O Relógio do Juízo Final, mantido por um grupo de pesquisadores e atualizado anualmente, teve os ponteiros alterados nesta terça-feira (28). E a notícia não é nada boa: ele atingiu o nível mais crítico desde a sua criação, o que significa um perigo recorde contra a existência do ser humano no planeta.
A atualização faz com que o relógio agora marque 89 segundos para a meia-noite, que é considerado o ponto sem retorno de riscos para a sociedade. A mudança foi de um segundo em relação ao reajuste anunciado no ano passado e estabelece um novo recorde — sendo que, quanto mais perto da meia-noite, maior é a preocupação.
No comunicado, o grupo responsável pelo relógio pede que nações como Estados Unidos, China e Rússia assumam a responsabilidade e ajam juntos para tirar o mundo dessa situação frágil, marcada por "instabilidade global e tensão geopolítica".
Por que estamos tão perto do fim?
Segundo o Boletim de Cientistas Atômicos, que atualiza o relógio, o problema de 2024 é que "líderes nacionais e as suas respectivas sociedades falharam em fazer o que era necessário para mudar de rumo" uma situação já vista como preocupante. Acordos até foram assinados, mas sem qualquer efeito prático.
O risco nuclear ainda existe, em especial por guerras ainda em andamento — a disputa entre Rússia e Ucrânia, já com três anos de duração, e conflitos no Oriente Médio, como os envolvendo Israel.
Além disso, há peso também nos impactos das mudanças climáticas, com questões como o aumento da temperatura média global e do nível do mar, além de fenômenos extremos cada vez mais frequentes em todos os continentes. Na área da saúde, o grupo cita o surgimento e retorno de doenças ameaçadoras, incluindo possíveis surtos de gripe aviária.
Já a tecnologia que aparece como risco à humanidade é a inteligência artificial (IA) em duas aplicações, sendo a primeira delas em uso militar para tomada de decisões.
O segundo problema da IA na sociedade moderna envolve o espalhamento de desinformação e teorias da conspiração que "degradam o ecossistema de comunicação e borram cada vez mais a linha entre verdade e falsificações", cada vez mais difíceis de serem detectadas.
O Relógio do Juízo Final
O Boletim de Cientistas Atômicos foi fundado por cientistas como Albert Einstein e Robert Oppenheimer, pai da bomba atômica. Originalmente chamado de Doomsday Clock, o relógio era uma forma de mostrar a preocuação do grupo com a corrida armamentista da Guerra Fria e como um eventual conflito nuclear que poderia levar ao apocalipse.
Essa instalação, que é ajustada anualmente, é uma forma de conscientizar líderes políticos e toda a sociedade sobre os perigos encarados pela população da Terra — não só em questões militares, mas também envolvendo clima, saúde e tecnologia.
"O propósito do Relógio do Juízo Final é começar uma conversa global sobre as ameaças bastante reais existentes que continuam mantendo os cientistas acordados durante a noite. (...) Refletir sobre essas questões de vida ou morte e começar um diálogo são os primeiros passos para recuar os ponteiros do relógio para longe da meia-noite", diz o professor Daniel Holz, um dos membros do grupo e professor na Universidade de Chicago.
A próxima atualização do relógio está marcada para janeiro de 2026.
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