A Eletronuclear, empresa de economia mista operadora da usina nuclear de Angra 1, em Angra dos Reis (RJ), foi multada pelo Ibama por um vazamento de água radioativa ocorrido em 2022 e não comunicado ao órgão de proteção do meio ambiente. O total da penalidade chega a R$ 2,1 milhões, sendo R$ 2 milhões pelo vazamento e R$ 100 mil pela omissão.
Além da sanção pecuniária, o procurador da República, Aldo de Campos Costa, ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal determinando que a estatal realize, em 30 dias, uma avaliação completa dos possíveis danos causados à Baía de Itaorna, onde fica a usina de Angra 1, no que se refere ao meio ambiente e à saúde humana.
O acidente, ocorrido no dia 16 de setembro, só foi comunicado pela Eletronuclear ao Ibama e à Comissão Nacional de Energia Nuclear 21 dias após o ocorrido. De acordo com uma nota da CNEN, a estatal informou "a liberação de um volume de água para o canal de descarga da usina, estimado em, no máximo, 90 litros”.
O que diz a Eletronuclear?
A Eletronuclear só comunicou o acidente 21 dias depois.Fonte: Getty Images
A Eletronuclear alega que um "pequeno volume" do material perigoso teria sido "lançado de forma involuntária no sistema de águas pluviais [que foi levado ao mar]". Em entrevista ao jornal O Globo, a estatal informou que tudo não passou de um "incidente operacional".
A avaliação da estatal criada em 1997 para criar e operar usinas termonucleares no Brasil é de não houve a necessidade de cumprir o "rito de notificações que seriam obrigatórias em caso de acidente" pois, após analisar o episódio, não foi encontrado "nenhum resultado significativo".
O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, também cobrou explicações ao presidente da estatal, Eduardo Grivot de Grand Court. "Sou prefeito de Angra, onde ficam as usinas, e em nenhum momento fui informado sobre o caso", disse Jordão.