Em 1981, os primeiros casos de Aids começaram a surgir na Califórnia, Estados Unidos. A doença, naquela época um mal misterioso, se manifestou como um surto de enfermidades raras que começou a preocupar a população.
Problemas como o Sacroma de Kaposi e certos tipos de infecções pulmonares não eram tão comuns, mas estavam afetando, em grande número, homens gays da região.
Os pesquisadores suspeitaram que uma doença infecciosa estaria por trás dos eventos. A moléstia foi batizada com nomes pejorativos e homofóbicos, até que começou a afetar hemofílicos e usuários de drogas injetáveis. Foi então que adotou-se o nome definitivo: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou Aids.
Origem
Dois anos depois dos primeiros registros, virologistas franceses e americanos identificaram o Vírus da Imunodeficiência Humana, ou HIV, e puderam comparar a AIDS com outras doenças, principalmente uma epidemia que assolava a África Ocidental.
O patógeno causador do mal africano foi batizado de HIV-2. Ele não era, porém, similar ao HIV-1, mas sim com outro vírus que aflige macacos, gorilas e chimpanzés.
Apesar de desconfiarem, somente em 1989 os especialistas confirmaram que o HIV-1 também se parecia com um vírus símio chamado SIVcpz. Estipula-se que o HIV-1 tenha surgido a partir de vírus das espécies de chimpanzé Pan troglodytes troglodytes.
Pesquisadores acreditam que o HIV possa ter surgido a partir de chimpanzés (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
Ainda assim levaram quase 10 anos para descobrir o local e a época da origem do agente infeccioso. Só quando amostras de sangue coletadas em 1959 foram sequenciadas, o primeiro caso registrado de infecção pelo HIV-1 da história foi descoberto.
O paciente vivia na região onde hoje está a cidade de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Não se sabe ainda como o patógeno foi capaz de dar o salto evolutivo necessário para nos infectar, mas pode ter sido através do consumo da carne desses animais.
Anos da pandemia
Aproximadamente 77 milhões de pessoas ao redor do mundo convivem ou conviveram com o HIV, uma das piores pandemias da história recente. Nos primeiros anos, a doença se espalhou entre homens gays, e por ser uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível), surgiram estigmas que persistem até hoje.
Diversos movimentos sociais foram criados com o objetivo de dar visibilidade a grupos negligenciados vitimados pela moléstia. O ACT UP (Coalizão da AIDS para Liberar o Poder), foi um deles.
Protesto organizado pelo Act Up em Nova York (Fonte: Wikimedia Commons/MACMILLAN)Fonte: Wikimedia Commons
Surgido em Nova York, em 1987, foi responsável por pressionar o governo americano em favor dos pacientes. Além disso, propôs um novo modelo para a aprovação de medicamentos, permitindo que pacientes tivessem acesso a drogas experimentais.
A busca pela cura
O primeiro medicamento aprovado para o tratamento do HIV foi o zidovudina, ou AZT, seguido por retrovirais similares. Em 1996 foi introduzida a Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART). Com três remédios por dia, as mortes decorrentes da AIDS caíram em 50% nos Estados Unidos.
Novas drogas surgiram para contornar as mutações e resistências que o HIV desenvolveu ao AZT. Em 2005 surgiu a Profilaxia Pós-exposição (PEP): um tratamento de 28 dias que reduz o risco de infecção por HIV em até 80% para pessoas que tiverem contato com o patógeno.
Em 2012, outro salto. Foi autorizado o uso do Truvada para a Profilaxia Pré-exposição, PrEP, que, tomado uma vez por dia, gera proteção à infecção. Hoje já são mais de 30 medicamentos disponíveis no mercado para o combate à doença.
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Um portador do vírus pode manter níveis indetectáveis e intransmissíveis do patógeno com apenas um comprimido ao dia. E aqui no Brasil, o tratamento completo está disponível gratuitamente pelo SUS, inclusive a PEP e a PrEP.