Dois estudos estatísticos, conduzidos por uma equipe internacional de pesquisadores, confirmaram que animais vivos vendidos no Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan foram a provável origem da pandemia de covid-19.
Os artigos com os resultados das pesquisas foram publicados no fim de julho na revista científica Science.
O primeiro artigo buscou um padrão geográfico nos casos de covid-19, durante o primeiro mês do surto, em dezembro de 2019. A equipe apurou que, dos 173 casos de covid-19 identificados pela OMS naquele mês, 155 estavam em Wuhan. Além disso, todos estavam agrupados nas vizinhanças do mercado Huanan.
Os pesquisadores relataram que os mamíferos suscetíveis ao SARS-CoV-2 vivos foram vendidos no referido mercado, no final de 2019. Dentro do estabelecimento, amostras ambientais positivas para o coronavírus foram ligadas a fornecedores de mamíferos vivos. Assim, é possível supor que vendedores tenham sido os primeiros infectados.
Fonte: Worobey et al./DivulgaçãoFonte: Worobey et al.
Segundo artigo
Partindo do princípio de que, no seu início, a pandemia envolveu duas linhagens ligeiramente distintas de SARS-CoV-2, os cientistas avaliaram dados genômicos do vírus através de uma técnica conhecida como análise do relógio molecular. Eles descobriram que uma introdução única do vírus em humanos – em vez de múltiplas – seria inconsistente com o "relógio".
Após definirem uma estreita janela entre a data em que o SARS-CoV-2 saltou para uma pessoa e o início dos primeiros casos de covid-19, os pesquisadores concluíram que é pouco provável que o coronavírus tenha circulado entre seres humanos antes de novembro de 2019. O surgimento resultou, provavelmente, de vários eventos zoonóticos.
O que concluíram os dois estudos?
As conclusões dos dois estudos revelaram que a origem da covid-19 se deu através de dois saltos do vírus, dos animais vendidos no mercado para os seres humanos. A transmissão dos agentes infecciosos para esses animais foi feita possivelmente por morcegos portadores de coronavírus na natureza ou em fazendas chinesas.
Para coibir o risco de pandemias no futuro, afirmam os autores dos dois trabalhos, é recomendável que cientistas e autoridades chinesas busquem um melhor discernimento sobre o comércio de animais selvagens naquele país, bem como em outros lugares do mundo.
Nesse sentido, é imprescindível realizar testes mais completos com os animais vivos vendidos em mercados.
ARTIGOS Science: DOI: 10.1126/science.abp8715; DOI: 10.1126/science.abp8337
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