O mundo do cinema é conhecido como um lugar em que tudo é possível. Voar, caminhar sobre as águas, erguer a mais pesada das rochas e parar no tempo. Nada escapa das possibilidades criativas dos diretores de cinema e especialistas em efeitos especiais.
No entanto, o que muita gente desconhece, é que não só os elementos mais chamativos ganham efeitos de computação gráfica. Muitas vezes cenas corriqueiras, como um casal caminhando na rua, também são feitas quase que completamente com aplicação de efeitos especiais.
As razões para utilização de tecnologia até mesmo onde não é exatamente necessário variam. As mais comuns são redução de custos e possibilidade de controle total das condições de iluminação do ambiente, algo que sempre suscita problemas em filmagens ao ar livre.
Mas como são filmadas as cenas que envolvem efeitos especiais? Quais são os truques mais comuns utilizados no cinema e que vemos no dia a dia em produções de grande e pequeno orçamento? O Baixaki explica para você o passo a passo de alguns dos efeitos especiais mais utilizados na atualidade.
Chroma Key
Um dos efeitos utilizados em maior escala no cinema são os chamados Chroma Keys. Simples e rápidos, eles são utilizados há várias décadas e mesmo as formas mais evoluídas de computação gráfica ainda se utilizam dessa técnica como modelo para a aplicação de efeitos posteriores.
Uma das palavras chaves para entender o cinema de efeitos especiais é planejamento. Não se liga uma câmera enquanto a cena não estiver completamente planejada, com sua duração total, condições de iluminação, movimentos dos atores e, principalmente, quais efeitos serão necessários na pós-produção.
Vamos tomar como exemplo a cena que ilustramos no infográfico abaixo. Um super-herói segurando uma mulher nos braços enquanto voa pelos céus de uma grande cidade. Seria absurdamente caro – e perigoso – colocar um ator suspenso em um helicóptero para gravar essas imagens. Por isso, a utilização de computação gráfica.
O primeiro passo em uma sequência como essa é a gravação da imagem de fundo, os céus em que o super-herói aparecerá sobrevoando. Isso é feito porque é a partir das condições de iluminação exibidas na imagem que o diretor de fotografia poderá determinar quais são as condições de iluminação necessárias no estúdio.
Em alguns casos o processo pode ser feito de maneira inversa, mas as imagens precisarão depois de uma correção de luminosidade no computador, processo que encarece um pouco mais o processo e, nem sempre, garante uma excelente qualidade de imagem no final da produção.
Em seguida as atenções se voltam para o estúdio. Em um cabo o ator é suspenso e grava os movimentos como se estivesse, de fato, voando. O fundo é composto por uma tela azul ou verde, chamada de Chroma Key. Essa cor é escolhida por ser de fácil contraste na edição de vídeo.
Sabe aqueles uniformes repletos de poderes ou mesmo personagens impossíveis de existirem de verdade na vida real? Eles são completamente criados por computação gráfica, mas necessitam de uma base de referência para que possam apresentar novimentos fluídos na tela.
Essa base é capturada a partir de pequenos pontos de luz colocados na roupa do ator. Eles servem de referência para que o designer possa criar os efeitos especiais seguindo as mesmas características físicas do ator em questão.
Em seguida, depois de capturadas as imagens, os cabos que suspendem o ator são apagados e o fundo é aplicado. O resultado, quando feito de maneira profissional, é convincente e você pode até jurar que o ator realmente está naquela locação.
Depois da aplicação da imagem de fundo e da substituição da roupa de pontos luminosos por outra criada digitalmente, é hora de colocar outros elementos na cena. No nosso exemplo, uma mulher foi colocada nos braços do ator. Ela pode tanto ser uma criação digital quanto um recorte de outra filmagem.
O resultado final, inserido em meio ao contexto do filme de forma rápida, deixa a nítida sensação de que aquilo realmente aconteceu. E, quando criado em estúdio, é possível de ser realizado com um custo significativamente menor.
Bullet Time
Um dos efeitos que mais chamaram a atenção no mundo do cinema nasceu no final de década de 90. Chamado de bullet time, o efeito surgiu com grande destaque no filme Matrix. Sua criação é muito mais um trabalho de física e engenharia do que uma arte propriamente dita.
Inicialmente o processo é feito da mesma forma que no Chroma Key, com o ator em um estúdio com completo controle de iluminação. A diferença maior fica por conta da maneira como a cena é filmada. Em vez de uma câmera, são utilizadas dezenas delas, dispostas em círculo, e disparadas de maneira sequencial.
Depois de filmada, a sequência inteira é transferida para o computador e o processo de junção de uma imagem para outra se assemelha à criação de um GIF animado. Ou seja, cada imagem representa alguns milésimos de segundo e, juntas, formam a sequência inteira.
Mais uma vez o segredo aqui é planejamento. Alguns filmes, com orçamentos maiores e produção mais detalhada, destinam dois ou três profissionais para cuidar exclusivamente de uma cena. A montagem muitas vezes leva alguns dias mesmo que na tela, o resultado seja exibido em alguns poucos segundos.
Uma das cenas específicas de Matrix que mais chamam atenção, e que ilustra bem o nome dado para o efeito, é a sequência em que Neo desvia de um tiro. O projétil que aparece no filme foi criado digitalmente, apenas o movimento do ator é verdadeiro. Da mesma forma, o cenário que você vê ao fundo, foi inserido a partir de um Chroma Key.
Quanto maior é o número de efeitos digitais utilizados, mais questionamentos são feitos quanto ao real papel do ator em alguns filmes. No entanto, essa crítica não procede, já que independente de ele estar se relacionando com outra pessoa ou com uma “ilusão gráfica” suas expressões corporais e a atuação como um todo deverão ter a mesma eficiência ou soarão falsas da mesma forma.
Slow Motion
Outro efeito utilizado com muita frequência no cinema atual é o slow motion. Trata-se de uma mesma imagem exibida em velocidade reduzida, dando a impressão que a sequência de ação que está acontecendo se passa em câmera lenta.
Para que você visualize o resultado de uma sequência como essa com qualidade é preciso que a câmera filme em velocidade acelerada. Parece estranho, não é mesmo? Mas a explicação para essa efeito é mais simples do que parece.
Normalmente as câmeras de cinema estão programas para filmar uma imagem em 24 quadros por segundo, ou seja, durante 1 segundo são tiradas 24 fotos. Essas fotos, quando exibidas continuamente e à mesma velocidade dão a impressão de movimento.
Para que uma imagem em câmera lenta apresente toda a riqueza de detalhes sem dar a impressão que as pessoas estão se mexendo como bonecos, o processo de filmagem é acelerado. Assim, em vez de a câmera captar 24 quadros em 1 segundo ela captura 48, 72 ou quantos forem necessários de forma a proporcionar uma maior riqueza de detalhes.
Assim, sempre que você assistir a uma imagem em câmera lenta, saiba que para sua composição foram necessárias muito mais imagens para formação da cena se comparado com uma filmagem normal. Esse processo torna mais caro também o processo de produção, uma vez que, no caso da película, é utilizado muito mais material para mostrar menos tempo.
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Você já conhecia o processo de criação de alguns dos principais efeitos especiais do cinema? Que outras tecnologias utilizadas em Hollywood você gostaria de conhecer? Deixe o seu comentário e participe.
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