Pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, podem ter desvendado um dos maiores mistérios astronômicos da nossa era: a origem das rajadas rápidas de rádio (FRBs). Essas intensas explosões (pulsos) de rádio vindas do espaço podem, segundo um estudo recente, ter sua origem nos chamados “starquakes”, abalos sísmicos em estrelas de nêutrons.
Invisíveis aos olhos humanos, as FRBs podem ser detectadas apenas em radiotelescópios. Temas de muitos estudos e também de romances e filmes, essas poderosas ondas atingem diariamente a Terra aos milhares, após viajarem por bilhões de anos-luz, vindas de fontes extragalácticas.
Alguns estudos anteriores já haviam explorado as explosões solares e terremotos com a distribuição de energia de FRBs repetidas. Embora no novo trabalho os autores não tenham encontrado correlação entre FRBs e erupções solares, eles conseguiram detectar várias semelhanças importantes entre essas rajadas de ondas de rádio cósmicas e os terremotos.
O que é que treme em uma estrela de nêutrons?
Estrelas de nêutrons têm campos magnéticos muito fortes.Fonte: Getty Images
Conhecidas como “estrelas mortas”, as estrelas de nêutrons guardam algumas semelhanças notáveis com as características extremas das FRBs. Elas surgem de um evento explosivo (supernova) que ocorre quando o combustível de uma estrela massiva acaba. O fenômeno deixa para trás um núcleo estelar com massa entre uma e duas vezes a do Sol, que colapsa até uma largura aproximada de 20 quilómetros.
Os pesquisadores propõem que os starquakes acontecem quando a superfície de uma estrela de nêutrons sofre uma reviravolta, parecida com um de nossos terremotos. A causa, segundo o estudo, pode ser o estresse gerado pela torção dos campos magnéticos fortíssimos característicos desse tipo de objeto denso.
Para testar suas hipóteses, a equipe analisou o tempo e as energias de emissão de cerca de 7 mil explosões repetidas de FRB, aplicando o mesmo método empregado para examinar a correlação tempo-energia de terremotos e erupções solares.
Por que FRBs se parecem com terremotos na Terra?
Sinais de terremotos estelares são captados na Terra por radiotelescópios.Fonte: Getty Images
O estudo descobriu quatros semelhanças principais entre FRBs e terremotos:
- A probabilidade de ocorrência de um tremor secundário para um único FRB e terremoto é estimada entre 10% a 50%;
- A taxa de ocorrência de tremores secundários diminui com o tempo, seguindo uma relação matemática de potência;
- A taxa dessas réplicas sísmicas (aftershocks) é sempre constante, ainda que a taxa média de atividade do terremoto FRB mude de forma significativa;
- Não se encontrou qualquer correlação entre as energias do choque principal dos dois eventos e o seu abalo secundário.
Essas conclusões mostram que estrelas de nêutrons possuem crostas sólidas que, submetidas a qualquer atividade sísmica, liberam quantidades colossais de energia, que vemos na Terra como FRBs. Para confirmar efetivamente essa proposição, a equipe irá continuar analisando novos dados de explosões de radioemissões cósmicas à medida que chegarem.
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