Cientificamente, sonhos são alucinações que acontecem durante o sono: explosões periódicas de imagens não relacionadas e episódios emocionais. E apesar de despertar o fascínio dos seres humanos desde tempos antigos, pouco sabemos sobre eles ainda hoje.
Sejam psicólogos, neurologistas, psiquiatras, cartomantes ou religiosos, todos já se debruçaram sobre a questão. Atualmente sabemos que os sonhos são ecos autobiográficos da nossa vida recente. Mas permanece a questão: no final das contas, por que nós sonhamos?
Funções dos sonhos
O fato de sonharmos ainda é um mistério para a ciência (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
Sonhos consistem em um conjunto de imagens, emoções e percepções que sentimos enquanto estamos dormindo. Apesar de os mais comuns serem visuais, essa não é uma limitação. Sabe-se que cegos, por exemplo, sonham através de diferentes gostos ou cheiros.
O pai da psicanálise, Freud, propôs que os sonhos seriam carregados de significados simbólicos como uma forma de manifestação subconsciente dos nossos desejos. Através da compreensão dessas mensagens, seria possível portanto identificar e resolver problemas psicológicos.
Sabemos, através de experimentos, que as incursões oníricas estão muito atreladas a áreas do cérebro que envolvem os processos de memória. Muitos estudos mostraram que os nossos sonhos são ferramentas que estimulam o armazenamento de informação.
Os sonhos podem ser uma ferramenta da nossa memória (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
Por outro lado, eles também podem nos ajudar no esquecimento. É que o cérebro tem uma capacidade limitada, e é tão importante selecionar o que será guardado quanto as lembranças que serão descartadas.
Outra linha vê as nossas alucinações noturnas como um espaço de ensaios. Segundo esse raciocínio, o cérebro aproveita a noite para processar as emoções ou para revisar os eventos dos últimos dias.
Isso explicaria também os pesadelos. Se os nossos sonhos são simulações de diferentes possibilidades, seria esperado que projetássemos inclusive cenários ruins para analisar de antemão as melhores decisões.
Nossos pesadelos podem ser simulações de situações de risco (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
Mas pode ser ainda que o sonho não tenha funções tão nobres. De acordo com a teoria de ativação contínua, nossas experiências oníricas são apenas imagens que o cérebro processa aleatoriamente porque é incapaz de desligar, não mais que um protetor de tela da mente
Por outro lado, eles podem ser apenas o resultado de um incidente evolutivo. Quem acredita nisso afirma que os sonhos são um subproduto da necessidade de dormir sem função específica.
O que são os sonhos lúcidos?
Se, durante um evento, temos consciência de que estamos sonhando, este é chamado de sonho lúcido. Mais comum do que possam parecer, algumas pesquisas afirmam que metade dos adultos os experimentam pelo menos uma vez durante a vida.
Ainda mais misteriosos, pouquíssimo é conhecido sobre eles. As pesquisas mais recentes mostram que uma alta atividade no córtex cerebral pré-frontal, bem atrás da nossa testa, está relacionada com essas ocorrências - e nada mais.
Não se sabe, por exemplo, porque algumas pessoas têm controle sobre essas experiências oníricas enquanto outras não. Sem grandes evidências, supõe-se que isso se trate de uma inclinação natural de cada um.
Um sono confortável favorece sonhos lúcidos (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
As pesquisas apontam que os sonhos lúcidos acontecem quase exclusivamente na fase REM do sono, a mais profunda e difícil de alcançar. Por isso, cuidar da saúde do sono é fundamental para quem quer tentar chegar na experiência. Algumas dicas são:
- Otimize seu ambiente: controle as condições do seu quarto para ter uma boa noite de sono. Verifique a temperatura para não passar frio nem calor, por exemplo. Tente dormir no escuro total e com o máximo de silêncio possível.
- Testes de realidade: crie maneiras de avaliar a veracidade da vida. Serve o famoso beliscão dos cinemas, mas também outros movimentos, como respirar pela boca fechada. Tentar ler uma página de livro ou de jornal, por exemplo, é outra boa dica.
- Retornar para o sono: essa é uma técnica que consiste em dormir por cinco horas seguidas e acordar por alguns minutos (pode usar um alarme). Ao retornar para o sono, será mais fácil chegar ao estado REM. Esse método também ajuda a recordar melhor os sonhos.
- Diário dos sonhos: registrar aquilo com o que sonhamos pode inclusive facilitar a ocorrência de sonhos lúcidos. Isso ajuda no reconhecimento dos cenários oníricos, e pode desencadear os momentos de lucidez.
- Jogue video-game: existem pesquisas que mostram existir uma relação entre jogar videogames e o aumento da frequência de sonhos lúcidos.
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Os sonhos despertam a curiosidade humana há muito tempo. Muitas tarefas já foram atribuídas a eles, e pode ser que cumpram algum desses papéis, mais de um ou todos eles. Talvez até mesmo nenhum. Mas uma coisa é certa: podemos continuar sonhando com o dia que teremos essas respostas.