Há milhares de anos, muitos cientistas primitivos acreditavam que a Terra era o centro do universo e, que tudo girava ao nosso redor. Tecnicamente, todos os corpos celestes do universo estão realmente espalhados ao nosso redor, mas a Terra está muito longe de ser o centro do cosmos.
Atualmente, utilizamos o princípio copernicano e o princípio cosmológico para compreender a realidade ao nosso redor — o método cosmológico é uma extensão do princípio copernicano. Ambos afirmam que a Terra não está no centro do universo; na verdade, a região que habitamos é considerada apenas uma 'esquina distante' do cosmos.
Se os cientistas encontrassem algo que violasse esses princípios, seria um grande problema, pois eles desempenham papéis fundamentais em diversos estudos sobre os astros.
Na verdade, não é mais uma questão de 'se', pois astrônomos já encontraram anomalias que sugerem possíveis violações ao observar dados coletados do fundo cósmico de micro-ondas (CMB). O CMB representa a radiação do início do universo, registrada cerca de 380 mil anos após o Big Bang.
“O princípio copernicano é uma pedra angular da maior parte da astronomia, é assumido sem questionamentos e desempenha um papel importante em muitos testes estatísticos para a viabilidade de modelos cosmológicos. É também uma consequência necessária da suposição mais forte do Princípio Cosmológico: a saber, que não apenas não vivemos em uma parte especial do universo, mas não há partes especiais do universo – tudo é o mesmo em todos os lugares (até a variação estatística)”, o cientista do Fermilab, Albert Stebbins, disse ao site Phys.
- Descubra: Existia algo antes do Big Bang?
A partir do princípio cosmológico, os astrônomos compreendem que o CMB deve ter quase a mesma temperatura em todas as direções, com algumas flutuações naturais. Contudo, foram detectadas possíveis violações, já que algumas investigações registraram pontos quentes e frios anômalos alinhados em um eixo do CMB, nomeado de 'Eixo do Mal'.
O que é o ‘eixo do mal’?
As missões COBE e WMAP, da NASA, realizaram medições e descobriram que a temperatura média do CMB é de aproximadamente -270 graus Celsius, com pequenas flutuações naturais e previstas pelos princípios.
Ao analisar o CMB em diferentes escalas angulares, os cientistas podem compreender a distribuição das temperaturas ao longo do fundo cósmico. Essas flutuações deveriam resultar em uma distribuição aleatória de regiões quentes e frias, sem padrões de alinhamento. Contudo, foi observado que os padrões de flutuação em escalas maiores, correspondentes ao quadrupolo e ao octupolo do CMB, parecem estar alinhados.
A radiação cósmica de fundo em micro-ondas (imagem) é considerada muito importante para a astronomia, pois pode ajudar a responder questões sobre o universo primordial.Fonte: ESA
A partir daí, o fenômeno anômalo foi nomeado de ‘Eixo do Mal', mas ainda não foi completamente compreendido. O nome é uma referência à expressão adotada pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush em 2002, ao se referir ao Irã, Iraque e Coreia do Norte.
Anomalia cosmológica
O primeiro artigo científico sobre o tema foi publicado em 2005, quando o termo 'Eixo do Mal' foi usado pela primeira vez para descrever a anomalia. Segundo o astrofísico da Universidade Estadual de Ohio (EUA), Paul Sutter, na época da primeira medição do fenômeno, os cientistas acreditaram que poderia ser um erro estatístico que desapareceria nas medições seguintes. Contudo, o problema continuou sendo detectado em outras observações.
“É realmente apenas coincidência? Um alinhamento casual que somos condicionados a encontrar devido a nossos cérebros amantes de padrões? Ele aponta sedutoramente o caminho para uma física nova e revolucionária? Ou talvez tenhamos apenas estragado algo com as medições?”, Sutter explica em um artigo no site Space.
De qualquer forma, o fenômeno precisa ser analisado com mais detalhes para que os cientistas compreendam se ele de fato representa um potencial desafio ao princípio cosmológico. Por isso, ainda não há uma conclusão para explicar a natureza do 'Eixo do Mal', mas talvez possamos responder a esse mistério em um futuro próximo.
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