Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Coimbra, em Portugal, fez uma descoberta que abre possibilidades para o desenvolvimento de tratamentos direcionados para a redução da neuroinflamação na doença de Alzheimer (DA). Essa terapêutica pode ser viabilizada através da região cerebral chamada cíngulo posterior, identificada pelos cientistas como o local onde ocorrem as primeiras manifestações da doença neurodegenerativa.
De acordo com o estudo, é no cíngulo posterior que ocorrem os três sintomas característicos da fase inicial da DA: inflamação neural, acúmulo das proteínas amiloides no cérebro e atividade neuronal compensatória que supostamente tenta agir para contrabalançar o déficit apresentado em outra região.
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Ao identificar claramente um alvo cerebral de alteração precoce, dizem os autores, a pesquisa abre caminhos para um possível tratamento proativo da doença. No entanto, “a região identificada é crítica, pois serve de pivô em processos de memória de curto e longo prazo que sabemos estarem crucialmente afetados na doença de Alzheimer", explica Miguel Castelo-Branco, coordenador da equipe.
Como os cientistas comprovaram que a DA tem início no córtex cingular?
Projeto de tarefa com imagem por ressonância magnética funcional - fMRI. (Fonte: Canário et al./Divulgação.)Fonte: Canário et al.
Para comprovar suas teorias, os pesquisadores trabalharam com uma população de 19 pacientes em fases muito iniciais da DA, e um grupo de controle de 19 pessoas, com as mesmas características sociodemográficas, porém sem evidência de comprometimento cognitivo nem outras patologias relevantes.
No estudo, foi utilizado "um conjunto de técnicas avançadas de imagem funcional e cerebral", que envolveram o uso de um "PET duplo", uma tomografia "que mede, no mesmo doente, neuroinflamação e deposição de amiloide" e técnicas de ressonância magnética funcional (fMRI) "para medir a atividade cerebral em tarefas de memória".
Os testes mostraram que a ativação da micróglia, célula que ataca agentes causadores de inflamação, ocorre com o aumento da atividade cerebral especificamente nas pessoas em estágios iniciais da doença.
ARTIGO Communications Biology - DOI: 10.1038/s42003-022-03761-7.
Fontes