No contraste com a escuridão profunda do espaço, a Lua captura o olhar da humanidade desde tempos imemoriais e o mergulha em fascínio e deslumbramento. Há pouco mais de meio século, contudo, ela deixou de ser apenas um corpo celeste distante para se tornar um local onde os seres humanos deixaram suas pegadas pela primeira vez.
O pouso na Lua marcou o auge tecnológico da década de 60 e foi um marco de realização científica sem precedentes. Desde então, um total de 12 pessoas caminharam sobre o solo lunar, em uma jornada que transformou a história da exploração espacial e o modo como vemos nosso lugar no cosmos.
A Lua, nosso único satélite natural, está a uma distância média de 384 mil quilômetros da Terra.Fonte: Getty Images
No final da década de 1950 e início dos anos 1960, a corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética estava em seu auge. Com o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik, em 1957, os soviéticos saíram na frente, forçando os estadunidenses a darem uma resposta alguns anos mais tarde, em 1961, quando o presidente John F. Kennedy anunciou o objetivo audacioso de enviar um homem à Lua e trazê-lo de volta com segurança antes do fim da década.
Para atingir esse objetivo, a NASA lançou o Programa Apollo, uma série de missões destinadas a desenvolver a tecnologia necessária para o pouso lunar. Este programa foi um dos projetos científicos e tecnológicos mais ambiciosos da história, mobilizando uma vasta quantidade de recursos e engenheiros.
A construção do foguete Saturno V, que se tornaria o veículo mais potente já criado, foi essencial para viabilizar essas missões. Com seus 110 metros de altura, o Saturno V foi um verdadeiro colosso, capaz de lançar todos os módulos necessários para a viagem de ida e volta ao nosso satélite natural.
Tripulação da Apollo 11, da esquerda para a direita: Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin.Fonte: Getty Images
O primeiro pouso na Lua ocorreu na missão Apollo 11, no dia 20 de julho de 1969. Nessa missão, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornaram os primeiros humanos a pisar na superfície lunar, enquanto Michael Collins permanecia em órbita no módulo de comando.
A célebre frase de Armstrong, "um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade", marcou o início de uma nova era para a exploração humana do espaço. Durante essa missão, os astronautas coletaram cerca de 21,5 quilos de amostras de rochas lunares e instalaram instrumentos científicos para estudar o ambiente lunar.
Nos meses seguintes, entre os anos de 1969 e 1972, a NASA realizou um total de seis pousos tripulados na Lua, todos como parte do Programa Apollo. As missões, Apollo 12, 14, 15, 16 e 17 seguiram o sucesso do Apollo 11, permitindo que mais 10 astronautas caminhassem pela superfície lunar. Essa exclusivíssima é composta por:
- Neil Armstrong (Apollo 11) – 1969;
- Buzz Aldrin (Apollo 11) – 1969;
- Charles "Pete" Conrad (Apollo 12) – 1969;
- Alan L. Bean (Apollo 12) – 1969;
- Alan Shepard (Apollo 14) – 1971;
- Edgar Mitchell (Apollo 14) – 1971;
- David Scott (Apollo 15) – 1971;
- James B. Irwin (Apollo 15) – 1971;
- John W. Young (Apollo 16) – 1972;
- Charles Duke (Apollo 16) – 1972;
- Eugene Cernan (Apollo 17) – 1972;
- Harrison Schmitt (Apollo 17) – 1972.
Nestas missões, os astronautas exploraram diferentes regiões e trouxeram amostras adicionais de rochas para a Terra, totalizando aproximadamente 382 quilos de material.
Buzz Aldrin fotografado por Neil Armstrong.Fonte: Getty Images
A Apollo 13, embora programada para pousar na Lua, teve que abortar o pouso devido a uma explosão em um dos tanques de oxigênio do módulo de serviço. Graças ao esforço extraordinário da equipe da missão, os astronautas retornaram em segurança, mas sem alcançar o solo lunar.
Todas essas missões revelaram importantes informações científicas a partir dos experimentos conduzidos.
As amostras recolhidas em nosso satélite natural, ajudaram a entender melhor a geologia lunar, a composição do solo e o ambiente de radiação no espaço, mostrando também os primeiros indícios de que a Lua foi formada a partir de um impacto gigante entre a Terra e outro corpo celeste há cerca de 4,5 bilhões de anos.
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Após a Apollo 17, o financiamento para novas missões lunares foi cortado, e a NASA voltou sua atenção para outras prioridades, como a exploração do Sistema Solar com sondas espaciais e o desenvolvimento de programas de voo espacial em órbita baixa, como o ônibus espacial e a Estação Espacial Internacional. Por essa razão, desde 1972 a humanidade ainda não retornou à Lua.
Base de lançamentos das missões Apollo, em Cabo Canaveral, e possível local de lançamento das futuras missões do programa Artemis.Fonte: Getty Images
No entanto, os planos de voltar à Lua estão mais vivos do que nunca. A NASA, juntamente com parceiros internacionais e empresas privadas, está desenvolvendo o Programa Artemis, cujo objetivo é enviar astronautas de volta à Lua nos próximos anos, com a primeira tentativa de pouso prevista para 2026.
A missão contará com a primeira mulher na tripulação e a próxima geração de astronautas devem explorar o polo sul lunar. Diferente das missões Apollo, o foco desta vez é estabelecer uma presença sustentável na Lua, que servirá como base para futuras missões tripuladas a Marte.
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