Um estudo colaborativo entre instituições de pesquisa dos Estados Unidos e da Espanha verificou que a paternidade é capaz de gerar mudanças no cérebro. O estudo pioneiro foi publicado na revista Cerebral Cortex.
Nosso cérebro é fantástico. Ele possui uma característica adaptativa, chamada de neuroplasticidade, que é, de modo simplificado, a capacidade de criar novos caminhos neuronais, e de se modificar conforme aprendemos novas coisas, ou experimentamos novas situações.
Vários estudos sobre mães de primeira viagem relatam com solidez modificações na estrutura cerebral dessas mulheres.
As mudanças físicas, emocionais e hormonais, produzidas pela gestação, parecem ter fator preponderante nas mudanças estruturais do cérebro, causando, inclusive, uma diminuição de determinadas áreas.
Para alguns estudiosos, a mudança é natural, e é uma forma adaptativa para a preparação para a chegada do bebêFonte: Foto de Jonas Kakaroto/Pexels
Sem gravidez, sem mudanças, certo?
Errado. Pesquisadores decidiram olhar para os pais, e verificar através de exames de imagem, se a chegada do bebê promovia modificações cerebrais, também nos homens.
Ao todo, 57 voluntários participaram do estudo. Desse montante, 20 homens eram dos Estados Unidos, e 20 da Espanha. Os outros 17, também espanhóis, serviram como grupo de controle.
Para participação no estudo, foram selecionados pais de primeira viagem que conviviam com suas companheiras grávidas.
Os exames de mapeamento do cérebro, por ressonância magnética, foram realizados enquanto suas companheiras ainda estavam gestando e repetidos após 6 meses do nascimento do bebê.
Mesmo não participando diretamente do processo de gestar, os homens também passam por modificações no cérebro.Fonte: Foto de Pixabay/Pexels
Os cientistas notaram, que similarmente às mães, os pais também passam por modificações na estrutura cerebral, mas após o nascimento do bebê.
Para os pesquisadores, o nascer de uma criança promove a neuroplasticidade em decorrência da experiência e acarretam modificações estruturais.
Assim como ocorre com as mães, os pais também apresentaram uma diminuição do volume cerebral relacionados a áreas específicas. Se tratando deste grupo, a modificação mais evidente estava relacionada ao sistema visual.
No artigo, os pesquisadores inferem que "esses achados podem sugerir um papel único do sistema visual em ajudar os pais a reconhecer seus bebês, e responder de acordo. Uma hipótese a ser confirmada por estudos futuros".
O vínculo entre pais e filhos vai muito além do afeto.Fonte: Foto de Anna Shvets/Pexels
Os pesquisadores afirmam que mais pesquisas devem ser realizadas nessa área, não somente para se compreender os processos neurológicos causados pela paternidade, mas também, em termos de criação de políticas públicas, como o aumento do tempo para licença paternidade, movimento que já ocorre em alguns países.
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