Uma pesquisa publicada na edição deste mês da revista científica Tectonophysics apresenta evidências geofísicas do que pode ser a maior estrutura de impacto de asteroides conhecida no mundo. De acordo com os autores, a gigantesca cratera está enterrada nas profundezas da terra ao sul do estado de Nova Gales do Sul, na Austrália.
Batizada com o nome de Deniliquin, em homenagem à cidade existente na área, a cratera de asteroide é estimada em 520 quilômetros de diâmetro, quase o dobro da existente em Vredefort, na África do Sul que, com seus quase 300 quilômetros, é a maior e mais antiga marca de meteoro já descoberta na Terra até hoje.
De acordo com os autores do artigo — Tony Yates e André Glikson, da Universidade de Nova Gales do Sul —. a estrutura enterrada sob 4 mil metros de sedimentos se formou na parte oriental do antigo continente de Goudwana, que existiu do final do período Paleozoico ao início do Mesozoico, e aglutinava os continentes que hoje formam o Hemisfério Sul.
Como os autores conseguiram evidências da cratera?
Imagem de "intensidade magnética total" da estrutura de impacto DeniliquinFonte: Glickson e Yeates/Divulgação
Para comprovar suas hipóteses, os autores fizeram leituras magnéticas da área de Deniliquin, que revelaram um padrão concêntrico e simétrico, possivelmente produzido por temperaturas extremamente altas, compatíveis com a situação experimentada em um impacto, diz o estudo. Há ainda algumas anomalias magnéticas, lidas como fraturas que irradiam do ponto de impacto. Estruturas rochosas contínuas podem ser magma resfriado e solidificado.
Uma pesquisa sísmica posterior mostrou uma grande cúpula central compatível com outras crateras de impacto conhecidas. Conforme os autores, a queda do meteorito afundou o solo, mas, com o tempo, a Terra se recuperou, preenchendo a depressão com sedimentos que formaram uma elevação central do tamanho de uma montanha.
Segundo o estudo, o impacto que originou a cratera pode ter relação com um período geológico conhecido como Ordoviciano-Siluriano, ocorrido há cerca de 439 milhões de anos, durante o qual 86% de toda a vida terrestre foi exterminada. Para comprovar essas teorias, será feita a perfuração de um orifício profundo em direção ao centro magnético da estrutura, seguida de datação do material extraído.
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