Com a retomada da campanha eleitoral para o segundo turno das eleições 2022 – inclusive para a escolha do presidente da república no Brasil – uma advertência pode ser necessária: eleições presidenciais estão relacionadas a um aumento nas internações por síndrome coronariana aguda e infarto do miocárdio.
A afirmação foi feita com base na conclusão de um extenso estudo de corte, realizado logo após as eleições presidenciais americanas 2020, por médicos do Kaiser Permanente, um plano privado de saúde dos EUA, em parceria com especialistas das universidades de Colúmbia e Harvard.
O estudo observacional, que envolveu 6.396.830 adultos, apurou que a taxa de hospitalização por síndrome coronariana aguda nos 5 dias seguintes à eleição de Joe Biden foi 17% maior do que o verificado no mesmo intervalo de tempo nas 2 semanas anteriores. A taxa de infarto agudo do miocárdio foi ainda mais alta – 42% – no mesmo período. Insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC) não apresentaram diferença significativas.
Hospitalizações por casos de síndrome coronariana aguda antes e depois das eleições presidenciais nos EUA de 2020. (Fonte: Mefford et al./Divulgação.)Fonte: Mefford et al.
Por que doenças do coração aumentam no período eleitoral?
A discussão dos resultados mostrou evidências crescentes da relevância da saúde psicológica no risco de desenvolvimentos de doenças cardiovasculares (DCV). Alguns traços emocionais presentes em situações de conflito, como raiva e hostilidade, têm sido frequentemente associados à doença arterial coronariana nova e recorrente e até mesmo a um desenvolvimento prematuro de DCV.
Essas situações acontecem porque, submetido a situações de estresse crônico, o organismo humano libera hormônios como a adrenalina e a noradrenalina na corrente sanguínea. Esse processo descontrolado reduz o calibre dos vasos com um consequente aumento dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, com risco de infartos, que podem ser mortais.
Dessa forma, a relevância do estudo é não apenas conscientizar a população sobre o elevado risco de DCV em situações geradoras de estresse, principalmente entre pessoas predispostas às doenças cardíacas, mas também estabelecer estratégias para mitigar esses riscos. Daí a importância de se evitar, tanto quanto possível, situações de conflito, além de manter uma rotina de alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente.
ARTIGO - JAMA Network - DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2022.8031.
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