Uma ideia visionária do cientista e pioneiro da astronáutica Hermann Oberth, em seu livro Maneiras de viajar no espaço de 1929, pode estar a um passo de se tornar realidade: espelhos orbitais capazes de iluminar cidades, proteger plantações de geadas e manter cidades do hemisfério norte mais habitáveis durante seus longos períodos de inverno.
Uma startup da Califórnia, chamada Reflect Orbital, anunciou recentemente na última Conferência Internacional sobre Energia do Espaço realizada em Londres, o lançamento de uma constelação de espelhos orbitais, que irradiarão luz solar para usinas fotovoltaicas durante a noite, para aumentar a produção de eletricidade renovável. Um protótipo da tecnologia já estará sobre nossas cabeças no ano que vem.
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O planejamento envolve colocar, inicialmente, 57 pequenos satélites em órbita sincrônica com o Sol, a uma altitude de 600 quilômetros da Terra, segundo a apresentação do fundador e CEO da Reflect, Ben Nowack. A ideia é que, enquanto o planeta gira, a constelação de espelhos sobrevoe cada ponto da Terra fazendo duas passagens diárias.
Como são os refletores orbitais de energia solar?
O grande problema da energia solar, explicou Nowack na conferência, é que ela “não está disponível quando realmente a queremos”. Nesse sentido, as tecnologias baseadas em refletores poderiam fornecer energia fotovoltaica antes e depois do pôr do Sol.
Essa primeira constelação de 57 satélites, por exemplo, tem capacidade para fornecer 30 minutos adicionais de luz solar às centrais elétricas, sob demanda. Cada satélite da Reflect Orbital pesa apenas 16 kg e mede 9,9 por 9,9 metros. Eles serão equipados com espelhos de mylar, um material plástico usado em mantas espaciais, isoladores e embalagens.
Esses refletores são projetados para concentrar a luz em um feixe compacto que pode ser direcionado e focado conforme solicitações dos operadores de fazendas solares. A operacionalização é fácil, promete Nowack. "Faça login em um site, informe suas coordenadas GPS e obteremos um pouco de luz solar após escurecer", explica o engenheiro.
Impactos ambientais dos satélites de energia solar
Os espelhos da Reflect Orbital são projetados para evitar poluição luminosa.Fonte: Reflect Orbital
Já se preparando para eventuais questionamentos, Nowack explicou em sua apresentação que os espelhos da Reflect são projetados para evitar qualquer tipo de poluição luminosa. “Se você estiver a cerca de dez quilômetros da borda de um parque solar, você não verá nenhuma luz se olhar diretamente para o céu”, garante o executivo.
Isso não evitou que os espelhos orbitais já tenham oponentes, antes mesmo de serem lançados.
Na mesma conferência em Londres, o oficial de relações externas do Observatório Europeu do Sul (ESO), Andrew Williams, alertou para o risco de essas estruturas brilhar mais intensamente do que as estrelas mais brilhantes, e prejudicarem o trabalho dos astrônomos, como já acontece com as constelações de satélites de internet.
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