Falecido no início deste mês, o pugilista brasileiro Éder Jofre fez a opção de doar seu cérebro para pesquisas sobre a encefalopatia traumática crônica, doença com a qual sofria desde 2010. Em entrevista coletiva realizada na quinta-feira (20), no consultório do neurologista Renato Anghinah, a família confirmou a doação do órgão.
De acordo com o médico, que acompanhou o tratamento do atleta, Jofre decidiu pela doação do seu cérebro quando soube que o também campeão de boxe Muhammed Ali decidiu não o fazer, ao morrer. "O Éder ficou muito chateado com essa decisão do Ali. Foi aí que ele teve certeza de que faria diferente."
Primeiro título mundial. (Fonte: Eder Jofre/Instagram/Reprodução.)Fonte: Eder Jofre/Instagram
Diagnóstico errado e tratamento com canabidiol
Filho do pugilista brasileiro, Marcel Jofre falou aos jornalistas que a doação do cérebro "é mais um gesto nobre do meu pai, que trouxe tantas alegrias pro povo brasileiro”. Conhecido como “Galo de Ouro”, Éder Jofre foi campeão mundial de boxe da categoria entre 1960 e 1965. Em 1973, ganhou peso e retornou aos ringues, onde conquistou o título mundial como peso pena.
Os primeiros sinais da encefalopatia traumática crônica, doença que atinge principalmente pugilistas, começaram em 2010, mas foi depois da morte de Cidinha, esposa de Jofre por 52 anos, que os sintomas se acentuaram e o boxeador começou a ser tratado como se estivesse com Alzheimer.
Éder Jofre chegou a tomar 14 medicamentos por dia, segundo sua filha Andrea, até receber o diagnóstico correto do seu neurologista. Para o dr. Anghinah, o ex-campeão brasileiro “é um caso prático de como o canabidiol trabalha". A substância o acalmou, melhorou seu apetite e o fortaleceu, diz o médico.