados de modo apropriado, os quais deixam claro como um soldado numa situação tão complicada acaba relembrando de coisas tão pequenas.
A guerra é o tempo presente do filme e a equipe responsável por esta obra conseguiu montar o filme de tal forma que somos jogados no meio do fogo cruzado, mas que ainda conseguimos acompanhar todos os fatos e tiroteios sem ficar desnorteados. As sequências desenvolvidas de forma progressiva facilitam a compreensão da situação e dão detalhes de tudo. As cenas nos aviões e nos campos de detenção são muito bem detalhadas.
O público fica apreensivo em boa parte da história, não apenas pelas cenas de ação que deixam todos com os olhos fixo na tela, mas principalmente por conta dos longos dias em que os protagonistas passam à deriva. Muita coisa parece até conto de pescador, mas, independente do que tenha ocorrido, o jeito como o roteiro se desenvolve convence de que tudo pode realmente ter acontecido na vida real.
Algumas falhas, mas nada significativo
O filme de Angelina Jolie faz questão de mostrar inúmeras vezes que Zamperini era um homem que não desistia facilmente, daí o porquê, inclusive, do nome do longa-metragem. O atleta não se rendeu as adversidades e mostrou que acima de tudo ele honrava seu país natal: os Estados Unidos da América.
Sua longa estadia no meio do oceano é dolorosa e emociona o público. A resistência, a perseverança e a esperança demonstrada pelo soldado são impressionantes. A única coisa é que o patriotismo exagerado (notável principalmente quando ele é capturado pelos japoneses) fica sem explicação. Ele sofre de uma maneira além do que meros mortais poderiam suportar, mas não desiste de seu país. Uma pequena lacuna no roteiro.
Muito do mérito de “Invencível” é de Jack O'Connell. O ator conseguiu incorporar muito bem o papel, transparecendo muito claramente o sofrimento, a dor, o desespero e o drama vivido pelo protagonista. Aliás, após conferir o filme, é provável que você fique pensando justamente no preparo físico do ator, pois ele precisou passar por inúmeras transformações para dar vida ao personagem.
O elenco de apoio também não faz por menos. Nomes como Domhnall Gleeson, Garrett Hedlund, Takamasa Ishihara e Finn Wittrock ajudam a dar consistência à película. As cenas nos campos de detenção são ainda mais convincentes, já que vemos dezenas de prisioneiros juntos.
Parte do trabalho excepcional se deve também a maquiagem, que convence bem ao mostrar os ferimentos, calos, hematomas e inchaços nas mais diversas situações. Só há um pequeno desleixo em alguns momentos, quando percebemos que o soldado fica sem qualquer deformação, mesmo após ser espancado severamente.
Apesar de um ou outro inconveniente, o conjunto da obra é impressionante. Angelina Jolie surpreende como diretora, comandando cenas emocionantes e instruindo muito bem o elenco. A fotografia do filme é fantástica (daí até o motivo para a indicação ao Oscar) e a trilha sonora se encaixa de forma coerente, arrancando lágrimas de boa parte da plateia. Um filme que vale ser conferido no cinema!
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