Com as mudanças econômicas, sociais, climáticas e políticas, os índices de insegurança alimentar voltaram a crescer, tornando distante a possibilidade da diminuição ou erradicação da fome, má nutrição, ou mesmo da possibilidade de segurança alimentar, em 2030.
A falta ou dificuldade de acesso a alimentos, diminuição do poder de compra, da aquisição do mínimo necessário para manutenção de vida e de uma boa saúde, assim como a incerteza sobre conseguir ou não realizar nova compra, antes que esse alimento acabe, são alguns dos fatores que caracterizam a insegurança alimentar, que pode ser persistente ou temporária.
Os desafios são múltiplos e tão plurais quanto as culturas que existem no planeta. Dentro desses desafios, que já eram complexos, com a pandemia da covid-19, o número de pessoas malnutridas ao redor do mundo, subiu de 8,4%, em 2019, para 9,9% em 2020.
De acordo com a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), em números, ao menos 768 milhões de pessoas passaram fome em 2020, um acréscimo de no mínimo, 118 milhões de indivíduos, em relação ao ano anterior.
O que causa a insegurança alimentar?
Os fatores que desencadeiam a insegurança alimentar são diversos. E de acordo com a Feeding America, desemprego, pobreza, baixa renda, falta de moradias adequadas, doenças crônicas e acesso a serviços de saúde, além de questões sociais como o racismo, podem ser citados.
A insegurança alimentar também é desencadeada por fatores imprevistos, como adoecimento e emergências com contas imprevistas.Fonte: Shutterstock
No Brasil, mais especificamente, fatores como abastecimento de água encanada, regionalidade, gênero e cor da pele da pessoa responsável pela renda, assim como a presença ou não de crianças no núcleo familiar, indicam maior ou menor risco de insegurança alimentar, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN).
Como combater a Insegurança Alimentar?
As formas de combate à insegurança alimentar são diversas, e devem ser analisadas de acordo com o contexto do país. Mas dentro deste panorama, a FAO faz alusão a 6 alternativas para transformação dos sistemas alimentares, sendo elas:
- Integrar políticas humanitárias, de desenvolvimento e de construção da paz em áreas afetadas por conflitos.
- Aumentar a adaptação climática em todos os sistemas alimentares.
- Fortalecimento da adaptação dos mais vulneráveis à adversidade econômica.
- Intervir ao longo das cadeias de abastecimento alimentar para reduzir o custo dos alimentos nutritivos.
- Combater a pobreza e as desigualdades estruturais, garantindo que as intervenções sejam inclusivas e em favor dos menos favorecidos economicamente.
- Fortalecer os ambientes alimentares, e mudar o comportamento do consumidor, para promover padrões alimentares com impactos positivos na saúde humana e no meio ambiente.
Dentro dessas ações propostas, a FAO visa o trabalho constante para transformação dos sistemas alimentares, barateando custos de produção, e incentivando as pessoas, através da educação alimentar e social, a ter uma qualidade melhor de vida, garantindo acesso ao alimento de qualidade e em quantidade suficiente.
Mas essas ações são norteadoras e exemplificativas. Como dito anteriormente, as condições e contextos, seja cultural, social ou econômico, em que as populações de risco estão inseridas, merecem uma curadoria individualizada a fim de construir alternativas para o combate da insegurança alimentar de forma mais positiva, alcançando melhores resultados.
A insegurança alimentar é um assunto sério e emergencial, que precisa ser analisado, discutido e solucionado, evitando que esses índices se tornem ainda mais alarmantes nos próximos anos, e mais vidas sejam afetadas. O acesso a alimentação de qualidade é direito inalienável do ser humano.
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