De acordo com um estudo publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B, uma equipe de arqueólogos encontrou ossos preservados de preguiças-gigantes que viveram no Brasil há aproximadamente 25 mil anos. Os pesquisadores descobriram que se tratam de joias produzidas por ‘brasileiros da época’: são três pingentes esculpidos a partir de ossos de preguiças-gigantes, localizados em uma caverna no Centro-Oeste do país.
Os cientistas encontraram as evidências durante uma expedição ao Abrigo de Santa Elina, um sítio arqueológico rochoso que fica no município de Jangada, no Mato Grosso. O local já foi escavado diversas vezes e representa um importante registro da história da humanidade, inclusive, esta não é a primeira vez que os cientistas encontraram ossos de preguiças-gigantes no sítio.
A imagem acima apresenta os três pingentes: apesar de ser um animal colossal, acredita-se que as preguiças-gigantes foram amplamente caçadas pelos humanos.Fonte: Thais Rabito Pansani/AP
Os arqueólogos encontraram as joias em uma camada de terra da caverna, produzidas a partir de ossos de preguiças-gigantes que viveram entre 25 mil e 27 mil anos atrás. Os achados representam mais uma evidência de que os humanos viveram na mesma época que preguiças-gigantes e as caçavam — esses animais mediam até 4 metros e pesavam mais de 1.500 quilos.
Brasileiros e preguiças-gigantes?
Os cientistas acreditavam que os primeiros 'brasileiros', humanos que viveram na região que é atualmente conhecida como Brasil, chegaram há 15 mil anos; mas o pingente de preguiças-gigantes aponta que foi há mais tempo.
“Entre os milhares de osteodermos fósseis no local, o estado perfurado e polido dos três osteodermos estudados aqui é excepcional. Essas observações mostram que esses três osteodermos foram modificados por humanos em artefatos, provavelmente para ornamentos pessoais”, os pesquisadores descrevem no estudo.
Joias e preguiças-gigantes
As preguiças-gigantes fazem parte de um grupo de mamíferos pré-históricos gigantes, como outros da megafauna do Pelistoceno, extinguidos há cerca de dez mil anos. Atualmente, existem centenas de fósseis de preguiças-gigantes bem preservados encontrados em diferentes cavernas em todo o mundo.
Conforme especialistas explicam, o mais interessante da descoberta é a prova de que os humanos já estavam vivendo na região há 25 mil anos; até então, muitos cientistas afirmavam que o primeiro grupo humano, conhecido como cultura Clóvis, chegou nas Américas entre 15 mil anos e 13 mil anos atrás. Ou seja, o pingente comprova que os humanos estavam por aqui há mais tempo do que imaginávamos, muito antes da região ser conhecida como Brasil.
“Apesar de terem um metabolismo baixo, eram animais ágeis que andavam predominantemente de quatro, embora pudessem ficar de pé (principalmente para buscar comida nas árvores). Não podemos dizer se os humanos viam esses animais como uma ameaça”, disse a autora do estudo e paleontóloga, Thais Pansani, em e-mail enviado à CNN.
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