A parceria entre pesquisadores da França e do Canadá resultou em um estudo que descreve uma nova visão sobre onde nasce nossa consciência, e talvez, ela possa ser um efeito colateral da entropia. O estudo foi publicado na Physical Review E.
"Penso, logo existo", a famosa frase creditada ao filósofo francês René Descartes, resume bem uma busca incessante. O conceito de consciência é muito subjetivo e pode ser descrito brevemente como a capacidade do ser humano ter conhecimento sobre si, sua existência, seus sentimentos, sensações e atos.
Quando foi a primeira vez que você se deu conta de si?Fonte: Getty Images
Esse conceito é tão antigo quanto a nossa própria existência, mas a partir de quando a consciência em nós, passa a existir? Muitos estudiosos têm se debruçado sobre essa questão fundamental do ser, mas até o momento, nenhuma resposta conclusiva foi encontrada.
Caos da existência
Com esse desafio em mãos, pesquisadores das Universidades de Toronto, Canadá, e Paris-Descartes, atual Paris Cité, desenvolveram um estudo que relaciona a consciência e a entropia.
A entropia é um conceito da termodinâmica que estuda o grau de desordem, ou aleatoriedade, dentro de um sistema físico. Extrapolando o conceito e aplicando um mecânica estatística para as análises, os pesquisadores decidiram verificar os efeitos de uma possível entropia nos cérebros humanos.
Sistemas simétricos tendem a apresentar baixa entropia, enquanto sistemas desorganizados, tendendo a aleatoriedade, possuem um alto grau de entropia.Fonte: Getty Images
O estudo contou com nove participantes. Destes, sete possuíam epilepsia, e os outros dois não possuíam comorbidades relacionadas aos sistema nervoso central.
A epilepsia é uma condição de saúde causada por uma hiperatividade das células neuronais. Em momentos de crise, uma verdadeira tempestade ocorre no cérebro, resultado em convulsão, desorientação, desmaios, entre outros sinais e sintomas. Durante a crise, as sinapses são disparadas aleatoriamente em diversas regiões, causando uma tempestade no cérebro.
Todos os participantes tiveram sua atividade neuronal escaneada, observando sincronizações, mudanças de fase entre os estados de sono, vigília e durante crises de epilepsia.
A equipe observou que em estado de vigília, que é quando a pessoa está acordada e consciente, existe uma maior número de arranjos possíveis para a interação entre as redes neurais. Isso acarreta em um alto grau de entropia no sistema, que por sua vez, precisa aprender a otimizar as informações recebidas de diversos estímulos sensoriais.
E seria dessa necessidade de "melhor aproveitamento" do cérebro que nossa consciência nasceria.
A captação, comunicação e organização do caos poderiam ser o estopim para a consciência.Fonte: Getty Images
Mas o estudo não é uma resposta final, e sim mais uma pista a ser seguida. Algumas limitações presentes no estudo, como a quantidade de participantes, a análise da comunicação entre os arranjos neuronais, e se de fato há entropia, ao invés de uma desorganização programada, faz com que mais estudos sejam necessários na área.
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