A Organização Mundial da Saúde afirma que, apesar de ser uma das doenças mais incapacitantes do mundo, a dor de cabeça é subestimada, pouco reconhecida e insuficientemente tratada.
Pessoas de todos os lugares, níveis de renda, idades e etnias têm transtornos de cefaleia, como a tensional e a enxaqueca, resultando em sérios prejuízos pessoais e sociais, incluindo impactos na rotina de trabalho.
Um estudo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, mostrou que quem sofre frequentemente de dores de cabeça tensionais e enxaqueca tem perda de habilidade cognitiva e física no trabalho, com a capacidade de lembrar, tomar decisões rápidas e fazer trabalho físico árduo sendo as mais prejudicadas.
As dores de cabeça e enxaquecas frequentes atrapalham a execução do trabalhoFonte: Shutterstock
Ao analisar dados de mais de 4 mil pessoas, os pesquisadores observaram que aqueles com mais dificuldade para trabalhar não usavam analgésicos ou os usavam diariamente. Isto indica que o tratamento pode não estar funcionando como imaginado e que as dores também podem ser relativas ao uso excessivo de medicamentos.
“Por outro lado, quando você olha para o grupo que não toma nenhuma medicação, parece indicar que não estão suficientemente medicados. E talvez tenha a ver com o fato de que eles não consideram sua doença séria o suficiente para buscar atenção médica”, diz a pesquisadora Kirsten Nabe-Nielsen.
Para os estudiosos, este seria um dos principais erros quando se trata da cefaleia: subestimá-la. As dores de cabeça constantes podem ter vários motivos, além de consequências graves para a saúde.
“A maioria das pessoas já teve dores de cabeça. Portanto, pode ser difícil entender quão debilitantes enxaquecas e dores de cabeça frequentes podem ser para um colega, amigo ou membro da família. As pessoas ainda têm a noção de que engolir um comprimido será o suficiente”, diz Nielsen.
Como conviver melhor com as dores de cabeça?
Apesar de comuns, as dores não devem ser negligenciadas. Os pesquisadores recomendam que quem sofre de cefaleia consulte um médico e discuta com seu empregador as possibilidades de adaptar o trabalho durante crises, o que pode reduzir as ausências e melhorar a saúde de quem não tem como ir para a casa durante o expediente.
A possibilidade de trabalhar em lugares mais silenciosos, por exemplo, pode ser benéfica, assim como de executar tarefas que não demandem muito cognitivamente ou emocionalmente.
Além disso, os pesquisadores concluem que sintomas depressivos e dores nos músculos e juntas costumam estar associados às dores, e também devem ser tratados para promover melhorias na rotina de trabalho e na qualidade de vida.
ARTIGO International Journal of Industrial Ergonomics: doi.org/10.1016/j.ergon.2021.103250