Um fenômeno astronômico raríssimo irá acontecer na noite de 11 para 12 de dezembro: um asteroide chamado 319 Leona, com cerca de 60 km de diâmetro, passará diretamente à frente da estrela Betelgeuse, a supergigante vermelha da constelação de Órion e décimo astro mais brilhante no nosso céu noturno.
Betelgeuse, nome que pode ser traduzido como “sovaco do gigante”, é uma estrela imponente, que exibe uma coloração vermelha em um diâmetro angular que, descontando o Sol, é o segundo no céu. Devido ao seu estágio de evolução, é provável que ela esteja “a um passo” de se tornar uma supernova, embora não saibamos se isso irá ocorrer daqui a décadas ou em 100 mil anos. E são essas dúvidas que tornam a ocultação da estrela pelo asteroide um momento especial.
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Ironicamente, explicam os astrônomos, a passagem do asteroide irá reter 94% da luz de Betelgeuse, tornando-a um astro comum. Isso é fundamental devido ao seu brilho variável, provocado por gigantescas células de convecção, que transportam o calor do núcleo para a superfície e alteram sua luminosidade.
O projeto astronômico global para observar Betelgeuse
Ilustração mostra enfraquecimento de Betelgeuse entre 2019 e 2020 pela ejeção de uma bolha de plasma.Fonte: NASA/ESA/E. Wheatley (STScI)
No dia 13 de setembro, um grupo de pesquisadores observou uma ocultação anterior feita por Leona, de uma estrela sem nome, para determinar a forma e o tamanho projetados do asteroide, em preparação para o grande evento do dia 12 de dezembro. A fama e os mistérios da estrela estão transformando a ocorrência em um projeto astronômico global.
De acordo com os autores desse estudo prévio, hospedado no repositório online de preprints arXiv, “Na esmagadora maioria das ocultações estelares, os diâmetros das estrelas são minúsculos em comparação com o tamanho angular do corpo do sistema solar que passa à sua frente", o que faz com que as ocultações não sejam graduais.
No caso de Betelgeuse, alerta o estudo, o diâmetro angular avantajado da gigante vermelha poderá dar origem a um fenômeno diferente de "eclipse parcial" e "eclipse total", desde que o diâmetro angular do asteroide se mostre suficientemente grande em comparação com o da estrela.
Como observar o asteroide ocultando a Betelgeuse
Há dois apps disponíveis para observar a ocultação da estrela Betelgeuse.Fonte: Getty Images
Antes das dicas, é importante saber que o espetáculo só estará plenamente visível para quem mora ao longo de um privilegiado corredor que vai da Ásia Central e do sul da Europa até a Flórida e o México, o que significa que o fenômeno dificilmente poderá ser observado no Brasil.
A ocultação está prevista para 22h17 do dia 11 de dezembro (no horário de Brasília) e, para vê-la basta olhar para o céu em direção a Betelgeuse, que deverá piscar por alguns minutos. Para os que desejarem um resultado mais preciso, há dois apps — o Occult Flash Tag (Android) e AstroFlashTimer (iPhone) — que disparam o flash da câmera do seu celular em horário programado.
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