O polipropileno (PP) é um polímero utilizado em diversos produtos derivados de plástico, contudo, a dificuldade em reciclar o material resulta em uma quantidade significativa de resíduos plásticos não biodegradáveis que acabam poluindo o meio ambiente. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, criaram um método que usa fungos comuns para ‘devorar’ e reciclar o polipropileno.
Os pesquisadores escolheram dois fungos conhecidos por sua capacidade de quebrar praticamente qualquer tipo de substrato, são eles: Aspergillus terreus e Engyodontium album. Suas enzimas poderosas podem quebrar os materiais em moléculas mais simples, assim, as células fúngicas podem absorver o conteúdo.
Placa de petri com o fungo Engyodontium album (foto); em 2015, as indústrias em todo o mundo produziram 68 milhões de toneladas de polipropileno, mas apenas 1% foi reciclado.Fonte: Universidade de Sydney
O estudo, publicado na revista científica NPJ Materials Degradation, explica que os cientistas fizeram um pré-tratamento com luz UV no polipropileno, pois descobriram que os fungos foram mais eficazes em um material tratado previamente com iluminação ultravioleta. Antes de descobrir a eficácia da luz UV, eles também testaram tratar o PP com calor e uma solução ácida de peróxido de hidrogênio (reagente de Fenton).
Ao adicionar o polipropileno pré-tratado em uma placa de Petri com os fungos, os cientistas fizeram uma análise por microscopia e descobriram que o material reduziu 21% em 30 dias, e entre 25% e 27% em 90 dias.
Polipropileno antes (esquerda) e depois da aplicação dos fungos (direita).Fonte: Universidade de Sydney
Fungos devoradores de polipropileno
“A poluição plástica é de longe um dos maiores problemas de resíduos do nosso tempo. A grande maioria não é adequadamente reciclada, o que significa que muitas vezes acaba em nossos oceanos, rios e aterros sanitários. Estima-se que 109 milhões de toneladas se acumularam nos rios do mundo e 30 milhões de toneladas agora estão nos oceanos do mundo – com fontes estimando que isso logo ultrapassará a massa total de peixes”, disse a principal autora do estudo, Amira Farzana Samat.
Apesar de o estudo provar a efetividade dos fungos devoradores de plásticos, antes de buscar investidores para a comercialização do método, os pesquisadores planejam estudar mais sobre o tema e reduzir ainda mais o tempo de degradação do plástico.
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