A comida ainda é um dos problemas da humanidade quando o assunto são viagens espaciais de longo prazo, como para Marte, pois os astronautas devem realizar uma nutrição baseada em alimentos saudáveis e que estimulem o apetite — infelizmente, o sabor e as opções não são as melhores no estágio atual do desenvolvimento espacial. Por isso, um chef de cozinha decidiu participar de um projeto que visa oferecer uma experiência gastronômica aos tripulantes de missões espaciais.
O chef Bob Perry, residente da Universidade de Kentucky, no Reino Unido, fechou uma parceria com o grupo Humanity in Deep Space, a fim de encontrar soluções para a alimentação dos astronautas. Inclusive, um campo da ciência foi criado para explorar as complexidades da comida espacial, chamado de neurogastronomia.
De acordo com Perry, a experiência e o sabor da comida desempenham um papel importante em assegurar que os astronautas consumam uma quantidade suficiente de alimentos para atender às suas necessidades nutricionais. Apesar de o estudo estar sendo aprimorado para os astronautas, Perry também acredita que as lições aprendidas com o campo podem moldar o futuro dos alimentos na Terra.
“Se você voltar ao longo da história, encontrará uma mesa onde as pessoas se reúnem para comer em todas as sociedades. As ferramentas e aplicações de cozimento de gravidade zero tornam-se instrumentos essenciais para os viajantes espaciais, permitindo-lhes enfrentar os desafios e preparar refeições em um ambiente de microgravidade. Os astronautas também devem se conectar através da comida, mesmo nessas circunstâncias mais extraordinárias”, disse Perry.
Atualmente, os astronautas comem muitos alimentos liofilizados e frutas frescas que duram por mais tempo; a liofilização é uma técnica de desidratação.Fonte: Getty Images
A neurogastronomia é um termo criado pelo neurobiólogo da Universidade de Yale, Gordon Sheperd, em 2006. O campo busca estudar a relação entre o cérebro e a alimentação, procurando entender como a neurociência, psicologia e artes culinárias ajudam a criar a percepção que temos sobre a comida.
Gastronomia no espaço
De acordo com Perry, um dos desafios mais importantes é criar alimentações que equilibram nutrição e prazer de comer. Inclusive, o chef também tem interesse em criar novas técnicas para a preservação e fermentação de alimentos, possibilitando comidas saudáveis e saborosas que podem durar por diversos anos.
Outro problema é que o ambiente de microgravidade afeta o microbioma e os processos digestivos dos humanos, causando declínios na saúde intestinal. Ao entender melhor as causas e efeitos desse processo, será possível desenvolver dietas para promover o bem estar dos astronautas.
"A viagem de 300 milhões de milhas para Marte leva cerca de sete meses em cada sentido. Isso é até três anos longe da Terra, com as vastas incertezas de como manter o bem-estar físico e mental de uma tripulação. Entender a relação entre o cérebro, o intestino e os efeitos do voo espacial de longo prazo é crucial”, disse o membro fundador da Humanity in Deep Space, Kris Kimel.
A NASA e a Agência Espacial Canadense também anunciaram o Deep Space Food Challenge, um projeto aberto para especialistas em todo o mundo. O objetivo é estimular o desenvolvimento de tecnologias que possam ajudar na rotina de alimentação de astronautas em viagens de longo prazo.
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