Na busca incessante por civilizações extraterrestres, dois estudos recentes se concentraram na busca por hipotéticas megaestruturas que somente culturas altamente avançadas seriam capazes de construir: as chamadas esferas de Dyson. Concebidas pelo físico Freeman Dyson em 1960, esses orbitadores poderiam captar e utilizar a energia de estrelas.
Curiosamente, as duas pesquisas, publicadas no servidor de pré-prints arXiv e na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, conseguiram detectar 60 possíveis "megaestruturas alienígenas" orbitando estrelas da nossa própria galáxia.
- Entenda: Em vez de megaestruturas alienígenas, talvez a melhor opção seja buscar por 'Planetas de Serviços
A busca por esses objetos, até hoje restritos a filmes de ficção científica, utilizou a luz emitida pelas estrelas, principalmente ocorrências de luminosidade variável, provocada pela suposta passagem de uma esfera de Dyson na frente da estrela. Além disso, ao captar a energia estelar, as esferas gerariam alta quantidade de calor residual, detectável em espectrômetros como um excesso de luz infravermelha.
Buscando megaestruturas alienígenas em cinco milhões de estrelas
O primeiro artigo ressalva um problema também presente no outro estudo: "excessos infravermelhos estelares podem indicar vários fenômenos de interesse, desde discos protoplanetários a discos de detritos, ou (mais especulativamente) assinaturas tecnológicas ao longo das linhas das esferas de Dyson".
Isso significa que a expectativa por excessos de infravermelho (IR) é maior em estrelas mais jovens, mas se reduz à medida que elas envelhecem. No entanto, a pesquisa revelou excesso de IR em estrelas mais velhas, com idades entre 10 e 200 milhões de anos. O total encontrado foi de 16, sendo que uma delas tinha mais de 1 bilhão de anos.
Usando, posteriormente, o aprendizado de máquina para pesquisar dados de quase 4,9 milhões de estrelas e descobrir emissões infravermelhas maiores do que o esperado, a equipe encontrou 53 candidatas em potencial. Entre elas, há estrelas jovens, mas também outras bem mais velhas, portanto, mais propensas a abrigar potenciais megaestruturas alienígenas.
Estrelas candidatas a abrigar esferas de Dyson
O segundo estudo pesquisou evidências de esferas de Dyson parciais, ou seja, megaestruturas que não envolvem totalmente a estrela. Para isso, os autores digitalizaram dados da missão Gaia, que registra medições de posições e distâncias de estrelas. Esses dados foram combinados com dois levantamentos de IR: o Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) e o Two Micron All Sky Survey (2MASS).
O estudo analisou um catálogo de 320 mil estrelas e encontrou 7 candidatas.Fonte: Getty Images
Usando os dados dessas medições, que detectam emissões térmicas de objetos(como estruturas circunstelares), os autores filtraram um catálogo de quase 320 mil estrelas e conseguiram identificar "sete fontes exibindo excesso de fluxo infravermelho médio de origem incerta", diz o estudo.
Uma característica comum entre essas candidatas é que todas parecem ser estrelas anãs-M, com massas menores do que a do nosso Sol, mas que, por se encontrarem no principal período estável de suas vidas úteis, são as mais frias da sequência principal, com temperaturas superficiais de, no máximo, 3,4 mil graus Celsius. Ou seja, a IR emitida é muito maior do que a esperada para discos de detritos comuns, formados por rochas e gelo.
Perspectivas futuras no estudo das esferas de Dyson
O Projeto Hefestos é uma iniciativa sueca que busca extraterrestres em assinaturas de astroengenharia.Fonte: Project Hephaistos
Para testar as descobertas de seus estudos, esses cientistas terão agora que "passar um pente fino" nas potenciais candidatas utilizando possivelmente o Telescópio Espacial James Webb. A expectativa é de que, utilizando seus recursos de última geração, a ferramenta possa diferenciar sinais cósmicos naturais de potenciais rastros de civilizações extraterrestres.
Os autores do segundo estudo advertem, em um release que, embora as candidatas pareçam compatíveis com a descrição de esferas de Dyson, ainda é extremamente prematuro afirmar, com certeza, que essas megaestruturas sejam a causa, ou mesmo existam. Embora muitos objetos bizarros, que desafiam a nossa compreensão, tenham sido encontrados, até agora nenhum alienígena apareceu.
“Pode ser algo que acontece muito raramente, como se dois planetas colidissem e produzissem uma enorme quantidade de material”, destacou David Hogg, coautor de um dos estudos.
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