Um mistério no planeta vermelho chamou a atenção dos cientistas no ano passado. Um terremoto de magnitude 4.7 foi registrado em Marte no mês de maio de 2022, tendo uma duração de aproximadamente 6 horas.
Esse foi o maior evento sísmico já visto no planeta, o que gerou alguns questionamentos. Por não possuir placas tectônicas, como existem aqui na Terra, o que poderia ter ocasionado um terremoto tão forte?
As primeiras hipóteses partiram de um evento externo, no caso o choque de um meteorito gigante com a superfície de Marte. Porém, descobertas recentes estão inclinando os cientistas para uma nova conclusão. “Ainda achamos que Marte não tem placas tectônicas ativas hoje, então este evento foi provavelmente causado pela liberação de estresse na crosta do planeta”, disse Benjamin Fernando, físico e astrônomo da Universidade de Oxford, no Reino Unido. “Essas tensões são o resultado de bilhões de anos de evolução, incluindo o arrefecimento e o encolhimento de diferentes partes do planeta em ritmos variados”, completou.
Ao contrário da Terra, Marte não possui placas tectônicas o que torna o acontecimento de um terremoto um enigma para os cientistas. Fonte: Getty Images
A nova hipótese surgiu após extensa busca pelos vestígios do meteorito, que nunca foram encontrados. Além do Rover, veículo utilizado pela NASA para coletar amostras e examinar áreas em Marte, a operação também contou com a cooperação de equipes da Índia, China, União Europeia e dos Emirados Árabes Unidos.
Com a ausência de resíduos e sem o sinal de uma nuvem de poeira, a ideia inicial de que um corpo externo teria causado o terremoto teve de ser descartada.
Atividade sísmica no planeta vermelho
Essa nova hipótese levantada pelos pesquisadores resultou em novas perguntas. Como de fato funcionam os terremotos em Marte? E o que explicaria essa liberação de estresse na superfície?
Embora ainda sejam necessárias novas pesquisas para entender de fato o que acontece, as condições de temperatura e tamanho do planeta vermelho levam os cientistas a descartar a possibilidade de uma atividade tectônica nos mesmos moldes da Terra.
Mars Rover: veículo foi importante para descartar a hipótese da queda do meteorito. Fonte: Getty Images
No nosso planeta, as gigantescas rochas maciças que se encontram abaixo dos oceanos são movidas pelas forças do magma presente no interior da Terra, que são capazes de provocar os deslizamentos que já conhecemos.
Resta saber como funciona essa liberação de estresse acumulado por bilhões de anos, e se isso ajuda a explicar outras das 1300 atividades sísmicas já registrados em Marte desde 2018.
Qual a real dimensão do terremoto?
A magnitude de um terremoto é medida através da escala Richter, uma escala logarítmica capaz de dimensionar a energia liberada por um abalo sísmico. Ela classifica os eventos com uma nota, que costuma ficar entre 0 e 10.
Para se ter uma ideia, o maior terremoto já registrado na terra aconteceu no Chile, em 1960. Sua magnitude foi de 9,5 graus na escala Richter, matando milhares de pessoas, ferindo outras milhões e deixando um rastro gigantesco de destruição.
Terremotos com magnitude entre 4 e 5 são considerados leves, mas que já podem causar pequenos danos a objetos no interior de construções, sem maiores problemas estruturais. Por isso, apesar de ser o maior já registrado em Marte, o terremoto em questão poderia ser considerado comum na Terra, sendo registrados milhares destes todos os anos.
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