Um estudo recente, publicado na revista científica Journal of Occupational and Organizational Psychology, avaliou a prática de mindfulness – a técnica da “atenção plena” – por empregados em condições de trabalho altamente monótonas. A pesquisa revelou que os praticantes da técnica mostraram maior satisfação no trabalho, considerando-o menos chato, e são menos propensos a pedir demissão.
Ao testar, na prática, a relação entre atenção plena e a forma pela qual os funcionários se sentem entediados com o trabalho que realizam, os autores do trabalho propuseram uma hipótese negativa, ou seja, concentrar-se completamente no presente reduz o tédio dos funcionários. Analisou-se também de que forma esse estado impactaria de forma positiva atitudes como satisfação no trabalho, intenção de rotatividade e desempenho das tarefas.
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Mindfulness foi associado a uma atitude mais positiva com relação a tarefas repetitivas e entediantes no trabalhoFonte: Shutterstock
A ideia foi examinar cientificamente tanto a qualidade quanto a quantidade de desempenho (produtividade) para poder estabelecer uma relação causal entre mindfulness e realização das tarefas, algo que em grande parte das empresas é feito apenas com base em avaliações de desempenho subjetivas feitas por supervisores.
Como foi estudada a relação entre mindfulness e satisfação com o trabalho?
A amostra envolveu 174 operários de uma empresa mexicana localizada na fronteira com os EUA, cujo trabalho é processar cupons de desconto de varejistas americanos. Altamente repetitiva, a tarefa não oferece qualquer tipo de incentivo adicional por bom desempenho. A atenção plena dos funcionários foi medida usando-se uma escala de consciência de um a seis pontos.
Quatro meses depois, os pesquisadores coletaram dados sobre número de cupons processados e quantidade de erros cometidos. Após a tabulação, o mindfulness foi relacionado positivamente à satisfação no trabalho, e negativamente às intenções de rotatividade, o que foi atribuído à supressão do tédio.
No entanto, a prática do mindfulness foi considerada uma "faca de dois gumes" em relação ao desempenho das tarefas: a influência foi considerada positiva quanto à qualidade do trabalho, mas negativa quanto à quantidade.
ARTIGO - Journal of Occupational and Organizational Psychology - DOI: 10.1111/JOOP.12370.
Fontes