Liderados por uma brasileira, cientistas da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, analisaram o aumento do risco de eventos cardiovasculares – leia-se ataques cardíacos e AVCs – durante atividade solar e geomagnética intensa causada por tempestades solares.
O fenômeno, que ocorre em um ciclo de aproximadamente 11 anos, pode causar até 5,5 mil mortes por ano somente nos EUA, mostrou a análise.
As tempestades solares são explosões de partículas carregadas e plasma magnetizado durante os períodos de alta atividade de nossa estrela-mãe. O Sol, que é também um gigantesco reator termonuclear natural, funde átomos de hidrogênio em hélio para produzir temperaturas de milhões de graus e campos magnéticos vigorosos, capazes de distorcer o campo magnético da Terra.
Além dos impactos em redes elétricas terrestres e até quedas de satélites em órbita, essas "tempestades" podem também interromper os ritmos circadianos normais, conhecidos como relógios biológicos, afirma Carolina Zilli Vieira, pesquisadora-líder do estudo, à revista New Scientist.
Esses mecanismos, que regulam nossos organismos entre o dia e a noite, têm papel fundamental na estruturação da nossa frequência cardíaca, explica a brasileira.
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Ligando problemas cardíacos a tempestades solares
Para comprovar suas hipóteses, a equipe de Harvard analisou registros de mortes ocorridas entre os anos de 1985 e 2013 em 263 cidades dos EUA. A seguir, compararam as fatalidades relacionadas a problemas cardíacos com dados de tempestades solares. Eles descobriram que ocorreram mais mortes por doenças do coração nos dias em que as tempestades solares interferiram em nossa magnetosfera.
Para melhorar a compreensão do fenômeno, os pesquisadores também analisaram eletrocardiogramas de 809 homens idosos dos EUA, que serão analisados em longo prazo. Eles concluíram que pessoas do sexo masculino são mais propensas a apresentar variações em sua frequência cardíaca reduzida, sinal de que seus corações estavam estressados quando tempestades solares interferiram no campo magnético terrestre nas últimas 24 horas.
Como o Centro de Previsão do Clima Espacial da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) prevê que ocorra um máximo solar em 2025, a equipe corre contra o tempo para entender de que forma essa atividade solar afeta o coração das pessoas. O objetivo é protegê-las preventivamente. "No futuro, esperamos desenvolver algumas medidas de mitigação”, conclui Zilli Vieira.
ARTIGO Science of The Total Environment - DOI: 10.1016/j.scitotenv.2022.156235.
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