Os remédios podem ser nossos maiores aliados quando estamos doentes, mas abusar deles pode não ser uma boa ideia. Nos últimos anos, esse fenômeno tem crescido no mundo todo, e deixado especialistas da saúde em alerta. Entenda o que é a polifarmácia e os riscos que ela pode trazer
O que é polifarmácia?
Polifarmácia é o nome dado para o fenômeno no qual uma mesma pessoa toma vários remédios ao mesmo tempo ou ao longo do dia para tratar um ou mais problemas de saúde. Para efeitos de definição, a convenção é que mais de 5 medicamentos já são um problema.
Nem sempre ela é prejudicial à saúde. É possível praticar uma polifarmácia saudável, mas apenas com acompanhamento e receita médica. Sem isso, a prática é inadequada e pode trazer novos riscos para quem faz uso.
Polifarmácia é o nome dado para o fenômeno no qual uma mesma pessoa toma vários remédios ao mesmo tempo ou ao longo do dia para tratar um ou mais problemas de saúde (crédito: Shutterstock)
É muito comum que adultos, geralmente, se sintam tentados a tomar uma série de remédios para combater vários problemas do dia a dia. O risco aumenta ainda mais entre pacientes de doenças crônicas, que precisam desses tratamentos.
Ter muitos médicos diferentes para tratar diversos problemas de saúde, estar com a saúde mental fragilizada, viver em instituições de longa permanência, como casas de repouso, também são fatores que contribuem para o fenômeno.
Por que algumas pessoas tomam muitos remédios?
Existem uma série de motivos diferentes, e alguns deles complementares entre si, que podem contribuir para a polifarmácia. Um deles, muito importante, é o grande número de pessoas que usa remédios sem prescrição médica, uma prática perigosa.
Outra questão que pode influenciar alguns casos é a falta de atualização dos prontuários médicos. Sem atualização dos registros, muitos pacientes acabam presos por meses, ou até anos, a um remédio que nem precisa mais.
Mas em outros casos pode ser a falta de comunicação efetiva, seja entre médico e paciente seja dentro da própria comunidade médica, que não encontram formas eficientes de informar uns aos outros os remédios que estão sendo tomados.
As mulheres mais velhas são um grupo particularmente vulnerável a esse problema. Dados de pesquisa indicam que esse público costuma começar a fazer uso de remédios em idades mais jovens que os homens, e a tendência ao longo da vida é que elas incorporem novas drogas na rotina.
Tomar muitos remédios faz mal?
Isso depende. Somente um profissional de saúde pode avaliar os riscos e benefícios causados pelos medicamentos. O uso de muitos remédios pode ser necessário para tratar certas condições de saúde e manter, ao mesmo tempo, o alívio dos sintomas, por exemplo.
Mas usar fármacos desencontrados, sem supervisão médica ou com múltiplas supervisões que não conversam entre si, pode causar consequências para o bem-estar do paciente, já que os princípios ativos dessas substâncias podem interagir entre si.
Os especialistas chamam esse efeito de interação medicamentosa. Ela pode levar aos danos colaterais mais diversos possíveis, como problemas de memória, fragilização dos ossos, falência renal, insuficiência hepática e até risco de morte.
Usar remédios sem orientação de profissionais é um risco para a saúde (crédito: Shutterstock)
Existem ainda os problemas práticos consequentes da polifarmácia. Ter muitos medicamentos na rotina torna, por exemplo, mais difícil a organização de dias e horários para tomá-los, o que pode interferir no tratamento.
Além disso, exige mais acompanhamento médico, que gera um número maior de consultas e exames, alguns deles invasivos, a serem feitos. Isso sem falar nos custos, um problema que afeta principalmente a parcela mais pobre da população.
Como posso reduzir a quantidade de remédios que tomo?
A polifarmácia é um problema de saúde assim como a falta de tratamento. A própria Organização Internacional da Saúde já alertou sobre as suas consequências. Por isso, é preciso ficar atento aos exageros.
Apesar disso, ninguém deve interromper um tratamento prescrito por um médico por conta própria, já que isso pode piorar ainda mais as condições de saúde. No caso de suspeitas, a melhor solução para o problema é buscar um profissional de saúde.
Um especialista tem a formação adequada e é capaz de dizer quais medicamentos interagem entre si e quais são seguros para serem tomados de forma combinada. Para isso, entretanto, é preciso que o paciente informe a ele com sinceridade todos os remédios que faz uso.
Caso o médico julgue necessário, ele pode dar início ao processo de desprescrição, que envolve várias etapas. Nesse período, aos poucos o paciente vai remover alguns remédios da rotina e, às vezes, substituir outros por drogas mais eficientes.
A polifarmácia é um problema moderno de saúde cada vez mais presente na vida das pessoas. Mas a boa notícia é que com algumas atitudes simples e um bom acompanhamento médico, ela pode ser revertida.